Virginia Satir e a terapia familiar

Virginia Satir e a terapia familiar
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 29 julho, 2019

Virginia Satir foi uma terapeuta norte-americana que revolucionou a terapia familiar. De fato, hoje ela é considerada uma das figuras mais importantes na história da terapia sistêmica.

Foi a criadora do “modelo de processo de mudança de Virgina Satir”, que ainda é empregado nos dias de hoje, tanto no âmbito da atenção às famílias quanto no plano organizacional.

Essa grande terapeuta foi cofundadora do famoso Mental Research Institute em Palo Alto, na Califórnia, Estados Unidos. Ele se transformou na Meca da terapia familiar nos Estados Unidos. Boa parte das contribuições do século XX neste campo nasceram e cresceram neste célebre instituto.

É evidente que Virginia Satir teve uma forte influência da psicologia humanista. Por essa razão, em seus postulados há uma forte presença dos conceitos de autoestima, valores e autotranscendência. Ela, no entanto, conseguiu instrumentalizar estes conceitos em uma prática terapêutica específica.

Acredito que o maior presente que pude receber dos outros é ser vista por eles, ouvida por eles, entendida e tocada por eles”.
– Virginia Satir-

Os primeiros anos de Virginia Satir

Virginia Satir nasceu em Neillsville, um pequeno povoado de Wisconsin, nos Estados Unidos. Era a mais velha de quatro irmãos. Era uma menina curiosa e atenta que aprendeu a ler com conta própria quando tinha 3 anos de idade. Aos 9 anos já tinha devorado todos os livros da pequena biblioteca de sua escola.

Durante sua infância, viveu uma experiência que a marcaria para sempre. Quando tinha 5 anos de idade, teve apendicite. Sua mãe se recusou a levá-la ao hospital por suas crenças religiosas. Devido a isso, Virginia esteve a ponto de morrer. O pai finalmente se impôs e ela foi atendida de emergência. Passou mais de três meses no hospital.

Desde então, se transformou em uma grande observadora da vida familiar, talvez por esse desentendimento entre seus pais que tinha colocado a sua vida em risco. Mais adiante, a família se mudou para Milwaukee, onde Virginia começou o ensino médio.

Veio, então, a Grande Depressão e ela teve que trabalhar como babá para ajudar sua família e poder se formar na escola de professores, na qual ingressou ao terminar o ensino médio.

Mão de criança pequena em janela

O modelo de crescimento

Virginia Satir fez um curso de pedagogia e se destacou como docente em todos os lugares nos quais trabalhou. Mais tarde, se formou como assistente social, se transformando em uma espécie de professora itinerante.

Iniciou a prática como terapeuta em 1950, em 1951 teve como paciente sua primeira família e, em 1955, se vinculou ao Instituto Psiquiátrico de Illinois.

Sua formação e sua prática lhe permitiram dar forma a um modelo de crescimento que perseguia quatro objetivos:

  • Aumentar a autoestima;
  • Potencializar a tomada de decisões;
  • Adotar uma personalidade responsável;
  • Alcançar a autoconsciência.

Estes objetivos do modelo de crescimento eram os mesmos aos quais as famílias que a consultavam aspiravam. Virginia Satir pensava que se cada um dos membros da família alcançasse estes propósitos, a família se fortaleceria e seria capaz de resolver seus conflitos.

A terapia familiar

Virginia Satir foi dando forma à terapia sistêmica aplicada à família e também se transformou em uma figura de grande relevância com a publicação de inúmeros livros. Resumiu seu foco em uma frase que repetia com frequência: “Tornar-se mais plenamente humano”.

Terapia familiar

A terapia familiar de Virginia Satir é guiada por cinco princípios terapêuticos fundamentais. Estes são:

  • Metodologia experiencial. Busca a plena percepção da vivência pessoal e a reexperimentação de vivências significativas do passado. Para isso, recorre à memória corporal.
  • Caráter sistêmico. Tem a ver com a interação entre os membros da família, entre outros contextos interpessoais, entre o passado e o presente, e entre o organismo e o meio.
  • Direcionalidade positiva. O psicoterapeuta deve ajudar os pacientes a desenvolver um enfoque positivo. O caminho é gerar um novo marco interpretativo para as experiências e um fortalecimento dos recursos pessoais.
  • Focalização na mudança. A transformação deve ser pessoal e interpessoal. As perguntas de autorreflexão profunda são muito úteis no propósito de se conhecer para se transformar.
  • Autoconsciência do terapeuta. O terapeuta deve ter consciência consigo mesmo e com o seu trabalho. O cliente sempre detecta se há uma coerência em seu terapeuta ou não.

Há diversos livros de Virginia Satir que se transformaram em verdadeiros clássicos. Entre eles, ‘Terapia familiar passo a passo’  e ‘O contato íntimo: como se relacionar consigo mesmo’.

Com o tempo, a psicologia organizacional foi tomando para si muitos de seus pensamentos. Esta prolífica terapeuta faleceu no dia 10 de setembro de 1988 na Califórnia, Estados Unidos.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.