Validade e confiabilidade: em que elas se diferenciam?

O que é confiabilidade? E validade? Qual a diferença entre elas? Por que deveríamos considerá-las? Neste artigo discutiremos este assunto.
Validade e confiabilidade: em que elas se diferenciam?

Última atualização: 08 janeiro, 2022

Validade e confiabilidade são dois construtos-chave na análise de muitos dos resultados produzidos pelos estudos realizados na psicologia. O uso de instrumentos mais ou menos válidos e mais ou menos confiáveis pode subtrair ou agregar valor ao próprio estudo. Mas a grande pergunta é: validade e confiabilidade, em que elas se diferenciam?

Para compreender um pouco a distinção entre validade e confiabilidade, é necessário que saibamos a definição de cada uma para que, tendo uma base sólida a nível conceitual, possamos desenvolver os aspectos que as diferenciam e tornam únicas.

A validade

Embora existam diferentes tipos de validade, quando ela é mencionada na psicometria nos referimos ao grau em que um instrumento mede a variável a ser medida (Hernández-Sampieri, Fernández & Baptista, 2014).

Por exemplo, se uma balança nos permite saber o peso de um objeto, podemos afirmar que ela é válida na medida em que cumpre a função para a qual foi projetada; se não pudéssemos realizar tal medição, a escala não seria válida para essa tarefa específica. Se um teste de ansiedade que afirma medi-la não o fizer, então ele não será válido.

Por outro lado, em uma investigação o conceito de validade “se refere ao que é verdadeiro ou se aproxima da verdade. De forma geral se considera que os resultados de uma investigação serão válidos quando o estudo estiver livre de erros” (Villasís-Keever, 2018).

Determinar a validade é essencial em todas as pesquisas, pois esta é a etapa prévia para poder confiar nos dados obtidos a partir do projeto de pesquisa, aquisição de dados e análise do processamento dos mesmos, bem como na interpretação e julgamento resultantes (Cohen, Manion e Morrison, 2018).

Mulheres falando sobre resultados estatísticos.

A confiabilidade

A confiabilidade ou fiabilidade é entendida como a consistência ou estabilidade das medidas quando um processo de medição é repetido (Prieto e Delgado, 2010). É o grau em que uma ferramenta de avaliação produz resultados consistentes ao medir a mesma coisa nas mesmas condições.

Desta forma, um procedimento comum para obter a confiabilidade de um instrumento é fazer com que ele meça a mesma variável imutável várias vezes. Como isso é complicado – é complicado, por exemplo, que a ansiedade vivida por um sujeito não varie -, o que se costuma fazer é comparar a medida que obtivemos com o instrumento avaliado com outra que nos foi fornecida por um instrumento para o qual a confiabilidade já foi confirmada.

Voltemos ao exemplo da balança: se pesarmos o objeto apenas uma vez não podemos afirmar que a medição é confiável; por isso fazemos várias medições e, se observamos que os valores obtidos são muito diferentes em cada medição, podemos afirmar que ela não é confiável.

O mesmo acontece nas pesquisas e com todos os instrumentos com os quais obtemos medidas, como os testes psicotécnicos.

Diferenças entre validade e confiabilidade

Validade e confiabilidade são conceitos intimamente relacionados mas diferentes, pois têm finalidades distintas e enfocam aspectos diferentes que fornecem informações distintas sobre a qualidade da pesquisa ou instrumento de medição. Vejamos algumas das características que as tornam díspares:

1. Medição

Uma das principais diferenças entre validade e confiabilidade é que a primeira mede o grau em que um instrumento de pesquisa mede o que se destina a medir, enquanto a segunda mede o grau em que o instrumento de medição ou pesquisa produz resultados consistentes quando são realizadas medições repetidas.

2. A que elas estão associadas?

A validade está relacionada à aplicabilidade correta ou exata de um instrumento ou pesquisa em uma situação. A confiabilidade está associada à estabilidade dos resultados de um teste.

3. Objetivo

Outra diferença entre validade e confiabilidade é que a validade está focada no resultado e a confiabilidade na consistência deste, independentemente se eles estão corretos ou não. Em outras palavras, pode haver confiabilidade sem validade. Em uma pesquisa ou teste podemos obter resultados consistentes embora isso não implique que eles estejam corretos, mas não podemos ter resultados corretos sem que eles sejam confiáveis.

4. A questão de pesquisa

A validade se pergunta “este instrumento mede o que deve ser medido?” a confiabilidade se questiona “quão representativa é esta medição? Podemos confiar nela?” Cada questão se refere a um objeto de estudo diferente: a da validade é a precisão e a da confiabilidade é a consistência ou estabilidade.

Pessoas fazendo cálculos.

5. A avaliação

A validade e a confiabilidade diferem na forma como são avaliadas. A confiabilidade é avaliada verificando se os resultados são consistentes ao longo do tempo, entre diferentes observadores e entre as partes do próprio teste. Já a validade é avaliada verificando o quão bem os resultados correspondem às teorias já estabelecidas e outras medidas do mesmo conceito.

A validade e a confiabilidade de um instrumento são duas propriedades diferentes, mas que em conjunto nos dão uma ideia da qualidade desse instrumento. O problema é que obter instrumentos de medição confiáveis e válidos na psicologia é especialmente caro devido à natureza abstrata do meio; esse custo dificulta o desenvolvimento de um instrumento que não acrescente uma quantidade significativa de erros aos resultados da pesquisa na qual ele são utilizados.

A boa notícia é que a psicologia está nessa frente de batalha há anos, e um progresso notável já foi feito nesse sentido.


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  • Cohen, L., Manion, L, y Morrison, K. (2018). Research methods in education (8ª Ed.). Routledge.
  • Hernández-Sampieri, R., Fernandez, C. y Baptista, M. (2014). Metodología de la investigación(6ª Ed.). McGraw-Hill Interamericana.
  • Prieto, G., y Delgado, A. R. (2010). Fiabilidad y validez. Papeles del psicólogo31(1), 67-74. https://www.redalyc.org/pdf/778/77812441007.pdf
  • Villasís-Keever, M. Á., Márquez-González, H., Zurita-Cruz, J. N., Miranda-Novales, G., & Escamilla-Núñez, A. (2018). El protocolo de investigación VII. Validez y confiabilidad de las mediciones. Revista Alergia México65(4), 414-421.

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