Alorgasmia: fantasiar com outra pessoa durante o sexo

Alorgasmia: fantasiar com outra pessoa durante o sexo
Francisco Pérez

Escrito e verificado por o psicólogo Francisco Pérez.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

A imaginação é a grande protagonista da alorgasmia. Trata-se da fantasia sexual na qual a excitação é alcançada ao pensar em outra pessoa ao manter relações sexuais. Ou seja, a alorgasmia envolve se excitar com uma pessoa diferente do companheiro sentimental durante o sexo com ele. Assim, esse outro imaginário enriquece o ato sexual de maneira simbólica. No entanto, até que ponto essa fantasia sexual pode ser entendida como algo patológico ou negativo?

Ao contrário do que possa parecer, a alorgasmia não é patológica. Ao menos, não se for praticada de maneira pontual. O fato de fantasiar com alguém por quem sente atração não significa que a pessoa não ame o companheiro sentimental. Segundo os especialistas, isso pode funcionar como uma alternativa para sair da rotina sexual. Por outro lado, se esta estratégia for usada constantemente, pode chegar a ser prejudicial, já que cria distância e desconfiança no casal.

A alorgasmia não é uma patologia

Fantasiar com outra pessoa ao fazer sexo com o companheiro sentimental é mais comum do que parece. Não são poucas as pessoas que buscam manter um grau de excitação sexual que não podem encontrar por outra via. No entanto, a alorgasmia não é um desvio sexual. Como dizíamos, é algo normal e cada vez mais frequente.

Prazer na relação sexual

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5), os transtornos parafílicos são comportamentos praticados durante, pelo menos, 6 meses, e classificados como:

  • Voyeurismo. A excitação sexual é alcançada ao observar outras pessoas – sem o seu consentimento ou sem elas perceberem – nuas ou mantendo relações sexuais.
  • Exibicionismo. Trata-se de ter desejos sexuais irrefreáveis, fantasias ou excitação ao expor os genitais para outras pessoas.
  • Frotteurismo. Sentir excitação sexual, fantasias ou comportamentos intensos derivados do contato ou atrito com uma pessoa sem o seu consentimento.
  • Masoquismo sexual. O desejo e a excitação sexual são alcançados através do fato de se sentir humilhado, golpeado, atacado ou dominado.
  • Sadismo sexual. Ao contrário do masoquismo sexual, nesta parafilia o desejo e a excitação sexual são alcançados ao causar um dano físico ou psicológico em outra pessoa.
  • Pedofilia. Transtorno parafílico caracterizado pela excitação ou desejo sexual através de fantasias ou condutas que implicam relações sexuais entre um adulto e uma criança.
  • Fetichismo. A pessoa se excita observando e manipulando objetos inanimados ou partes do corpo (uso de objetos inanimados ou um grande interesse concentrado em partes do corpo diferentes dos genitais).
  • Travestismo. Apresentar fantasias e impulsos sexuais recorrentes derivados do ato de se travestir.

Como vemos, a alorgasmia não se encontra na classificação feita pelo DSM-5. Ainda assim, os mesmos não esgotam a lista de transtornos parafílicos. Foram identificadas e nomeadas várias dezenas de diferentes parafilias, e quase todas elas podem alcançar a categoria de transtorno parafílico.

Quando a imaginação é a protagonista

Como mencionamos, na alorgasmia existe uma protagonista: a imaginação. Então, estamos diante de uma fantasia do tipo sexual. Muitas pessoas pensam em artistas ou esportistas famosos, mas também  podem fantasiar com companheiros de trabalho ou desconhecidos.

Existem pessoas que não veem isso com bons olhos, porque pensam que fantasiar com outras pessoas diferentes do companheiro sexual pode acabar sendo prejudicial para a relação. Inclusive, existem pessoas que consideram essa prática uma forma de infidelidade. No entanto, isso não é bem assim. A prática da alorgasmia pode chegar a produzir uma maior aproximação e cumplicidade entre os membros do casal.

No final das contas, as fantasias desse tipo são processos mentais que ajudam a conseguir um maior grau de excitação. Não há motivo para vê-las como algo negativo ou tabu. Elas revelam nossos desejos mais íntimos.

Casal se beijando na cama

A alorgasmia como bote salva-vidas

Não são poucos os casais que reclamam da sua vida sexual. Pelo motivo que for, ela fica estagnada com o passar do tempo. No começo tudo era paixão e ardor sexual. No entanto, à medida que o relacionamento avança e prospera, o sexo fica em segundo plano.

A alorgasmia pode servir para reviver um desejo sexual ou uma relação sexual apagada, “sem sal”, sem vida. Seria algo como um bote salva-vidas para quem caiu em uma situação de monotonia sexual. Portanto, pode ser uma ferramenta de fantasia para recuperar o desejo sexual. Não estamos dizendo que todos os casais tenham falta de desejo sexual e que devam recorrer à alorgasmia. É algo opcional.

Carolina Schwengel, especialista em sexualidade, explica que a alorgasmia pode ser usada livremente e ajuda muito a se excitar no início da relação sexual. Ainda de acordo com a especialista, ela é benéfica sempre que o seu uso não seja transformado em uma patologia. Isso pode acontecer quando ela acaba sendo a única forma de poder sentir satisfação. Deste modo, afastaria o companheiro sentimental tanto a nível sexual quanto emocional.

Você não deve se sentir culpado

A prática da alorgasmia só é um processo mental e simbólico. Deve-se evitar o sentimento de culpa, já que isso poderia ser prejudicial para o ato sexual.

A pessoa que realiza o ato de fantasiar não necessariamente se imagina com pessoas inalcançáveis (como estrelas de cinema, cantores, artistas, etc.). Quem fantasia pode fazer isso com uma pessoa que conheça pessoalmente (um vizinho/a, um colega de trabalho/a, um professor/a, etc.). Neste caso, também não há nada de errado nisso. Sentir-se culpado só vai dificultar a sensação de prazer, e pode até impedir o orgasmo.

Casal com problemas sexuais

As fantasias sexuais são inofensivas, sempre e quando não distanciarem o casal. No entanto, viver em um mundo de fantasia diferente do real de forma constante pode afetar a pessoa com quem convivemos no dia a dia.

Como vemos, a alorgasmia é uma fantasia que pode ser utilizada para enriquecer nossa vida sexual, ou para acender a faísca que havia se apagado. Não se trata de uma patologia se não nos causar problemas pessoais e se não nos distanciar do nosso companheiro sentimental.


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  • Asociación Estadounidense de Psiquiatría. Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales, 5ª ed.
  • Montejo, Á. L. (Ed.). (2005). Sexualidad, psiquiatría y cultura. Editorial Glosa, SL.

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