3 caminhos de fuga que alimentam a angústia
A mente humana reage de diferentes formas diante de experiências negativas de grande impacto. Desde se bloquear até começar a ter uma sequência de pensamentos preocupantes ou, em alguns casos, criar caminhos de fuga para escapar dessa realidade desagradável.
O problema é que, na maioria das vezes, longe de afastar a angústia, essa fuga a fortalece e potencializa, sobretudo se estiver fundamentada em expectativas e suposições.
Às vezes, o ser humano encara como perigosas situações que não são. Isso costuma acontecer porque há a tendência de fazer associações com experiências impactantes do passado, embora não tenham nada a ver com elas.
Isso ocorre, por exemplo, quando se tem medo de qualquer pessoa porque no passado algumas foram cruéis ou abusivas.
“A fuga nunca levou ninguém a lugar nenhum”.
-Antoine de Saint-Exupéry-
A verdade é que a mente cria esses caminhos de fuga como mecanismos de proteção e controle da angústia. A seguir, vamos apresentar três desses caminhos de fuga que, longe de acalmar a ansiedade, acabam aumentando-a.
1. Imaginar a si mesmo em um futuro ameaçador
Se nos expusermos a uma situação ameaçadora, o lógico é analisá-la, enfrentá-la e superá-la na medida do possível. No entanto, quando há experiências negativas do passado gravitando ao redor de nossas vidas, é possível que não consigamos agir de forma sensata.
Em vez de identificar e assumir a ameaça, em inúmeras ocasiões acabamos buscando caminhos de fuga. Um deles é nos imaginar em um futuro terrível. Vamos analisar um exemplo.
Alguém perde o emprego e tem dívidas pendentes com o banco. O racional seria se empenhar muito para encontrar um novo trabalho e, talvez, tentar uma renegociação das dívidas com o banco.
No entanto, se no passado a pessoa já teve uma experiência traumática relacionada à exclusão ou ao desemprego, ela pode acabar agindo de forma diferente. Talvez ela se deixe invadir pela ansiedade e dedique muito tempo a imaginar um futuro terrível.
Ela verá a si mesma mendigando nas ruas ou presa, por exemplo. Em resumo, não vai assumir o que tem diante de si. Da mesma forma, os caminhos de fuga que imagina não a levam a resolver o problema.
2. Comparar-se com modelos ideais, outro dos caminhos de fuga
Às vezes, somos muito bons ao colocar a culpa em nós mesmos. Não é incomum que a angústia nos induza a escolher um desses caminhos de fuga relacionados com o martírio.
Em vez de analisar como reparar um erro ou como aprender com ele, começamos a nos punir pensando em tudo o que poderíamos ter feito e não fizemos. Ou em tudo o que poderíamos ser e não somos.
Um dos caminhos de fuga da angústia é se comparar com os modelos ideais. Evidentemente, para sair perdendo. Isso é resultado de experiências passadas que nos impactaram emocionalmente.
Isso acontece principalmente com experiências de rejeição ou castigo por não ter feito “o correto” em algum momento. E elas se refletem assim no presente, como uma angústia desmedida diante de qualquer erro que cometemos.
3. Voltar ao passado para reviver situações que já ocorreram
Outro dos caminhos de fuga da angústia leva ao passado. Isso acontece quando estamos diante de alguma situação frustrante ou dolorosa que não conseguimos aceitar.
O mais comum é que isso aconteça quando passamos por uma perda afetiva, seja por morte ou por uma relação que terminou ou que causou frustração. Como consequência, sentimos muita ansiedade e tentamos dissipá-la voltando, várias vezes, às lembranças do que já foi e não é mais.
Essa forma de agir também não elimina a angústia da situação. Talvez nós tenhamos uma sensação de conforto quando revemos os fatos do passado. No entanto, cedo ou tarde, precisamos voltar ao presente e, assim, voltamos a sentir a ansiedade com todas as suas forças.
É um grande desastre emocional passar por isso. Contudo, não percebemos que gastaríamos menos energia trabalhando para aceitar o que aconteceu do que revivendo o passado repetidas vezes.
Como vemos, é muito importante trabalhar para elaborar todas as experiências traumáticas do passado. Elas nunca serão esquecidas, embora possam ser ignoradas ou reprimidas. Mas nem por isso deixam de existir, rondando o nosso presente.
Daí a importância de encarar essas situações negativas, trabalhá-las e conseguir se livrar delas. Quando não fazemos isso, elas acabam sendo liberadas em forma de angústia. Portanto, facilmente nos levam a algum dos caminhos de fuga que, por sua vez, nutrem novas ansiedades.
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