Você sabe o que é a síndrome do especialista e como evitá-la?

Você sabe o que é a síndrome do especialista e como evitá-la?
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 08 abril, 2022

Paula diz a Sofia que o seu relacionamento com o parceiro está se deteriorando cada vez mais, que ela não se sente contente com o seu trabalho e que a sua família exige mais atenção do que ela pode dar. Sofia concorda com a cabeça sem parar enquanto observa algumas crianças brincando no parque e responde: “Paula, às vezes a vida não é como esperamos; você tem que ser forte e não deve ficar amargurada. Quando eu estava mal, eu saía de casa para passear no parque. E olhe para mim agora, estou tão feliz com tudo…”

Você acha que as palavras de Sofia vão ajudar Paula a se sentir melhor?

Provavelmente não. Muitas vezes cometemos o erro de dar a nossa opinião sobre algo quando a outra pessoa, na verdade, só precisa ser ouvida. Zenão de Eleia dizia que “se a natureza nos deu dois olhos, dois ouvidos e uma só boca, é para vermos e ouvirmos o dobro do que falamos”. Talvez em algum momento já ouvimos esse tipo de conselho ou até mesmo demos um conselho assim para alguém. Serão que isso é algo adequado ou útil? Às vezes, esses conselhos podem até mesmo ser irritantes e ofensivos.

Essa tendência a dar sermão é o que chamamos de “síndrome do especialista”. Obviamente, não se trata de algo patológico, mas sim de uma forma de denominar esse comportamento comum. Muitas vezes, tendemos a explicar sobre remédios infalíveis e a elaborar reflexões transcendentais que nos ajudaram a superar as adversidades em um determinado momento. O normal é que, através desse comportamento, queiramos fazer o bem ao outro. No entanto, há pessoas que se comportam dessa forma para tirar “o problema da frente”, para ficar por cima ou para exaltar a sua capacidade para resolver os próprios problemas. De qualquer forma, podemos nos reeducar quanto a esse mau hábito para nos comunicarmos de forma mais eficaz.

Ouvir com paciência é a melhor forma de caridade que se pode dar. Para isso, precisamos estar atentos aos erros que geralmente cometemos ao escutar:

-Evite a ansiedade e espere pacientemente até que a outra pessoa termine de expor os problemas dela.

-Elimine a tendência de julgar a vida dos outros a partir da sua perspectiva. Além disso, não conte a sua história quando o outro precisa falar.

-Não é apropriado interromper a fala da outra pessoa, mas você pode (e é até mesmo aconselhável) expressar algum tipo de incentivo para que a outra pessoa continue falando (por exemplo: entendi, sei, você tem razão )

Não se distraia. No exemplo inicial, Sofia estava distraída e olhava para as crianças no parque enquanto Paula falava. Isso transmite à outra pessoa uma falta de interesse.

-Não responda superficialmente. Às vezes, precisamos apenas ser ouvidos e compreendidos; não estamos buscando conselhos, mas sim uma oportunidade para desabafar. Assim, é um erro oferecer ajuda ou soluções prematuras.

Não discuta. Há pessoas que, enquanto falamos com elas, estão constantemente tentando rebater o que dizemos. A intenção pode até mesmo ser boa, mas isso dificulta a comunicação. Assim, se em algum momento você se sentir tentado a agir dessa forma, evite. (Por exemplo, elimine perguntas como: e por que não?)

Permita a expressão de emoções como, por exemplo, chorar ou ficar em silêncio e não se deixe levar pela ansiedade de controlar essas emoções. Isso é natural e transmite confiança e conexão.

-Obviamente, a conversa não termina quando a outra pessoa termina de falar. É bom resumir o que foi dito, enfatizando o mais importante para transmitir que entendemos o que foi contado.

A comunicação não verbal é essencial: mantenha o seu corpo e o seu olhar voltados para a pessoa com quem você está falando e demonstre por meio dos seus gestos que você está disposto a ouvi-la e que está interessado no que ela está dizendo.

A escuta ativa é uma habilidade que pode ser aprendida e ensinada. Escutar de forma ativa implica prestar atenção ao que a outra pessoa diz e ter empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar dela.

A seguir, deixamos o link de um vídeo ilustrativo sobre como é importante ouvir os outros com todos os nossos sentidos :

Imagem cortesia de Krasnaja Sapocka


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.