A vitamina D e o humor

Você acha que é um mito que os dias nublados afetam o seu humor? Alguém já disse que você era exagerado por dizer que o inverno te deixa pra baixo? Você não está sozinho! Continue lendo para descobrir por que isso acontece.
A vitamina D e o humor

Última atualização: 23 setembro, 2020

Você já sentiu que no inverno e no outono seu humor fica mais “para baixo”? Ou que em dias de chuva você fica mais abatido? Estamos falando de uma sensação que aparece com frequência. Esse efeito no humor ocorre por causa da diminuição dos níveis de vitamina D, devido à redução da exposição ao sol. Passamos menos horas na rua, e as horas de sol também diminuem.

Mas será que a falta de sol pode realmente causar uma alteração tão clara no humor? De fato, a vitamina D tem um papel importante como regulador dos neurotransmissores relacionados ao humor.

Neste artigo, vamos aprender mais sobre essa vitamina, os efeitos da falta dela e o que podemos fazer para manter seus níveis ideais na corrente sanguínea.

A vitamina D e o sol

O que sabemos sobre a vitamina D?

As vitaminas são substâncias que permitem que o corpo funcione normalmente. No caso específico da vitamina D, sua principal função é regular os níveis de cálcio e fosfato. É essencial para a formação do esqueleto.

Níveis baixos podem causar raquitismo em crianças e osteomalacia em adultos. Outra de suas funções é modular o sistema imunológico, favorecendo a transformação de monócitos em macrófagos.

Essa vitamina pode ser obtida de três maneiras:

  • Através da alimentação: fígado de bacalhau e peixes oleosos como atum, salmão, cavalinha e sardinha contêm quantidades significativas dessa vitamina. Em menor medida, fígado bovino e gema de ovo, além dos cogumelos silvestres, também a oferecem.
  • Por meio da ingestão de suplementos.
  • Através da síntese cutânea devido à exposição aos raios UVB da luz solar, que é de onde vem a maior parte da vitamina D em humanos.

Qual é o papel da vitamina D no humor?

Foram encontradas evidências de que a vitamina D regula uma enzima que transforma o triptofano em serotonina. A serotonina é importante por causa do seu papel na regulação do humor (melhoria do humor, redução da agressividade e da impulsividade…), e no desenvolvimento do cérebro do bebê durante a gravidez.

Além disso, uma clara correlação foi observada entre a deficiência de vitamina D e o transtorno afetivo sazonal, que é verificada em 10% da população, de acordo com as pesquisas. Isso explicaria o efeito benéfico da fototerapia em pacientes com transtorno afetivo sazonal.

Tudo leva a crer que a deficiência pode estar associada a uma maior frequência de sintomas depressivos e de ansiedade, sem que se tenha conseguido estabelecer uma relação causal.

É realmente muito difícil saber se a deficiência de vitamina D é a causa da depressão ou se a depressão é a causa da deficiência de vitamina D. Essa dificuldade se deve à redução da exposição aos raios ultravioleta e à falta de preocupação com uma alimentação adequada. Então, por enquanto, foi constatada apenas a coexistência de ambas as circunstâncias. Portanto, não há estudos que corroborem ​​a eficácia dos suplementos vitamínicos na redução dos sintomas depressivos.

Além dos sintomas afetivos, a deficiência dessa vitamina pode estar relacionada ao aparecimento de outros problemas de saúde mental. Quais são eles?

Doença de Alzheimer

Sabemos que a origem de uma doença tão cruel ainda é desconhecida, e uma origem multicausal é a mais defendida. No entanto, as pesquisas mostraram que o risco de apresentar Alzheimer é maior em pessoas com deficiência de vitamina D.

Autismo

Estamos diante de outro transtorno de origem multicausal, sem uma causa única conhecida. No entanto, devido ao papel da vitamina D e da serotonina no desenvolvimento do cérebro, uma deficiência dessa vitamina poderia influenciar o desenvolvimento do transtorno do espectro do autismo (TEA).

Foram encontradas evidências de que o risco de desenvolver TEA poderia ser reduzido se mulheres grávidas recebessem suplementos de vitamina D.

Psicose

Um estudo realizado no Reino Unido mostrou que os participantes que tinham um primeiro surto psicótico apresentavam níveis de vitamina D significativamente mais baixos do que os participantes saudáveis.

Outra pesquisa realizada na Finlândia concluiu que homens jovens que tomaram essa vitamina como suplemento à dieta apresentaram um risco três vezes menor de desenvolver psicose do que aqueles que não tomaram suplementos.

Vitamina D

Vamos sair ao sol (e manter uma alimentação saudável)

Embora esteja claro que atualmente não é possível determinar se a deficiência de vitamina D é a causa dos transtornos mentais que vimos acima, os efeitos benéficos da exposição à luz solar sobre o humor são bem conhecidos.

Portanto, podemos e devemos (na medida do possível) favorecer a produção de vitamina D ao realizar atividades ao ar livre, inclusive no inverno (mesmo que as roupas possam limitar parcialmente a incidência dos raios solares).

Isso é especialmente importante para os idosos, que costumam passar mais tempo em ambientes fechados, dentro de casa. A vitamina D é importante para – além do que já foi mencionado – a preservação da massa óssea. Por isso, devemos promover a exposição dos idosos aos raios ultravioleta, com moderação e cautela.

É importante ficar de olho na dieta, principalmente nos meses em que a exposição ao sol é mais complicada. Coma alimentos ricos em vitamina D e, em caso de deficiência, pergunte ao seu médico se é necessário tomar algum suplemento.


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