13 reflexões sobre o amor

O amor é um sentimento poderoso, mas também misterioso. Ele nos impulsiona, motiva e muda nossas vidas. É inevitável se render aos seus efeitos.
13 reflexões sobre o amor
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Hoje, queremos propor algumas reflexões sobre o amor, aquele sentimento que todos nós já sentimos, mas que poucos se atrevem a definir e resumir em poucas palavras devido à sua grande transcendência e complexidade.

Ele nos impulsiona, nos motiva, nos alimenta com bem-estar, mas, às vezes, também gera sofrimento, tristeza e mal-estar, principalmente quando não é correspondido ou quando é mal interpretado. O amor é, ao mesmo tempo, poderoso e misterioso, mas é inevitável se render aos seus efeitos.

Em nome do amor já foram originadas guerras, cometidos crimes, assumidos uma infinidade de riscos e construídas histórias dignas de admiração ao longo do tempo. A aventura do amor não escapa de erros, obstáculos, dificuldades e confusões.

Amar não é maior experiência que a humanidade pode experimentar, mas é a mais complexa. Trata-se de uma arte retratada pela entrega e por um trabalho constante, que tem como sustentação a bondade e a autenticidade, e que, em sua forma mais ampla e profunda, nos conecta com a totalidade, com a experiência divina.

Entretanto, para chegar a essa conexão, para saborear tudo que o amor pode nos oferecer, é importante aprender a cultivá-lo de forma saudável em nossas relações. Para isso, é preciso indagar dentro de nós, em nossa visão de mundo e nos vínculos com os outros. As seguintes reflexões sobre o amor podem nos ajudar.

“Onde há amor, há vida”.
– Mahatma Gandhi –

Casal apaixonado

Temos diferentes formas de enxergar a realidade

A primeira das reflexões sobre o amor pode parecer complexa, mas possui uma poderosa mensagem:

Cada um de nós constrói a realidade através da educação recebida, das interações com os demais e dos significados obtidos a partir de nossas percepções, padrões de vida e, definitivamente, da nossa história. Estamos imersos na subjetividade.

Kant, Piaget e Paul Watzlawick são a favor dessa perspectiva. Aquela em que um mesmo fenômeno assume significados múltiplos dependendo do observador que está presente, aquela que nos lembra que, de alguma forma, não somos possuidores da verdade absoluta, e que a vida tem tantas nuances quanto pessoas que habitam o mundo. Essa é a parte bonita e complicada. Bonita porque nos enriquece e complicada porque, muitas vezes, envolve um exercício de responsabilidade, humildade e aceitação.

Saber que o outro interpreta a situação de maneira diferente é importante e, de alguma forma, sugere um exercício de empatia. Ter em mente que nosso parceiro pode ficar ofendido por algo que pode passar despercebido por nós nos mantém alertas. Porque, muitas vezes, não é tanto o que acontece, mas como cada um de nós vivencia isso.

Portanto, não se trata tanto de convencer e exigir que o outro incorpore a nossa visão de vida, mas de tentar compreendê-lo, saber como ele percebe através do seu olhar. Porque só quando compreendermos que cada pessoa pode ter uma opinião diferente e que as suas ideias se formam a partir da sua biografia, da sua história de vida, seremos verdadeiramente capazes de estabelecer relações saudáveis ​​e sinceras. Caso contrário, viveremos em meio a uma maré de enfrentamentos e conflitos.

“Não há apenas uma realidade. Existem múltiplas realidades. Não há um único mundo, e sim muitos mundos, e todos acontecem paralelamente… Cada mundo é a criação de um indivíduo.”
– Paul Auster –

As pessoas mudam e possuem o seu próprio caminho

Está é uma das reflexões sobre o amor que recomendamos não esquecer. Nada permanece, tudo muda, e as pessoas também. As experiências nos transformam, às vezes forçadamente devido as circunstâncias e outras deliberadamente através das nossas decisões. O importante é que, com o passar do tempo, não somos mais os mesmos.

Entender isso é ter em conta que o outro nem sempre vai se comportar como esperamos, nem quando já estamos acostumados com certos comportamentos. E, é claro, nós também não. Mudar é inevitável e é um direito, se assim quisermos que seja.

Outro aspecto que está conectado ao anterior é que, às vezes, as pessoas decidem percorrer outros caminhos diferentes dos nossos, mesmo quando a princípio se tornaram nossos companheiros de vida. É aí que percebemos que cabe a nós amar de verdade para aceitar e soltar. O amor, às vezes, tem data de validade, e não podemos prevenir isso.

Entretanto, os caminhos únicos não são percorridos apenas quando se coloca um ponto final. Cada pessoa tem seu próprio caminho de vida. Ter consciência disso nos liberta do egoísmo e das exigências nos relacionamentos.

Toda relação é uma oportunidade para aprender

As relações são cheias de sabedoria, aprendizados sobre si mesmo, sobre os demais e sobre o mundo em geral. Nos ensinam a raiz da dor, do sofrimento e da desesperança, mas também a raiz da cumplicidade, da confiança, do amor e do poder de perdão.

Uma relação pode ser uma boa professora, se estivermos dispostos a aprender com ela.

A relação com outra pessoa coloca uma parte de nós em evidência, principalmente quando desenvolvemos vínculos fortes e próximos. Nossas fraquezas saem de cena, assim como nossas necessidades junto aos medos que, frequentemente, nos impedem de avançar.

Se estivermos dispostos a extrair os aprendizados que nossos relacionamentos nos oferecem, perceberemos que não são nada além de lições para o nosso próprio benefício. Observar nossas fraquezas nos indica a quais aspectos devemos dar mais ênfase e quais áreas devemos trabalhar mais. Ao mesmo tempo, ter consciência dos nossos pontos fortes indica no que podemos nos apoiar quando tudo dá errado e quais são nossas potencialidades e mecanismos de proteção.

E não é só isso! Os relacionamentos são um grande livro de lições sobre os demais. Uma oportunidade única para nos conectarmos com eles e enxergar além do disfarce da aparência, para observá-los nus e contemplar a beleza da sua essência.

Reflexões sobre o amor

É importante cuidar de si mesmo

Esta é outra das reflexões sobre o amor que não podemos deixar passar. Embora amar seja um sentimento direcionado aos demais, não quer dizer que devemos nos descuidar. Muito pelo contrário.

Somente quando nos amamos, quando nos acolhemos com carinho e respeito, podemos oferecer o verdadeiro amor ao demais. Se não fizermos isso, ofereceremos feridas, atitudes defensivas, desconfiança e medos disfarçados, principalmente durante os primeiros momentos. Entretanto, isso não quer dizer que não sabemos lidar com isso, só que precisamos ter atenção.

Amar é amar a si mesmo para amar o outro, respeitar a si mesmo para respeitar o outro. É saber quais são nossos limites e ter consciência de que não somos obrigados a suportar maus-tratos e nenhuma situação contínua de desconforto. Somos livres para escolher onde estar e com quem. Não podemos nos esquecer disso.

As ações e os gestos são mais importantes do que as palavras

As palavras têm o poder de criar realidades, mas se não forem acompanhadas de ações, costumam ser efêmeras, e desaparecem na mesma velocidade com que foram ditas. Podemos expressar o quanto amamos uma pessoa, dizer isso todos os dias, mas isso não é suficiente. As ações também são importantes.

Porém, também não são necessárias grandes ações para demonstrar o amor verdadeiro. Coisas como um olhar cúmplice, um “Como foi seu dia?”, ouvir o que o parceiro tem a dizer, dar as mãos ou acompanhar em silêncio podem ser suficientes. Pequenos detalhes do dia a dia que, mesmo que façam pouco “barulho”, chegam ao outro de forma mais profunda e, às vezes, são capazes de reconstruir por dentro.

Não só é importante ter gestos de amor com o outro, mas também valorizar aqueles gestos que são oferecidos a nós. Muitos deles passam despercebidos, mas contribuem para o nosso bem-estar. Precisamos estar atentos e abertos para a magia do amor.

Cada pessoa tem uma história

Esta é uma das reflexões de amor mais valiosas. Somos um quebra-cabeças de circunstâncias, experiências e vivências. Um acúmulo de tudo o que vivemos e que nos molda, nos constrói. Porque tudo o que acontece ao nosso redor dá forma à nossa experiência, à nossa forma de sentir, seja de maneira intensa ou superficial.

É fundamental ter isso em conta em nossos relacionamentos. Saber que o outro é diferente e que está lutando suas próprias batalhas nos ajuda a compreender.

Em grande medida, tudo que vivemos nos afeta de alguma forma, e como encaixamos isso no presente depende da nossa história.

Lidar com as emoções constrói relações saudáveis

Não ter consciência das nossas emoções gera conflitos, frustrações, impotência e incômodo. Ignorar a forma como nos sentimos tem consequências tanto para nós quanto para as relações que mantemos.

Se não sabemos o que gera tristeza em nós ou qual é a origem da nossa raiva, de alguma forma seremos desconhecidos para nossos próprios olhos. Não sabemos quem somos e dificilmente conseguiremos conhecer os outros. De fato, é muito provável que estejamos desviando da responsabilidade de saber como nos sentimos.

O ideal é tomar consciência das nossas emoções, de como funcionamos a nível emocional. Não apenas para nos conhecermos e aprender a lidar com elas, mas também para saber quais são seus efeitos em nosso dia a dia e até onde elas podem nos levar. Dessa forma, criamos relações mais construtivas.

Nem todo mundo pode nos amar

Esta é uma das reflexões sobre o amor que costuma ser difícil de aceitar. Ninguém é obrigado a nos amar, a estar de acordo com a nossa forma de pensar ou a aprovar o que fazemos. É a lei da vida.

É inútil tentar fazer com que uma pessoa nos ame como somos ou aceite tudo em nós. Não podemos nos encaixar e agradar a todos.

O melhor é sermos livres para tomar as decisões que queremos, trilhar o nosso caminho, e que tudo isso nos aproxime de pessoas que querem estar ao nosso lado.

Mulher com o olhar triste

As relações são desiguais

É impossível que a equidade governe permanentemente em um relacionamento, mas o respeito sim. Às vezes, um dos membros do casal tomará uma decisão, em outros momentos será o outro. É como uma dança em que, dependendo das circunstâncias, os papéis são trocados.

Não é possível contabilizar objetivamente todos os gestos de amor dos membros de um casal, quantas vezes são cobradas responsabilidades ou tomadas decisões. É uma troca, na qual o outro pode se abrir até certo ponto e se deter, por sua vez, de acordo com suas limitações e experiências de vida.

Toda relação precisa de trabalho, cuidados e esforço

O amor é como um jardim que precisa ser regado diariamente, que é preciso se esforçar para cuidar. Se queremos ser felizes e desfrutar ao lado da outra pessoa, precisamos trabalhar nossa relação. Porque o amor não é um sentimento passivo, ele se alimenta das nossas ações.

Dessa forma, haverá aspectos a serem polidos, outros a serem eliminados e alguns a serem praticados para nutrir o relacionamento. Isso é inevitável. Se não prestarmos atenção ao relacionamento, ele se deteriorará com o tempo. Porque, assim como uma planta, o amor precisa ser regado e higienizado.

Conhecer a si mesmo é fundamental

Conhecer a si mesmo é o suporte a partir do qual podemos estabelecer vínculos saudáveis com os demais. Saber como somos, o que queremos e o que o amor significa para nós são questões que, se dermos a devida atenção, nos ajudarão a esclarecer até onde podemos ir.

Tudo bem se você errar

Uma das reflexões sobre o amor mais importantes: errar não é uma condenação, e sim uma oportunidade de aprendizado. É impossível fazer tudo certo de primeira em um relacionamento. Não existem tutoriais nem fórmulas mágicas.

Trata-se de ser flexível, de considerar a possibilidade de estarmos errados não só com o parceiro, mas também com a família e os amigos. Não somos mágicos ou adivinhos, nem somos seres com superpoderes; as únicas armas que temos são a escuta, a empatia e as palavras para expressar o que sentimos e o que queremos.

Agora, assim como podemos cometer erros, os outros também podem fazer isso conosco. Não vamos esquecer.

Reflexões sobre o amor

É preciso saber dizer adeus

Saber colocar um ponto final é um dos aprendizados mais complicados. Dizer adeus, aceitar que a outra pessoa não estará mais conosco e nos recompor não é nada fácil, mas também não é impossível.

Há muitas feridas para curar, muito o que processar quando um relacionamento termina. Trata-se de um processo de reconstrução que precisa do seu tempo, seja por decisão própria ou por parte da outra pessoa. O importante é, pouco a pouco, atravessar esse momento para renascer de novo.

Através destas reflexões sobre o amor, podemos perceber que amar é extraordinário, mas manter a chama do amor acesa não é tão simples. O mais importante é nos permitir experimentar este sentimento de forma saudável e, se possível, fazer com que ele perdure no tempo.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.