Biografia de Cleópatra: o crepúsculo dos faraós

A rainha egípcia e amante de Júlio César e Marco Antônio, a última representante de uma das mais poderosas dinastias da antiguidade, Cleópatra, era muito mais do que conta a sua lenda.
Biografia de Cleópatra: o crepúsculo dos faraós
Juan Fernández

Escrito e verificado por o historiador Juan Fernández.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Muitos especialistas consideram Augusto, o primeiro imperador de Roma, o pai da propaganda política. Ele não foi o primeiro; os gregos e egípcios já a haviam praticado, mas ninguém a fazia com sua força e eficácia até aquele momento. O círculo de escritores de Mecenas, amigo do imperador, teve muitas vítimas, mas nenhuma tão famosa quanto a rainha Cleópatra, cuja biografia vamos expor hoje.

A lenda da tirana exótica, com dons quase mágicos de sedução, permeou a historiografia romana. Diante dessa visão, surge outra, mais moderna, de sua suposta relação amorosa com Marco Antônio.

Ainda hoje, não está claro qual parte da lenda é verdadeira e qual parte é exagero. Em todo caso, Cleópatra conseguiu se tornar uma figura central na política romana usando todas as armas à sua disposição.

No crepúsculo da República Romana, à mercê de suas crises internas, sucessos externos e lutas de poder entre grandes homens, as oportunidades políticas se apresentaram a quem teve a audácia de buscá-las. Sua beleza, sua inteligência, seu poder e a riqueza de suas terras eram os quatro ases de que Cleópatra dispunha.

Templo de Horus

O Mediterrâneo sob Roma

Quase trezentos anos antes da vida de Cleópatra, os macedônios conquistaram o Nilo. A partir daí, nasceu uma cultura sincrética greco-egípcia e uma dinastia, os Lágidas, à qual pertence a nossa protagonista.

Os séculos se passaram e, no Mare Nostrum, surgia uma nova potência: Roma. Em 69 a.C. Cleópatra nascerá de um faraó, Ptolomeu XII, que havia chegado ao trono apesar de ser um bastardo. Roma permitiu essa situação para conter as ambições da vizinha Síria, que desejava o trigo egípcio.

No entanto, o famoso Pompeu Magno, general romano, conquistou a Síria. Durante a infância de Cleópatra, seu pai só pôde permanecer no trono por meio de subornos, incluindo de Júlio César.

À medida que a rivalidade entre Pompeu e César crescia, o resto das personalidades políticas do momento foram se posicionando em relação a um ou outro. Cleópatra e seu marido-irmão, seguindo a tradição egípcia, Ptolomeu XIII uniram-se a Pompeu após a morte do pai de ambos.

A presença de César na biografia de Cleópatra

O confronto, primeiro político e depois militar, foi vencido por César e os outrora aliados egípcios traíram e mataram Pompeu.

Quando o vencedor chegou em Alexandria, decidiu mediar a política palaciana traiçoeira. A corte havia sido dividida entre os partidários de cada marido e, apesar da serenidade de César, os de Ptolomeu tentaram matá-lo. A derrota dos egípcios foi absoluta. Depois que o rei morreu, Cleópatra se casou com seu próximo irmão, também Ptolomeu, neste caso XIV.

A verdade é que, desde a sua chegada, o general romano passava todas as noites com a intrigante rainha. Eles passaram os próximos três meses juntos em turnê pelo país. O perigo de perder Roma nas mãos de seus rivais, os seguidores de Pompeu, era secundário.

Fala-se de amor pela rainha, mas o que ele mais deveria amar eram os grãos que coletava em suas barcaças após a colheita. Da mesma forma, o principal atrativo do velho romano para a garota deve ter sido seu crescente poder na República. Nessa época, eles tiveram um filho, Cesarião.

“Dizem que sua beleza não era deslumbrante (…) mas quando se estava na presença dela e conversava com ela, era irresistível”
-Plutarco-

Cleópatra e Marco Antônio

Com a morte de César, esfaqueado por Brutus e outros senadores, o herdeiro escolhido por ele foi Otaviano Augusto e não Cesarião. Junto com Marco Antonio e Lépido, os três seguidores de César vingaram sua morte e repartiram Roma e suas influências.

Um novo senhor aparecia no Mediterrâneo oriental e, portanto, um novo desafio para Cleópatra se ela quisesse manter a sua influência. Sob o governo de Cleópatra, o Egito prosperou enormemente. Se não foi a beleza da rainha ou sua capacidade de seduzir, seriam suas riquezas que fizeram Marco Antônio se apaixonar.

Ao contrário da austera Roma, no Oriente o luxo e a pompa eram essenciais para governar a plebe. Cleópatra e Marco Antônio a praticavam com entusiasmo.

Apelando não apenas para a tradição dos Lágidas, mas também para a dos antigos faraós, eles estabeleceram uma corte em Alexandria, onde formaram um casal deificado, Ísis e Dioniso. A medida que Antonio ganhava o Oriente, Roma perdia. A propaganda de Otaviano foi desencadeada, a bruxa egípcia teria nublado a mente romana correta do outrora grande general romano.

Marco Antônio

O amargo fim da biografia de Cleópatra

A mensagem de Augusto pegou e ele logo foi capaz de declarar guerra pelo poder absoluto em Roma. Primeiro Antonio cometeu suicídio, depois a já cativa Cleópatra. Cesarião foi assassinado, não havia mais herdeiros; os filhos do casal suicida foram criados pela família de Octavio para servir a seus fins.

Depois de uma vida inteira de assuntos políticos, a política engolfou a rainha. Apesar de tudo, em sua vida ela conseguiu passar da progressiva irrelevância de sua família para quase se tornar a mulher mais poderosa do mundo. Ao contrário do que pretendia mostrar, seu verdadeiro objetivo sempre foi a sobrevivência de sua família e de seu país.


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