Educação emocional para a igualdade de gênero
Educação é poder. É a arma mais poderosa para criar uma pessoa. É por isso que, recentemente, começamos a falar sobre a necessidade de dar aulas de inteligência emocional nas escolas. Assim, a educação emocional parece ser crucial para a formação de seres humanos livres, consistentes e justos.
A aquisição de uma educação emocional abrangente por parte de ambos os sexos parece a solução para o desenvolvimento de uma concepção de gênero construtiva que respeite a diferença e contemple a igualdade dos direitos humanos (2-5).
Além disso, a inclusão educacional é um direito universal (6). Assim, a partir dessa, preconiza-se um sistema educacional baseado na igualdade e/ou não discriminação, que apoie o crescimento máximo do indivíduo como sujeito competente a nível cognitivo e socioemocional (7).
A escola inclusiva como direito
O sistema educacional deve se adaptar às necessidades de todas as pessoas. Por isso, a inclusão da inteligência emocional na educação integral é essencial.
A inteligência emocional é definida como um conjunto de habilidades, tanto sociais quanto emocionais, que, se ensinadas em condições de igualdade de gênero, promoveriam a construção de uma personalidade resiliente e integral (8).
Educar em emoções pode nos ajudar a obter uma educação mais eficaz. A inteligência emocional favorece um caráter inclusivo na escola, cuja viabilidade está no rompimento, ou, no caso da infância, em não levantar barreiras culturais que restringem o melhor desenvolvimento adaptativo do indivíduo independentemente do gênero que possua (9).
A educação emocional como ferramenta no ambiente escolar
A inteligência emocional pode se tornar uma ótima ferramenta para ensinar valores. Por isso, alguns autores acreditam que ela pode atuar como intermediária no desenvolvimento das habilidades cognitivas e do desempenho acadêmico (10).
Alguns autores estudaram como a inteligência emocional afeta o comportamento. Dependendo da sua inteligência emocional ser alta ou baixa, seus hábitos sociais e impulsividade mudam:
- Os alunos cuja inteligência emocional é baixa tendem a exibir comportamentos antissociais. Eles apresentam maiores taxas de impulsividade e menos hábitos sociais (11).
- Os alunos que têm pontuações mais altas em inteligência emocional tendem a desenvolver laços interpessoais mais positivos. Também apresentam um baixo índice de confrontos com os amigos (12).
Além disso, o desenvolvimento da inteligência emocional desde a infância pode levar a hábitos e experiências gratificantes na vida adulta. Isso pode capacitá-los a enfrentar mudanças na vida e aumentar o nível de bem-estar psicológico (13-15).
Educação emocional no ensino fundamental
A infância é o período mais suscetível no que diz respeito ao desenvolvimento da personalidade. Assim, o ensino de competências emocionais deveria desempenhar um papel fundamental na Educação Básica. É o que já ocorre, por exemplo, na Espanha (16).
Ao criar relações construtivas baseadas na igualdade, pode-se evitar que tanto meninas quanto meninos adquiram um autoconceito sub e/ou supervalorizado, o que desencadeia a violência simbólica responsável pela violência de gênero (17).
Alguns modelos que atuam nas habilidades de inteligência emocional
- Modelo de competência de Goleman (1995)
- Modelo multifatorial ou de inteligências não cognitivas de Bar-On (1997)
- Modelo de quatro ramos de Salovey e Mayer (1990)
Conclusões
A violência de gênero tem origem social e cultural. Ela vem de normas baseadas em estereótipos patriarcais de gênero a partir dos quais a mulher é subordinada ao homem, independentemente de direitos tão fundamentais como o “direito a ter direitos” (18).
Para acabar com este problema sistemático, o melhor que podemos fazer é ir à sua raiz. Assim, é na infância que começam a surgir as diferenças que mais tarde levarão à violência de gênero. É aqui que a educação desempenha o seu papel principal.
É óbvio que não só a educação deve participar desse processo de mudança. Uma intervenção eficaz focada na redefinição de um processo de socialização abrangente para homens e mulheres exigirá múltiplos envolvimentos institucionais (político, jurídico, legislativo, educacional …) (19).
Assim, desde o ensino fundamental, pode-se atingir uma educação inclusiva cujo objetivo é eliminar as limitações pessoais até atingir seu pleno desenvolvimento como indivíduo e sem rótulos de gênero (20). É aqui que a educação emocional desempenha um papel importante.
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