Vivemos presos ao conhecido?

Vivemos presos ao conhecido?
Adriana Díez

Escrito e verificado por a psicóloga Adriana Díez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Todos nós podemos nos sentir atraídos pelo desconhecido, querer aprender e descobrir coisas novas, por exemplo. No entanto, quantas vezes nós deixamos de lado nossas rotinas ou nossa zona de conforto para começar novas formas de fazer as coisas? Nós ficamos presos ao conhecido ou nos atrevemos a nos lançar à adversidade?

Na universidade de St. Andrews, Victoria Horner realizou um experimento no qual ensinava um grupo de crianças como elas podiam conseguir uma recompensa a partir de uma caixa, realizando três ações diferentes: abrir a trava da caixa com um bastão, introduzir o bastão pelo orifício que existia na caixa e bater várias vezes ou, por último, acessar uma abertura que existia na caixa e conseguir o prêmio.

Como a caixa era opaca, nenhuma das crianças podia ver qual ação seria a correta para obter o prêmio, somente por meio de tentativas e erros. O que aconteceu depois? Os pesquisadores mudaram a caixa e, nesse caso, os participantes podiam ver como ela era por dentro: se tinha uma trava, uma abertura ou se tinham que bater na caixa.

Este experimento foi realizado primeiramente com crianças e depois com chimpanzés. Na segunda parte do teste, as crianças continuavam realizando as mesmas ações mesmo sabendo que não tinham lógica, mas como tinham aprendido anteriormente estas três opções, apenas as repetiam. No caso dos chimpanzés, quando eles tiveram a oportunidade de observar como a caixa era, conseguiam obter a recompensa na primeira tentativa.

Experimento com chimpanzés

A segurança de continuar presos ao conhecido

Nossos padrões de comportamento se guiam pelo que já é conhecido. Assim, diante de situações novas nosso cérebro está predeterminado a gerar opções de solução a partir do que já sabemos fazer ou do que fizemos no passado, especialmente se as consequências tiverem sido boas.

Quando encontramos uma nova informação, o cérebro se pergunta: onde eu já vi isso antes?  E se baseia nas experiências passadas para armazenar os novos dados. Estas execuções do nosso sistema nos tornam mais rápidos, tanto na hora de tomar decisões quanto ao armazenar novos conteúdos em nossa memória. Mas, o que acontece se ficarmos presos ao conhecido? Como podemos sair desse círculo vicioso?

Encontramos segurança em tudo aquilo que repetimos e no que nos sentimos cômodos fazendo, porque já sabemos como funciona, mas há muito mais por trás disso. Há um mundo inteiro de possibilidades, e está em nossas mãos nos desfazer dos padrões já conhecidos e passar a experimentar novas formas de agir.

Algo simples que pode nos levar para longe do conhecido

Qual pode ser um bom primeiro passo para sair deste círculo vicioso e se libertar das correntes que nos mantêm presos ao conhecido? Tentar fazer coisas novas é muito fácil; estas são algumas estratégias:

  • Teste novos caminhos para ir ao trabalho ou para voltar para casa;
  • Converse com pessoas desconhecidas como, por exemplo, o padeiro, o motorista do ônibus que você pega, alguém que está na mesma fila que você, etc.;
  • Faça as coisas de uma forma diferente, por exemplo, use a mão não dominante para fazer atividades simples, como escovar os dentes;
  • Tente fazer atividades que te tirem da sua zona de conforto, como dançar, cantar, fazer esportes alternativos, receitas de outros países, etc.

Tudo isso pode nos ajudar a nos reconciliar com o novo. Nos dá a oportunidade de conhecer pontos de vista diferentes e de descobrir a nós mesmos sem ficarmos presos ao conhecido. Existe um mundo de possibilidades por trás da sua zona de conforto, e ampliá-la traz consigo objetivos e oportunidades de crescer.

Somos mais do que conhecemos de nós mesmos. Somos mais do que repetir o que já sabemos fazer. Somos seres com vontade de crescer e melhorar e podemos fazer isso diariamente. Estabeleça o objetivo de realizar alguma atividade nova que, talvez, o medo tenha feito você parar… bem-vindo ao mundo do novo!


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.