William B. Irvine, a filosofia clássica e a arte da boa vida

Para William B. Irvine, o mundo de hoje pode ganhar muito se voltar seus olhos para a filosofia clássica. Atualmente quase ninguém tem uma filosofia de vida, e isso nos leva a sofrer mais do que o necessário ou a não encontrar um sentido para a nossa existência.
William B. Irvine, a filosofia clássica e a arte da boa vida
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 10 julho, 2021

William B. Irvine é Professor de Filosofia na Wright State University (Ohio, EUA). Tornou-se famoso em muitos países graças principalmente à publicação de dois livros: A Arte da Boa Vida e Sobre o Desejo: Por que queremos o que queremos. Seu trabalho, como um todo, enfoca os valores que parecem governar o mundo de hoje no Ocidente.

Este filósofo declarou-se seguidor da escola estoica, corrente cujos principais representantes na antiguidade foram Zenão, Sêneca e Epiteto. Eles se caracterizavam por promover o princípio de exercer controle sobre situações e paixões que perturbam a vida.

Em termos éticos, os estoicos estão comprometidos com a responsabilidade individual, a prudência e a moderação. Apontam que a razão de ser do homem é a felicidade e que ela é alcançada por meio da virtude. Essa tem a ver, por sua vez, com um comportamento razoável. William B. Irvine pensa que o estoicismo ainda está em vigor e que o mundo deveria voltar seus olhos para ele.

“A arte de viver se parece mais com lutar do que dançar”.
-Marco Aurelio-

Respiração profunda

William B. Irvine e o estoicismo

William B. Irvine destacou que o estoicismo é uma prática de vida. Muitos pensam que os estoicos são uma espécie de “hipócritas” que evitam, ou melhor, reprimem as emoções negativas para manter seus “meios corretos” na vida. Irvine indica que esta é uma visão distorcida.

O estoicismo trata de lidar com as emoções negativas. O objetivo não é negá-las ou inibi-las, mas abordá-las da forma que Sêneca propõe nas Consolações. Nessa obra, o filósofo romano ressalta que o único bem é o bem moral e o único mal é o mal moral; todo o resto é indiferente.

Assim, as lamentações e os sofrimentos decorrem do fato de que os infortúnios não são esperados e nem aceitos. Alguns vivem na fantasia de que o infortúnio nunca acontecerá; portanto, quando ocorre, causa surpresa e resistência. Os estoicos, e William B. Irvine em particular, pensam que o “negativo” é, na verdade, uma interpretação do real. Em outras palavras, cada pessoa lhe dá essa conotação.

A filosofia e a vida segundo Irvine

William B. Irvine enfatiza o fato de que a filosofia tem um papel muito diferente no mundo de hoje em comparação com o que representava nos tempos antigos. Naquela época era um espaço para repensar a realidade, e hoje se tornou um saber acadêmico.

No entanto, todo mundo precisa, e de fato adota, uma filosofia de vida. O problema é que atualmente não há onde procurá-la, pois não é algo que obtemos a partir de alguma habilidade. Portanto, as pessoas são obrigadas a buscar em outros espaços a existência desses preceitos ou guias para viver.

O mais comum é que sejam as religiões as que ditem o catálogo de comportamentos que dariam ordem e sentido à vida. Porém, o usual é que tudo acabe se concentrando em um conjunto de proibições e mandatos. Esta não é uma filosofia de vida, diz William B. Irvine, mas uma compilação de preceitos.

As pessoas podem ter uma religião, e até ir para a universidade estudar filosofia, mas não têm uma filosofia de vida. Diante disso, o que William B. Irvine propõe é pensar na vida, e melhor ainda se for com a ajuda e a orientação que os filósofos dão, com o objetivo de construir individualmente essa filosofia de vida. Uma própria e não intercambiável, embora flexível.

Mulher observando o pôr do sol

A alegria estóica

A arte da boa vida consiste em focar e em aproveitar tudo sem se apegar a nada. Se o apego surge, o excesso surge, e este é fonte do sofrimento. Viver com virtude é viver de maneira razoável, não se apegando aos preceitos de uma doutrina. Por sua vez, ser razoável é buscar a felicidade e mostrar uma certa flexibilidade diante das circunstâncias.

William B. Irvine e os estóicos argumentam que a raiz do sofrimento não está nas realidades em si, mas na opinião que é construída em torno delas. Então, por exemplo, se algo “ruim” acontece, isso não é ruim em si. Se você adotar outra visão, pode descobrir que talvez aquilo não foi tão negativo, ou que também trouxe uma contribuição, ou que talvez não importe.

Assim, o que está sob controle são os julgamentos, as opiniões e os valores. A pessoa decide sua maneira de raciocinar e a perspectiva que adota diante da realidade. Todo o resto está fora de controle, então estoicamente isso também não importa. William B. Irvine é um daqueles autores que vale a pena consultar para nutrir a vida.


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  • Cárdenas, Juan David (2011). El conocimiento como forma de vida: el caso de los estoicos. Hallazgos, 8 (16), 85-103. [Fecha de Consulta 17 de Junio ​​de 2021]. ISSN: 1794-3841. Disponible en: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=413835206006
  • Irvine, W. B. (2019). ¿Por qué duelen los insultos?

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