Você é solitário? O seu cérebro é especial

Você é solitário? O seu cérebro é especial

Última atualização: 19 junho, 2016

Uma pesquisa revela que as pessoas que preferem estar sozinhas veem as coisas de outra forma e têm o poder de decisão ou de análise diferente dos outros. Por outro lado, os solitários apresentam uma menor atividade na zona do cérebro relacionada ao sistema de recompensas. Ainda não se sabe o que acontece primeiro: se o isolamento ou a mudança na ativação.

Um indivíduo solitário pode ser assim por decisão própria ou por culpa dos outros. Isto é, alguém pode dizer que se sente melhor se passa a maioria do tempo longe da companhia dos outros, ou pode ser que apesar de não querer isto, não encontre com quem passar as suas horas. Seja de uma forma ou de outra, o cérebro das pessoas solitárias tem uma influência relevante.

As recompensas e o cérebro solitário

Segundo um artigo do Journal of Cognitive Neuroscience, a região do cérebro chamada de “corpo estriado” tem menos atividade nas pessoas que são solitárias. Esta área está associada a certas recompensas cotidianas, como por exemplo o dinheiro e a comida.

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Para chegar a esta conclusão foram agrupadas 23 estudantes universitárias, às quais foi aplicada uma série de perguntas para descobrir em que grau se sentiam isoladas socialmente, em que nível eram pessoas solitárias e em que nível desfrutavam e procuravam o contato social.

Depois foram escaneados os seus cérebros enquanto olhavam fotografias de pessoas felizes. Dessa forma, descobriram que naquelas alunas que não tinham uma vida social intensa a área de “recompensa” ficou menos iluminada, sinal de menor ativação.

Como a amostra deste estudo era pequena e muito restrita quanto à variedade de certos parâmetros, como a idade, dedicação e sexo, os autores pediram nas conclusões da própria pesquisa que estas fossem interpretadas com a prudência que o erro do estudo determinava.

Os cientistas encarregados da experiência trabalharam as seguintes hipóteses: em uma pessoa solitária, ao depender menos da sociedade, as recompensas relacionadas a este contexto não despertam nenhum entusiasmo.

Solidão, introversão e percepção

Ainda não foram realizadas pesquisas suficientes para ter as características cerebrais bem definidas daqueles que preferem a solidão. Contudo, apesar da literatura neste campo não ser extensa, já foram descobertos resultados curiosos.

Por exemplo, já se demonstrou que existe uma estreita relação entre a introversão, a criatividade e a originalidade. Por sua vez, surpreende o fato de que os solitários desfrutam uma maior satisfação ao obterem resultados dos seus “esforços mentais”.

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Segundo a psicóloga do National Institute of Health de Maryland, Amanda Guyer, as pessoas socialmente retraídas tem maior sensibilidade às interações sensoriais e emocionais. Isto significa que o que acontece neste contexto de interação as afeta mais.

Para chegar a esta teoria a pesquisadora projetou um estudo com dois grupos de crianças: alguns reservados e outros não. Todos deviam participar de uma brincadeira onde ao pressionar um botão ganhavam dinheiro. Os retraídos tiveram até três vezes mais atividades cerebral – região estriada – que os membros do outro grupo.

O seu cérebro se ativa mais em situações de contato social

Uma das situações pelas quais os solitários precisam passar é se ver em meio a uma reunião, festa ou evento que implique estar perto de outras pessoas. Nestas situações, certas áreas do cérebro aumentam notavelmente o fluxo de sangue experimentando uma espécie de superexcitação. Esta poderia ser uma das razões pelas quais os tímidos não gostam de socializar.

Contudo, nem tudo são notícias ruins. As pesquisas sugerem que o cérebro de uma pessoa introvertida tem a capacidade de se adaptar a diversas experiências graças a sua sensibilidade adicional. Por causa disso, por exemplo, podem responder mais rápido em momentos em que surge uma elevada demanda social, como certas situações de emergência.

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Por fim, vale a pena dizer que os tímidos são bons em perceber sutilezas ou detalhes que os outros ignoram. Por isso costumam ser bons escritores, pintores ou testemunhas, já que o seu cérebro está apto a isto. De fato, a genialidade, além de estar associada a um certo grau de loucura, está associada à solidão.


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