Três formas de falsidade: a simulação, a mentira e o engano

As diferentes formas de falsidade não apenas estão presentes em todos os seres humanos, mas também fazem parte do comportamento de muitos animais. 
Três formas de falsidade: a simulação, a mentira e o engano
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 18 fevereiro, 2020

Existem diferentes formas de falsidade no comportamento humano, bem como diferentes níveis, inúmeros propósitos, e, portanto, consequências muito diversas. Os seres humanos são mentirosos natos. Podemos dizer que não existe uma única pessoa que tenha sido 100% sincera em todos os momentos da sua vida.

A moral generalizada condena qualquer uma das formas de falsidade. Isso poderia ser um erro, já que, em primeiro lugar, a mentira está imersa em todos os seres humanos. Em segundo lugar, as motivações para recorrer à simulação, à mentira e ao engano podem até ser válidas em determinadas circunstâncias.

O próprio conceito de verdade é muito questionável, já que é difícil estabelecer certezas absolutas na maioria dos âmbitos. Assim, de boa fé, podemos até repetir uma mentira sem sermos conscientes dela, ou acreditar, em nosso interior, que o que estamos dizendo é correto, quando não é. Por tudo isso, vale a pena relativizar o valor moral das diferentes formas de falsidade.

“A mentira mais comum é aquela com a qual um homem engana a si mesmo. Enganar aos demais é um defeito relativamente vão”.
-Friedrich Nietzsche-

Pessoa cruzando os dedos ao mentir

As formas de falsidade e a natureza

Os seres humanos não são os únicos que recorrem a diferentes formas de falsidade nas suas relações. A natureza está cheia de exemplos de comportamentos animais usados para enganar os predadores ou simular comportamentos para alcançar um determinado objetivo. A princípio, as diferentes facetas do engano têm a sobrevivência como finalidade.

Quando um animal fica quieto para passar despercebido diante de seus predadores, está usando uma forma de simulação. O mesmo ocorre quando ele se camufla ou se esconde. O objetivo é enganar aqueles que podem lhe fazer mal.

Algo similar ocorre quando um animal quer ficar com um alimento e espera que o seu adversário se distraia para obtê-lo.

O ser humano começa a mentir desde muito cedo por razões similares. A natureza de qualquer ser vivo é velar por si mesmo primeiro, antes que por qualquer outro.

Assim, a franqueza e a sinceridade são comportamentos aprendidos, mas não têm o mesmo significado em todas as culturas. Algumas promovem estes valores porque eles fazem parte de um pacto de convivência pacífica, enquanto outras lhes dão um significado religioso de pecado.

A simulação

A simulação é uma das formas de falsidade que mais passam despercebidas. Em seu nível mais básico, equivale a “aparentar”. Isso implica algum grau de falseamento da realidade que, às vezes, é impossível de evitar. Simulamos quando nos maquiamos, por exemplo, ou quando usamos perfumes.

Assim como em todas as formas de falsidade, também há diferentes graus de simulação. Ela vai desde o exemplo da maquiagem até o fato de esconder importantes facetas de nós mesmos ou de nossas vidas, podendo chegar a adotar uma identidade falsa.

Os propósitos também variam. Às vezes simulamos para agradar, mas em outras o fazemos como um recurso de sobrevivência. Isso acontece, por exemplo, ao não demonstrar medo diante de um ataque para dissuadir o agressor. Também podemos simular por medo de uma consequência grave ou para tirar proveito dos demais.

A máscara da falsidade

A mentira e o engano

Entre a simulação, a mentira e o engano, há algumas diferenças importantes.

A mentira está mais associada a afirmações verbais. Basicamente, mentimos quando afirmamos deliberadamente algo que sabemos que não é verdade.

O engano engloba um campo mais amplo, já que é possível enganar com palavras, mas também com atitudes ou com a configuração de situações que encobrem ou falseiam a realidade. No engano existe um plano completo, seja este muito básico ou muito elaborado. Nesse caso, também há um processo de conscientização.

Nos seres humanos, a simulação, a mentira e o engano podem alcançar níveis muito sofisticados. O que transforma estas condutas em moralmente reprováveis?

Dois aspectos que estão estreitamente ligados entre si: a motivação e o propósito. A Colômbia realizou uma operação contra a guerrilha, baseada no engano, na simulação e na mentira. Graças a essa operação, conseguiu a libertação de um grupo de sequestrados. Isso é moralmente reprovável?

Na vida pessoal, também é conveniente fazermos estas perguntas. A simulação, a mentira e o engano nem sempre são moralmente reprováveis. A motivação e o propósito são muito importantes na hora de avaliar essas condutas. Seja como for, ganharemos muito se, em vez de rejeitar estes comportamentos sem pensar, os submetermos a uma análise mais imparcial.


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  • Giráldez, S. L. (2005). Simulación, engaño y mentira. Papeles del psicólogo, 26(92), 57-58.


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