A adolescência segundo Elkind
Segundo Elkind, a adolescência é caracterizada por um tipo de pensamento egocêntrico e pelo início do pensamento crítico. Nesse período, a ponte que se constrói entre a criança e o adulto é repleta de emoções contraditórias. Na infância mais terna, as figuras de referência são os pais e neles reside, para a criança, o critério da verdade e da realidade.
No entanto, ao chegar à adolescência, tudo parece mudar. A referência que até agora eram os pais, agora é realizada pelos iguais. Portanto, as decisões são tomadas mais com base no que os amigos fazem, dizem ou pensam.
Obviamente, o julgamento de um adolescente nem sempre é o mais preciso, especialmente porque ele tem pouca experiência para se apoiar. No entanto, é preciso respeitar e gerenciar com inteligência esse processo em que a criança em crescimento passa a defender sua autonomia, colocando à prova suas próprias referências.
A adolescência, segundo Elkind, baseia-se sobretudo em uma série de características próprias dessa fase, o que não ocorreria em outras. A psicóloga explica que, durante a adolescência, os jovens têm certa tendência a ignorar os avisos de quem quer protegê-los, entendendo que devem explorar além dos limites que lhes foram estabelecidos até agora. Em segundo plano residiria a necessidade de encontrar e definir uma identidade própria.
Características da adolescência segundo Elkind
Para este autor, o pensamento adolescente pode se manifestar em seis características. São as seguintes:
- Hipocrisia aparente. Os adolescentes têm uma necessidade contínua de expressar suas ideias, o que os torna inquietos e perturbados. O problema é quando não conseguem calcular o preço que pode custar a manutenção de um certo ideal em um momento preciso, assim como podem se sentir confusos na hora de escolher a melhor forma de fazê-lo. Nesse sentido, começam a perceber que seus interesses muitas vezes não trilham o mesmo caminho dos valores que defendem.
- Autoconsciência. Os adolescentes começam a ganhar e a defender sua privacidade. Isso a ponto de beirar o egocentrismo, acreditando que o ambiente está continuamente olhando para eles e pensando neles. Nesse ponto, Ekind fala em “público imaginado”, conceito que se refere àquela sensação de ser o centro das atenções.
- Invulnerabilidade. Os jovens adolescentes muitas vezes se sentem especiais e únicos, desprezando sua vulnerabilidade a certos perigos. Às vezes, eles sofrem porque não são bons em calcular o quão bem foram protegidos, sendo protegidos pelo ambiente de ameaças que ignoram. Por outro lado, passam a pensar que ninguém os entende, que só eles são capazes de vivenciar os sentimentos que têm. Isso é o que Elkind chama de “fábula pessoal”.
- Indecisão. Dizemos que um adolescente amadurece quando começamos a encontrar algum raciocínio em sua tomada de decisão. Quando o impulso começa a ficar sob o controle da vontade. No entanto, trata-se de uma conquista e tanto alcançada com pequenos avanços ao longo desse período.
- Querer mostrar que eles estão certos. O adolescente quer mostrar ao seu ambiente que desenvolveu novas habilidades de raciocínio. Por outro lado, começa a perceber que o fato de acumular razões no mundo adulto projeta uma imagem de maior confiabilidade e inteligência diante dos outros. Essa característica é justamente o que costuma estar relacionado à tendência do adolescente de discutir e olhar criticamente os ditames que vêm do mundo adulto.
- Idealismo. O adolescente procura modelos além das paredes da casa. Procuram biografias e conquistas que os ajudem a traçar aquela identidade que pretendem alcançar.
O que os pais devem fazer?
A adolescência é uma fase que quase todos os pais temem. Não é fácil passar de um filho dócil e obediente a outro que coloca todo o seu interesse e inteligência em questionar tudo o que lhe é dito. Assim, paciência e memória são necessárias, sua própria viagem da infância à vida adulta pode, em essência, ajudá-los muito neste sentido.
De qualquer forma, o primeiro passo é a aceitação. A criança está deixando de ser criança; um fato normal e necessário que favorece o desenvolvimento evolutivo de qualquer adolescente saudável. Quer dizer, faz parte da normalidade. Por outro lado, lutar contra o adolescente e não com o adolescente enfrentando seus medos é um erro clássico. Como pais também temos que crescer, aprender a administrar esse espaço que eles exigem e definir com precisão quais limites vamos manter e quais vamos ampliar.
Se tentarmos nos impor, como quando eram crianças, sem oferecer razões, é provável que esbarremos em uma reação psicológica por parte do adolescente que dificulte seu crescimento e nosso próprio papel de pais. Ele começará a mentir para nós, a nunca se comunicar, a se distanciar muito de nós. E não é isso que queremos, não é?
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- Papalia, D.E, Olds, S.W., y Feldman, R.D. (2005). Psicología del desarrollo de la infancia a la adolescencia. McGraw-Hill. Madrid