Os benefícios do balé para mulheres com mais de 50 anos

São cada vez mais as mulheres que, sem nunca terem feito balé, estão a iniciar nessa prática. Não só gostam, mas revolucionam as suas vidas em muitos aspectos: a sua saúde física melhora e obtêm grandes benefícios a nível psicológico. Vamos ver mais a fundo.

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 05 setembro, 2024

O dançarino Jacques d’Amboise disse que “a dança é o seu pulso, o seu batimento cardíaco, a sua respiração. É o ritmo da sua vida. É a expressão no tempo e no movimento, na alegria e na tristeza.” E é verdade. O balé é aquela forma de arte em que o corpo humano se torna o canal da emoção, a partitura de uma peça musical e um dos mais belos mecanismos de expressão.

Rudolf Nureyev, Anna Pávlova, Maya Plisétskaya… Há nomes que brilharam com luz própria no firmamento da dança e que são inspiração para as novas gerações. Da mesma forma, e como bem sabemos, poucas disciplinas exigem um treino tão árduo e uma dedicação tão absoluta como esta. Temos filmes como O Cisne Negro, nos mostrando os meandros desse mundo.

Ora, é evidente que quando se olha para essa prática pode-se pensar que ela está restrita a apenas um tipo de pessoa. Além disso, que só é indicada para quem já a pratica desde a infância. Nada poderia estar mais longe da verdade. Qualquer pessoa pode começar o balé independentemente da idade. Na verdade, atualmente é um dos hobbies preferidos das mulheres de meia-idade.

O balé para mulheres com mais de 50 anos: saúde e diversão

E você… O que está fazendo agora para envelhecer com saúde? Não importa se você tem 20, 30 ou 40 anos. Garantir que a passagem do tempo seja gentil conosco e nos permita preservar nossas capacidades físicas e mentais por mais tempo faz parte do que fazemos hoje. Investir em qualidade de vida no momento presente compensa no outono da nossa existência.

O balé para mulheres com mais de 50 anos está se tornando moda em todo o mundo. Vestir meia-calça e biqueira pela primeira vez na meia-idade pode parecer um desafio.

Porém, surgiu como uma prática energizante que as protagonistas descrevem como algo muito agradável. Da mesma forma, do ponto de vista psicológico e médico, a dança é um dos melhores recursos para o bem-estar em todas as suas áreas…

1. Melhor autopercepção

É evidente que quem se inscreve no balé na meia-idade não espera ingressar na companhia de ópera de Paris. O que se quer é exercitar o corpo, se divertir e aprender. Os professores também não se limitam a orientar os alunos em exercícios fáceis. Acima de tudo, desejam que aprendam técnicas e aprimorem habilidades como coordenação e equilíbrio.

Uma pesquisa da Universidade da Califórnia destaca algo interessante. Atualmente, as aulas de balé são ministradas para mulheres entre 23 e 87 anos. A participação regular nessas sessões melhora o autoconceito e a autoexpressão feminina, especialmente em idades mais avançadas.

Demonstram maior apreço pelo próprio corpo, aceitação da passagem do tempo e melhor autoimagem. Elas não parecem mulheres mais velhas dançando. Elas se percebem como dançarinas.

2. Um desafio cognitivo agradável

O balé para mulheres com mais de 50 anos não busca distraí-las algumas horas por semana. São aulas rigorosas que orientam no aprendizado de técnicas de dança que podem ser complexas. É evidente que cada aluno terá suas potencialidades e limitações. No entanto, algo que essa prática consegue é melhorar uma infinidade de habilidades cognitivas.

Atenção, memória, planejamento e até persistência… Começar as aulas de dança e apreciá-las desperta a motivação e aquele esforço para aprender, para estabelecer novas técnicas, para ver como o desempenho sensório-motor melhora.

A propriocepção, ou a capacidade do nosso cérebro de saber a posição exata de cada área do corpo, é uma habilidade que melhora com a dança. A memória cinésica ou linguagem corporal é exercitada e floresce ao máximo com o balé.

3. Expressão física e emocional

Dançar é alcançar a harmonia entre o corpo e a música, entre a mente e os movimentos. As emoções fluem e encontram um novo canal a partir do qual podem ser expressas de novas maneiras. O balé para mulheres com mais de 50 anos permite que elas se redescubram e, por sua vez, descubram um meio inovador de desabafar sentimentos.

Da mesma forma, a dança é um meio extraordinário para controlar o estresse diário, regular a ansiedade e oxigenar o corpo com neurotransmissores recompensadores como a serotonina ou as endorfinas.

4. Conexão social e alianças com outras mulheres

Um dos nossos maiores problemas como sociedade é a solidão. Essa é uma dimensão que se intensifica ao longo dos anos. Frequentar aulas de dança regularmente traz inúmeros benefícios sociais: cria amizades, permite superar a timidez e facilita uma conexão emocional enriquecedora.

As mulheres criam uma aliança com outras bailarinas da mesma idade. Isso lhes permite compartilhar sentimentos, medos e realidades comuns típicas dessa época da vida. A dança cria novos vínculos, é um exercício individual e coletivo, ao mesmo tempo íntimo mas expressivo, que melhora a comunicação em todos os níveis.

5. Envelhecimento saudável

Não é fácil chegar a idades avançadas com um corpo ágil e uma mente desperta, curiosa e com vontade de continuar aprendendo. O que fazemos hoje terá eco amanhã, quando aparecerem rugas em nosso sorriso. O balé para mulheres com mais de 50 anos ajuda a reduzir muitos dos sintomas associados à idade com a passagem dos anos.

Um exemplo, de pesquisa da Universidade de Alberta, no Canadá, destaca como o balé fortalece as articulações femininas. Fortalece-as e preserva sua flexibilidade. Sem falar nos músculos, na coordenação, na agilidade… Consequentemente, poucas práticas são mais estimulantes em qualquer idade do que dançar, aprender técnicas de dança e desfrutar dessa arte.

Vamos abandonar os preconceitos sobre idade e corpo e dar um passo além, pois o balé é um meio para um fim. É uma oportunidade para nos redescobrirmos e melhorarmos a nossa saúde e bem-estar em todos os níveis. Vamos dançar.