Tipos de validade em pesquisas: validade de conteúdo
Em termos estatísticos, a validade é definida como a proporção da variância verdadeira que é relevante para os propósitos do teste. Com o termo ‘relevante’, entendemos o que é atribuível à variável, às características medidas pela pesquisa (1). Você sabia que existem vários tipos de validade? A seguir, falaremos especificamente sobre a validade de conteúdo.
A validade de um teste costuma ser definida por:
- A relação entre as suas pontuações com alguma medida de critérios externos ou;
- A extensão em que um teste mede uma característica subjacente hipotética ou “construto”.
A validade em termos psicométricos
Em termos psicométricos, validade é um conceito que passou por um longo processo evolutivo. No início, Muñiz (1996) adotou a validade com uma posição específica. Ele sustentava que “um teste é válido para aquilo com o que ele se correlaciona”.
Agora, a validade é entendida como um julgamento avaliativo global. Nesse julgamento, evidências empíricas e suposições teóricas apoiam a suficiência e adequação das interpretações não apenas dos itens, mas também da maneira como as pessoas respondem, bem como o contexto da avaliação.
Portanto, o que é validado não é o teste. O que é validado especificamente são as inferências feitas a partir dele. Isso tem duas consequências:
- A pessoa responsável pela validade de um teste não é mais apenas seu construtor, mas também o usuário.
- A validade de um teste não é estabelecida de uma vez por todas. É o resultado do acúmulo de evidências e premissas teóricas que ocorrem em um processo evolutivo e contínuo. Isso inclui todas as questões experimentais, estatísticas e filosóficas por meio das quais hipóteses e teorias científicas são avaliadas (3).
Nesse contexto, o conceito de validade se refere à adequação, significado e utilidade das inferências específicas feitas com os resultados dos testes. A validação de um teste é o processo de acumular evidências para apoiar essas inferências. Assim, a validade é um processo unitário. Embora a evidência possa ser acumulada de várias maneiras, a validade sempre se refere ao grau em que essa evidência suporta as inferências feitas a partir das pontuações (4).
Tipos de evidência
Em 1954, um comitê presidido por LJ Cronbach estabeleceu, a pedido da Associação de Psicologia Americana (APA), que a validade tinha quatro tipos. Estes são:
- Validade de conteúdo.
- Validade preditiva.
- Validade concorrente.
- Validade de construto.
Atualmente, concorda-se, do ponto de vista científico, que a única validade admissível é a validade de construto (Messick, 1995).
Validade e seus aspectos
No estudo da validade, as evidências estão relacionadas a cinco aspectos:
- Conteúdo (a relevância e a representatividade do teste).
- Substantivo (as razões teóricas para a consistência observada das respostas).
- Estrutural (configuração interna do teste e dimensionalidade).
- Generalização (o grau em que as inferências feitas no teste podem ser generalizadas para outras populações, situações ou tarefas).
- Externo (relações do teste com outros testes e construtos).
- Consequência (consequências éticas e sociais do teste) (3).
Assim, dentro dessa validade, podemos entender outros tipos de validade ou estratégias. Como mencionado anteriormente, são a validade de conteúdo, validade preditiva, validade concorrente e validade de construto.
Tipos de validade: validade de conteúdo
Nesse tipo de validade, a seguinte pergunta é respondida: os itens que compõem o teste são realmente uma amostra representativa do domínio do conteúdo ou do domínio comportamental que nos interessa?
Para que consigamos entender, um domínio ou campo comportamental é um agrupamento hipotético de todos os itens possíveis que cobrem uma área psicológica específica. Por exemplo, um teste de vocabulário deve ser uma amostra adequada do possível domínio de itens nessa área.
Nesse sentido, a validade de conteúdo é uma “medida” da adequação da amostragem. A “medida” é colocada entre aspas porque esse tipo de validade consiste em uma série de estimativas ou opiniões. Essas estimativas não fornecem um índice quantitativo de validade. (1)
Este tipo de validade está associado principalmente a testes de desempenho (teste de matemática, história…). Para sua determinação, as perguntas do teste são comparadas sistematicamente com o domínio comportamental do conteúdo postulado.
Por exemplo, temos uma lista de 500 palavras que esperamos que os alunos de um curso possam escrever corretamente. Portanto, o desempenho em relação a essas palavras será exclusivamente importante para testar a capacidade do aluno de escrever corretamente as 500 palavras. No entanto, o teste só terá validade de conteúdo à medida que for fornecida uma amostra adequada das 500 palavras que ele representa. (1)
Se selecionarmos apenas palavras fáceis ou difíceis, ou palavras que representem apenas certos tipos de erros de ortografia, provavelmente obteremos uma validade de conteúdo muito baixa.
Conclusão: qual é a utilidade da validade de conteúdo?
O principal aspecto da validade de conteúdo é a amostragem dos itens. Em outras palavras, a validade de conteúdo é capaz de determinar se a amostra dos seus itens é representativa do universo ou domínio comportamental do item que supostamente representa (1).
Portanto, a validade de conteúdo é o tipo de validade vinculada ao próprio teste e ao que ele pretende medir. Por exemplo, nos permitirá saber se a amostra dos itens do teste é representativa do domínio em matemática que queremos avaliar. É, portanto, um conceito importante tanto em estatística quanto no uso de testes psicológicos ou de desempenho.
Como conclusão, o estudo da validade é uma análise de um teste métrico; no nosso caso, uma vez que estamos falando de psicologia, psicométrico, cujas conclusões se referem ao grau em que o referido teste mede o que queremos que seja medido. Logicamente, quanto mais validade um teste tiver, na ausência de outras análises – como a de confiabilidade -, melhor será.
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Tovar, J. A. (2007). Psicometría: tests psicométricos, confiabilidad y validez. Psicología: Tópicos de actualidad, 85-108.
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Muñiz, J. (Ed.). (1996). Psicometría.
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Messick, S. (1995). Standards of validity and the validity of standards in performance asessment. Educational measurement: Issues and practice, 14(4), 5-8.
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Gómez Benito, J., & Hidalgo, M. La validez en los tests, escalas y cuestionarios. La sociología en los escenarios 8 (revista electrónica). Centro de Estudios de Opinión 2002.(Consulta febrero 2011).