Oriana Fallaci, a biografia de uma testemunha

Oriana Fallaci foi uma mulher corajosa e talentosa que, com sua maravilhosa forma de escrever, cativou gerações inteiras. Trata-se de uma das jornalistas mais influentes de todo o século XX, marcando um antes e um depois na imprensa.
Oriana Fallaci, a biografia de uma testemunha
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 27 fevereiro, 2020

Conheça a biografia de Oriana Fallaci, uma das escritoras e jornalistas mais aclamadas e lidas no mundo todo. Seus 12 livros foram traduzidos para mais de 20 idiomas e estima-se que tenham sido vendidas, pelo menos, 20 milhões de cópias de suas obras no mundo inteiro.

Ela se destacou principalmente como entrevistadora, pois ninguém era capaz de trazer à tona os aspectos mais ocultos dos famosos e das figuras que ocupavam os órgãos de poder como ela.

Oriana Fallaci é um dos ícones do quarto poder. Ela demonstrou que um jornalismo exercido com princípios claros é capaz de alterar os acontecimentos.

Pelo seu gravador, passaram vários dos personagens mais influentes do século XX. Dizem que todos a detestavam e que isso era, para ela, um sinal de que estava fazendo as coisas corretamente.

“Se parássemos para considerar o que faz sentido e o que não faz, o que é possível e o que não é, a Terra pararia de girar, e a vida perderia sua finalidade”.
-Oriana Fallaci-

Além de seu trabalho jornalístico, ela também foi uma escritora maravilhosa. Seu estilo direto, sensitivo e divertido cativou várias gerações. Em sua obra, abordou vários tipos de temas: desde a opressão da mulher no mundo muçulmano, passando pela história de Muhammad Ali e do Vietnã, até a viagem à Lua.

Especificamente em relação à viagem à Lua, uma das histórias mais famosas de Oriana Fallaci ocorreu durante a jornada do Apolo 12. Dizem que o comandante da viagem, Charles Conrad, a procurou para que o aconselhasse sobre a frase que poderia dizer quando o satélite aterrissasse. Como Conrad era um homem baixo, Fallaci o aconselhou a dizer: “Pode ter sido um pequeno passo para Neil, mas foi um grande passo para mim””.

Gravador, café e caderno de anotações

Biografia de Oriana Fallaci, uma guerrilheira

Oriana Fallaci nasceu em Florença (Itália) em 29 de julho de 1929. É comum ouvir dizer que sua mãe tinha uma personalidade muito forte. Seu pai, Edoardo, era um humilde carpinteiro, amante da obra de Marcel Proust e radicalmente esquerdista. Oriana era a primeira filha, e ele esperava que fosse um homem. Como isso não aconteceu, ele a educou como se fosse um menino.

O pai a ensinou a atirar, caçar e resistir a situações de dor sem reclamar. Quando o fascismo tomou conta da Itália, Edoardo e sua filha de apenas 13 anos se uniram à resistência. O pai de Oriana Fallaci foi preso e torturado pelos nazistas durante a ocupação em Florença. Ela, enquanto isso, servia como correio humano para a resistência

Quando a guerra terminou, o exército italiano lhe concedeu uma medalha de honra pela sua coragem. À época, Oriana Fallaci tinha apenas 14 anos. Ela foi uma estudante excelente e, graças a uma bolsa, conseguiu estudar Medicina. No entanto, seu destino a levaria por outros caminhos.

Ela acabou se apaixonando pelo jornalismo. Antes de completar 20 anos já estava no ofício.

Testemunha da história

Fallaci trabalhou para vários jornais pequenos. No final dos anos 1950 ela começou a escrever na revista L’Europeo, que a enviou aos Estados Unidos para fazer notas sobre a indústria do entretenimento. Dessa experiência nasceu seu primeiro livro, Os sete pecados capitais de Hollywood.

Nessa viagem, Oriana sentiu que seu lugar era nos Estados Unidos e se mudou para o país, passando a viver em Nova York no início dos anos 1960.

Mais tarde, embarcou em uma série de viagens ao Oriente, que deram origem a suas obras O sexo inútil e Penélope vai à guerra . Posteriormente, vieram uma série de artigos e um livro sobre os projetos espaciais da NASA.

Em 1967, ela foi designada como correspondente de guerra e passou a cobrir o conflito do Vietnã. Essa situação deu origem a diversas crônicas e a um de seus mais famosos livros: Nada e Assim Seja.

A partir desse momento, sua fama se espalhou pelo mundo todo. Ela realizou a cobertura de vários protestos sociais. Durante o massacre que ocorreu na Praça das Três Culturas, no México, recebeu vários tiros. Algumas pessoas acreditaram que ela estava morta e a enviaram ao necrotério, até que um funcionário percebeu que ainda estava viva e a levou a um hospital.

Livros antigos reunidos

Uma mulher, uma lenda

Nesta próxima etapa da biografia de Oriana Fallaci, começou a era de suas grandes entrevistas. Pode-se afirmar que ela conseguiu sentar-se à mesa com os homens mais poderosos do mundo naquela época.

Um de seus diálogos memoráveis foi o que teve com Aiatolá Khomeini, no qual o questionou sobre o tratamento em relação às mulheres e tirou em sua presença a roupa que havia sido obrigada a usar para a entrevista. A maioria desses trabalhos ficou registrada no livro Entrevista com a História.

Em 1973, exatamente quando estava fazendo uma de suas entrevistas, conheceu Alexandros Panágulis, um herói grego que tinha lutado na ditadura, e os dois se apaixonaram perdidamente.

A relação terminou três anos depois, quando Panágulis morreu. Esse acontecimento marcou profundamente a vida de Oriana Fallaci, que escreveu a obra Um Homem. Ela continuou colhendo sucessos, mas anos depois se refugiou em seu apartamento em Nova York.

Lá, ela foi surpreendida por um câncer de pulmão e, também, pelo 11 de setembro. Em relação a esse acontecimento, escreveu alguns artigos tão radicais contra o islã que três governos decidiram processá-la por xenofobia.

Em 2006, em segredo, pediu para que fosse levada a sua terra natal, Florença, porque desejava morrer na cidade que a viu nascer. Dez dias depois, em 15 de setembro, Oriana Fallaci faleceu deixando para trás um legado jornalístico sem igual. 


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  • Hernández González, M. B. Zangrilli, Franco. 2013. Oriana Fallaci e così sia, uno scrittore postmoderno. Pisa: Felice Editore.


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