Como é o verdadeiro amor?

O verdadeiro amor não é mágico. É conexão e investimento pessoal, é compromisso e autêntico respeito pelo outro. É onde se pode ser capaz de assumir um projeto comum, respeitando o crescimento individual de cada um.
Como é o verdadeiro amor?
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

O amor verdadeiro existe? Se tivéssemos que defini-lo, diríamos que é mais do que apenas um sentimento. É uma sutil combinação, na qual a causalidade encontra a conexão e brilha com a cumplicidade. Ao mesmo tempo, surgem elementos tão poderosos quanto a reciprocidade, o cuidado, a atenção e o firme compromisso de empreender um projeto em comum, respeitando o crescimento individual.

Francisco de Quevedo dizia que Os que de coração se querem, com o coração se falam. Contudo, como bem sabemos, embora os afetos sejam sinceros, muitas vezes não sabemos falar (nos comunicar) da maneira mais eficaz. A paixão pode ser imensa, mas às vezes uma série de elementos falha e o amor, longe de ser duradouro, permanece pouco mais que uma aventura efêmera.

Qual é o segredo, então? Na realidade, no que diz respeito às questões afetivas, o sucesso não reside em “amar muito um ao outro”. Muito menos em fazer todos os sacrifícios possíveis pela pessoa amada.

A fórmula não é amar muito, e sim amar a si mesmo. Como disse Erich Fromm, fazer do amor uma arte onde se entende que amar alguém não é um ato passivo, e sim uma dedicação constante e um trabalho diário.

Ao mesmo tempo, há algo que a maioria de nós deve admitir. Cada vez que o nosso destino se cruzou com o de uma pessoa especial, singular e quase mágica diante dos nossos olhos, será que nos perguntamos se seria ele ou ela o último ou a última? Será que finalmente encontrei meu verdadeiro amor?  Especialistas no assunto, como Helen Fisher, nos dão as respostas para entender se estamos no caminho certo. Vamos ver a seguir.

“O amor não é essencialmente um relacionamento com uma pessoa específica. É uma atitude, uma orientação do caráter que determina o tipo de relação de uma pessoa com o mundo como um todo, não com um objeto amoroso”.
-Erich Fromm-

O verdadeiro amor existe?

Componentes do amor verdadeiro

Nada é verdadeiro até nós mesmos outorgarmos autenticidade. No âmbito do amor, isso se traduz em algo muito simples: lutar por aquilo que realmente vale a pena, dar valor ao que acende nosso coração. Especialistas no assunto, como Richard Schwartz, professor de psiquiatria da Escola de Medicina de Harvard, dizem, em primeiro lugar, que é uma questão de saber enfrentar os desafios que surgem a todo momento durante um relacionamento.

O amor, assim como a Lua, tem suas fases. O comprometimento em cada uma dessas etapas vai fazer com que esse vínculo se torne mais autêntico a cada dia. Porque, de alguma forma, ao ver como ambos juntamos esforços, cuidados e compromissos de forma igualitária, a união se fortalece e tudo parece mais significativo a cada dia. Portanto, é esse empenho diário que torna o nosso tecido relacional cada vez mais real, brilhante e resistente.

Por outro lado, para entender melhor o que costuma caracterizar esse tipo de vínculo afetivo, nunca é demais conhecer os seus componentes.

É mais do que a paixão

O amor verdadeiro é mais do que o sentimento  e a paixão orquestrados por uma série de neurotransmissores. No início, possui alguns elementos particulares:

  • A surpresa, a intriga, a desorientação … De repente encontramos alguém que nos atrai por muitos outros aspectos além da mera aparência. Há uma conexão inicial que rompe todos os padrões que tínhamos vivido até agora. Essa cumplicidade quase imediata nos atrai e nos preocupa.
  • Estudos como os da antropóloga Helen Fisher nos mostram algo interessante. Os casais que mantêm relacionamentos estáveis ​​não experimentam apenas atração sexual. Em seu cérebro, também se iluminam ao mesmo tempo as áreas da empatia, do cuidado e da motivação.
Casal junto no campo

Um estado de espírito duradouro

O amor verdadeiro também é um estado mental e emocional capaz de durar no tempo. Isso significa, por exemplo, que a preocupação com o outro está sempre presente. Também há a necessidade de promover seu bem-estar, de aliviar seus sofrimentos, de se interessar pelas suas preocupações, de ser cúmplices (e não controladores) daquele dia a dia em que se está presente nas pequenas e grandes coisas.

A ideia da atemporalidade

A atemporalidade significa que, em um relacionamento estável e feliz, o passado não importa e o futuro não preocupa. As pessoas que são capazes de construir um amor verdadeiro não se sentem cativas dos seus erros do passado, muito menos dos seus relacionamentos do passado. Elas se limitam a apreciar o presente com intensidade, sabedoria e coragem.

Elas veem o parceiro presente como aquele ponto cardeal onde focar cada sonho, cada esforço, compromisso e esperança. O que aconteceu ontem não existe. Os medos do futuro e em relação ao que pode acontecer com esse relacionamento presente também não importam. Porque não existem medos, apenas a convicção de que é desejado, cuidado e desfrutado aqui e agora.

Casal apaixonado

A sinergia do verdadeiro amor

A sinergia é convergir em um mesmo ideal e projeto. É investir esperanças, compromissos e vontades não apenas em uma mesma direção, mas em múltiplas direções ao mesmo tempo. É ser um parceiro de dança que desliza com ritmo e harmonia criando novos movimentos para superar mil e uma dificuldades juntos.

Os casais que são sinérgicos crescem em todos os âmbitos da vida. Porque juntos são mais do que a soma de suas partes individuais, juntos criam uma presença solvente e eficaz onde podem se apoiar, onde nunca se deixam cair, seguindo em frente para onde quiserem, sempre se sentindo seguros, sempre amados.

Para concluir, o amor verdadeiro existe, não há dúvida. Às vezes, mesmo sabendo que é o amor verdadeiro, ele escapa das nossas mãos por diversos motivos.  Seja como for, o mais importante é se permitir experimentar essa sensação quantas vezes forem necessárias. Quando isso acontecer, não devemos duvidar: é necessário fazer todo o possível para que dure, para que não escape e para, assim, sermos bailarinos eternos no caminho dos relacionamentos felizes.


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  • Aron, A., Norman, C. C., Aron, E. N., McKenna, C., & Heyman, R. (2000). Couples shared participation in novel and arousing activities and experienced relationship quality. Journal of Personality and Social Psychology, 78, 273-283

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