Você é escravo de si mesmo?

Você é escravo de si mesmo?

Última atualização: 15 fevereiro, 2017

Estamos sempre repetindo que somos livres, fazemos o que queremos, vamos para onde queremos ir, e assim por diante. Afinal, vivemos em outros tempos onde exercitamos os nossos direitos de escolhas, o tal direito de ir e vir. Esta realidade pode não existir para todos, mas é verdadeira para a maioria. Se posso, vou fazer ou ter o que desejo, e tudo está certo.

Mas, até onde essa liberdade de escolha não te torna um escravo(a)? Até que ponto ela não te faz acreditar que é preciso ter ou fazer para ser, e te leva a mais um modelo de sucesso e felicidade fabricada? Atropelamo-nos diariamente, exigindo mil ações, como se fôssemos robôs programados para provar que somos capazes, não para nós, mas para os modelos que nos intimam a ser.

escravos de um modelo

Nos entupimos de coisas para usar, comprar, que nem sabemos por que fazemos, não importando se excede o orçamento, mas fazemos. Depois mergulhamos em um mar de angústias para sanar problemas que não precisavam existir. Sem perceber, nos tornamos escravos das nossas próprias ações, por vezes impensadas.

Impomo-nos escravidões de medos, de consumos desmedidos, de perfeições, do nosso ego, de servilismo às idéias que não são nossas, e assim nos chicoteamos com cobranças, sentimentos de incapacidades, culpas e frustrações. Se não tivermos o domínio sobre nós, de agir e pensar dentro do que nos traz equilíbrio, não nos deixando levar pelas cobranças e aparências, estamos nos enganando com o “sou livre” e nos tornando escravos de nós mesmos.

escravos do sistema

E como presente geramos em nossa mente a ansiedade e depressão, nos deixando escravizar por coisas que não trazem a satisfação que queríamos. Então, a escravidão não vai estar fora, e sim dentro de nós com pensamentos e sentimentos distantes do que nos faz bem de fato.

Hannah Arendt, filósofa alemã, em trecho do livro ‘Condição Humana’ diz:

“A suposição de que a identidade de uma pessoa transcende em grandeza e importância tudo o que ela possa fazer ou produzir é um elemento indispensável da dignidade humana. Caso lhe reste algo mais que mera vaidade estulta, notará que ser escravo e prisioneiro de si mesmo é tão ou mais amargo e humilhante do que ser escravo de outrem.”


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