8 opções de autocuidado para psicólogos

Para poder ajudar os outros, precisamos estar bem. Diante disso, existe um perigo implícito dentro da prática profissional dos psicólogos: o desgaste resultante de estar em contato frequente com os problemas dos demais. A seguir, explicamos o que pode ser feito para ajudar.
8 opções de autocuidado para psicólogos
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Os psicólogos também são seres humanos e não abandonam essa condição em sua prática profissional. Neste sentido, cuidar da nossa saúde soma à nossa qualidade como profissionais, especialmente quando entendemos o risco envolvido no desgaste do exercício da profissão. Bom, mas como podemos nos cuidar? De todas as situações que enfrentamos, quais são especialmente perigosas? Enumerando e descrevendo oito opções de autocuidado para psicólogos, vamos tentar esclarecer estas questões.

Os psicólogos exercem sua profissão em diferentes contextos. Em todos eles a interação com as pessoas é fundamental. Em algumas áreas a dedicação é maior ao cuidado, em outras à liderança, à educação, etc. Independentemente da especialidade, o importante é se lembrar de que, sem estar bem, não é possível ajudar os outros a ficarem bem.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
-Carl Jung-

Psicólogo em sessão

O que é o autocuidado e como ele pode ser aplicado aos psicólogos?

O cuidado, segundo a Real Academia da Língua Espanhola (RAE), é o “pedido ou atenção para fazer algo bem”. O prefixo auto quer dizer “próprio ou por si mesmo”. Então, o autocuidado seria aquela atenção que damos a nós mesmos para ficarmos bem.

Se nos concentramos na figura do psicólogo, o autocuidado estaria relacionado com a obtenção de bem-estar por meio de determinadas práticas. Trata-se de atender a nossa saúde de forma integral. Há vários caminhos para fazer isso. Vejamos a seguir:

1. Autoconhecimento

O autocuidado é uma atividade que todos nós praticamos em diferentes medidas. Deriva tanto da experiência quanto da meta-experiência. Para os psicólogos, trata-se de uma atividade com uma importância especial: não se desviar é muito positivo para a profissão, assim como evitar cair na tentação de projetar uma parte do que conhecemos a respeito de nós sobre o outro.

Por outro lado, o autoconhecimento a nível profissional também será responsável por nos dizer quais clientes podemos ajudar e quais será melhor recomendar a outros profissionais. Estamos falando de uma habilidade especialmente valiosa na prática clínica.

2. Autocontrole

Outra das práticas de autocuidado para psicólogos é o autocontrole. Segundo a RAE, o autocontrole está relacionado com a nossa capacidade de domínio sobre nós mesmos e com a avaliação ou valorização dos nossos conhecimentos e aptidões.

O autocontrole potencializa nosso bem-estar porque nos ajuda a traçar e a respeitar limites estabelecidos em um estado de reflexão, onde prima a análise e não determinados impulsos alimentados por circunstâncias eventuais. Além disso, ao gerenciarmos o autocontrole de forma assertiva, será mais fácil se conectar com o outro a nível pessoal e familiar.

3. Resiliência, um das ferramentas de autocuidado para psicólogos

A resiliência é a capacidade com a qual contamos para nos sobrepor aos problemas. Ela é útil para estender a mão aos outros, pois podemos compartilhar nossa experiência e o caminho que utilizamos para alcançar esta atitude.

Por outro lado, sendo resilientes, seremos capazes de enfrentar os problemas dos outros com uma força que pode evocar nossas próprias experiências, diante das quais costumamos mostrar resistência através dos nossos mecanismos de defesa.

O que acontece com frequência com os psicólogos clínicos é um paciente tocar sua alma. Não se trata de um motivo de vergonha, pois se tivermos aprendido a superar nossas adversidades, este toque será positivo. Ele pode, inclusive, vir carregado de uma essência transformadora.

4. Fazer psicoterapia

Esta é uma boa prática tanto para psicólogos clínicos quanto para aqueles que trabalham em outras áreas. Devemos nos lembrar de que, através da psicoterapia, podemos nos conhecer, solucionar problemas e somar valor ao nosso trabalho. Um investimento que, se realizado no momento adequado, pode ser muito rentável.

Além disso, caminha em sintonia com a resiliência e a gestão emocional, essenciais para a nossa saúde emocional. Como se fosse pouco, também é benéfica para a nossa saúde física e social.

A fadiga tende a se acumular como resultado da constante interação com os outros. Neste sentido, a psicoterapia é uma boa ferramenta para que este processo aconteça de forma mais lenta. Por outro lado, uma supervisão psicoterapêutica bem realizada pode nos ajudar a eliminar os pequenos vícios que adquirimos com o tempo.

5. Atenção às redes de apoio

A saúde social é indispensável para o nosso bem-estar. Portanto, é uma das formas de autocuidado para psicólogos que devemos enfatizar. Trata-se de cuidar da nossa conexão com os demais, a nível profissional, pois a empatia é uma das nossas habilidades básicas, e a nível pessoal, para contar com fontes de apoio.

É necessário cultivar as relações para potencializá-las, principalmente quando estamos falando de pessoas “nutritivas”. Além disso, é importante estabelecer limites para que os outros não exagerem e para que fiquemos bem. Podemos fazer isso profissionalmente, tendo em conta o elemento terapêutico, e, a nível pessoal, podemos fazer isso para mostrar aos demais até onde podem chegar conosco.

Na verdade, poderíamos aplicá-la no momento em que pessoas próximas nos dizem “você que é psicólogo, me ajude…” , dizendo a eles que isso faz parte do nosso trabalho e explicando como essa ajuda funcionaria profissionalmente.

6. Cuido de você e me cuido

Conversando com o ponto anterior, o trabalho do psicólogo está associado ao cuidado do bem-estar do outro. Um interesse que, às vezes, nos envolve além do que podemos, ameaçando uma abordagem responsável.

Além disso, pela vontade de ajudar, podemos acabar nos descuidando para oferecer apoio ao outro. Uma entrega que, a longo prazo, vai acabar prejudicando justamente a qualidade da ajuda que podemos oferecer.

7. Práticas baseadas na consciência para promover o autocuidado dos psicólogos

Sobre este aspecto, Nancy Morales nos ajuda a refletir com sua tese, coletando diferentes pesquisas que evidenciam que os psicólogos podem desenvolver burnout se não realizarem práticas de autocuidado.

Ser conscientes das nossas necessidades permite evitar alcançar esse momento no qual basta uma gota para o copo do nosso autocontrole transbordar. Para potencializar a consciência, podemos realizar múltiplas atividades como, por exemplo, a meditação, observar sem julgar, desapegar de resultados, aceitar e deixar ir, escutar a nós mesmos e nos conectar com o momento presente, entre outras.

Mulher meditando

8. Desconectar-se do trabalho

A desconexão implica dar espaço para cada momento. Entender quando é melhor que a nossa atenção esteja livre da nossa vontade consciente, como quando queremos descansar, por exemplo. E quando é melhor que nossa atenção esteja consciente, como quando estamos em consulta com um paciente.

Além disso, também é necessário estabelecer uma escala de prioridades na qual pelo menos os planos mais importantes que afetam o nosso bem-estar estejam protegidos. Isto é, físico, emocional, social e espiritual. A seguir, apresentamos algumas atividades que podem ajudar neste sentido:  

  • Fazer exercício físico
  • Ter momentos de qualidade com amigos e entes queridos
  • Apreciar a companhia do parceiro
  • Comer de forma consciente
  • Curtir momentos de solitude
  • Brincar
  • Fazer algum tipo de arte
  • Ouvir música
  • Meditar

Em suma, os psicólogos podem se cuidar de diferentes formas. O importante é conhecer todas as opções de autocuidado para psicólogos e utilizá-las com frequência: elas com certeza serão uma ajuda valiosa para enfrentar o desgaste derivado da prática profissional.


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  • Merlano, A. (2011). Prácticas para desarrollar la autoconsciencia. Revista científica de pensamiento y gestión, 17, 134-160.

  • Morales Micula, N.G. (2017). Herramientas y estrategias utilizadas para psicólogos clínicos cuatemaltecos que trabajan como psicoterapeutas. Tesis de grado.Universidad Rafael Landívar. 


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