Que vá embora tudo o que já era para que possa entrar o que vem de novo

Que vá embora tudo o que já era para que possa entrar o que vem de novo

Última atualização: 27 fevereiro, 2017

É preciso abrir as janelas, tirar definitivamente o marcador dos livros que largamos no meio, e tirar algumas fotos penduradas na parede que já não fazem sentido. Que vá embora tudo o que já era, todo esse passado que você já não reconhece no seu presente.

Procure não fazer mudanças tão pesadas e guardar tudo em frascos menores, que cumpram a mesma função, mas sem ocupar tanto espaço desnecessário a ponto de se tornar incômodo e desconfortável. Que todo o passado que estorva vá embora e você guarde apenas aquilo que vale a pena. Se você não fizer isto, as coisas novas que vêm nunca saberão por onde entrar.

Imagine uma imensidão de flores belíssimas e partículas de ouro em meio a um vendaval procurando abrigo em qualquer recipiente velho. Existem recipientes que estão cheios de coisas tão prejudiciais ou sem serventia que não há lugar para poder abrigar a todas as coisas boas que o vendaval traz, pelo menos para poder abrigar uma parte que vá pouco a pouco iluminando o seu conteúdo. Você não acha que é hora que começar a esvaziá-los?

O passado abriga lembranças, o futuro esperanças

Se você guarda bonitas lembranças do seu passado, pode se considerar uma pessoa de sorte. Guarde todas elas como tesouros preciosos e abra-as somente quando suas forças fraquejarem, para ganhar forças do que você foi um dia e pode voltar a ser. Se as lembranças que você guarda não forem muito boas, se existem muitas zonas escabrosas pelas quais você não quer passar novamente, que ótimo! O melhor para você ainda está para chegar.

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A seguir lemos um relato que amarra e exemplifica de forma clara esta ideia: a verdadeira sabedoria reside em transformar tudo que aprendemos com experiências anteriores ruins em alguma coisa útil e funcional no nosso presente. É bom lembrar que situações extremas de dor colocam à prova a nossa resistência, mas também servem como catalisador para poder ser conscientes das nossas fortalezas.

“Um filho se queixava com a sua mãe sobre a sua vida e sobre como as coisas sempre eram difíceis. Parecia que quando solucionava um problema, logo aparecia outro. Sua mãe o levou à cozinha; ali encheu três panelas com água e as colocou no fogo. Ela também pegou cenouras, ovos e café.

O filho esperou impacientemente, se perguntando o que sua mãe estaria fazendo. Passados vinte minutos, a mãe apagou o fogo. Tirou as cenouras e as colocou em uma tigela. Tirou os ovos e os colocou sobre um prato. Finalmente coou o café e o serviu em uma xícara.

Olhando para o seu filho, disse: O que você vê? Cenouras, ovos e café, foi a sua resposta. Humildemente, o filho perguntou: o que significa tudo isto, mãe? É química, ela explicou: os três elementos passaram pela mesma adversidade: água fervente, mas reagiram de formas diferentes em função das suas características. As cenouras ficaram macias, o interior dos ovos ficou endurecido e além disso se formou uma casca ao seu redor. O café, contudo, ao chegar no seu ponto de ebulição foi capaz de desprender o seu melhor aroma.”

Algumas pessoas que passaram por doenças graves ou traumas importantes na sua vida se esqueceram de toda a dor e guardaram o melhor: a resiliência. Essa capacidade de renascer que os torna fortes e flexíveis ao mesmo tempo. Sabem relativizar os novos problemas e transformá-los em possibilidades. Sabem que um dia puderam e são conscientes de que poderão mais uma vez.

O que foi embora nunca deve ser um fardo

Não é bom carregar uma mochila sem fundo, cheia de culpas e tropeços do passado. É preciso dar um tempo breve de reflexão para o mal-estar e a dor, mas também para o aprendizado. É preciso abrir todo o espaço que seja necessário para o resto das nossas vidas. Essa é a diferença do passado que entristece e o passado que transforma. As águas calmas nunca fizeram um bom marinheiro.

“Os homens e povos em decadência vivem se lembrando de onde vieram; os homens geniais e os povos fortes só precisam saber para onde vão.”
-José Ingenieros-

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Você não precisa dar mais nenhuma explicação ao passado, só precisa responder diante da responsabilidade que o seu ensinamento projetou no seu futuro. Isto serve para amizades, amores, trabalho, hábitos ou passatempos. Muitos psicólogos se interessam pela história passada de um paciente, não porque esta seja relevante ou porque condicione o que acontece agora, mas sim para compreender se uma pessoa está fazendo tudo o que faz no presente como uma defesa diante da dor que carrega.

No dia 21 de outubro de 1829 Thomas Edison ligou sua primeira lâmpada e ela ficou acessa mais de 48 horas, sem dúvida uma grande diferença em relação às tentativas anteriores. Um dado curioso é que o filamento dessa lâmpada não era metálico, mas sim de bambu carbonatado.

A partir dai, Edison continuou trabalhando em inúmeros testes até que conseguiu uma lâmpada que poderia oferecer até 1.500 horas de luz sem derreter. Você não acha que esta é uma metáfora perfeita para entender o ponto no qual você se encontra atualmente?

Talvez você também tenha nas suas costas inúmeras tentativas frustradas para poder acender a luz que existe em você. Se você continuar tentando acender a luz, enquanto está empenhado em reproduzir alguma coisa que a apaga, mesmo a sua melhor tentativa não irá funcionar.

No entanto, se pelo contrário, você sabe todas as fórmulas que já usou no passado e que não funcionam, é hora de deixá-las partir. Pare de usá-las, abra a porta para que possam ir embora completamente, e enquanto isso acontecer, um vendaval de coisas novas entrará nesse espaço que você deixou vazio e receptivo. Algumas coisas vêm da escuridão, mas raramente brilham nela.


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