O que é a inteligência prática?

O que é a inteligência prática e para que ela serve? Como é adquirida? Falaremos sobre tudo isso neste artigo.
O que é a inteligência prática?

Última atualização: 21 março, 2021

Graças a modelos de inteligência como o proposto pelo psicólogo e pesquisador Howard Gardner (Modelo de Inteligências Múltiplas), hoje sabemos que a inteligência vai muito além de ter um bom desempenho nos estudos ou ser muito bom em matemática. Na verdade, também sabemos, graças a autores como este – e muitos outros – que não existe um tipo único de inteligência, mas sim muitas delas (um mínimo de 9!). Hoje vamos falar sobre uma delas: a inteligência prática.

O psicólogo e pesquisador Robert J. Sternberg foi o primeiro autor a falar sobre a inteligência prática por meio da sua teoria triárquica da inteligência (1985). No seu modelo, Sternberg também incluiu dois outros tipos de inteligência: analítica e criativa, que também aprenderemos mais tarde. Mas o que é a inteligência prática? Ela tem a ver com a nossa capacidade de adaptação? Como esses conceitos estão relacionados?

Os mecanismos do cérebro

Modelo Triárquico de Sternberg

O psicólogo americano Sternberg oferece um modelo que integra inteligência e pensamento em um contexto social e defende a existência dos três tipos de inteligência mencionados: a inteligência analítica (aquela que usamos no âmbito acadêmico, por exemplo), a inteligência criativa (aquela que nos permite resolver novos problemas em diferentes contextos) e a inteligência prática (aquela que usamos em nossas vidas para nos adaptarmos às demandas do ambiente).

Cada um desses três tipos de inteligência faz parte de três subteorias que se complementam: a componencial, a experiencial e a contextual. A subteoria componencial corresponderia à inteligência analítica (relacionada à capacidade de capturar e modificar informações), a experiencial está relacionada à inteligência criativa (relacionada à integração de informações obtidas de fora em nosso psiquismo), e a inteligência contextual tem relação com a inteligência prática.

Neste último caso, falamos da capacidade de saber identificar e aproveitar as oportunidades da vida para se adaptar a ela. É exatamente com isso que a inteligência prática tem a ver, o que descreveremos a seguir.

Inteligência prática: em que consiste?

O que exatamente é a inteligência prática? Através do seu modelo, Sternberg definiu a inteligência prática (ou contextual) como aquela relacionada ao comportamento e à forma como nos adaptamos ao mundo real. Segundo ele, a adaptação é o fenômeno que ocorre quando conseguimos nos ajustar às demandas do meio, àquilo que nos rodeia. Assim, a inteligência prática é aquela que nos permite nos adaptarmos ao entorno, ao ambiente, ao contexto e à vida.

Graças a ela, podemos aplicar nossos conhecimentos aos diferentes ambientes e contextos da vida cotidiana para alcançar o resultado desejado. Esse tipo de inteligência vai além da mera adaptação ao meio, e ainda se estende a um bom desempenho nas relações sociais.

Em termos mais cotidianos, a inteligência prática seria aquela que nos permite saber o que dizer, a quemde que maneira e quando, para atingir o melhor efeito.

“A inteligência prática nos permite ler as situações corretamente e obter o que queremos.”
-Robert J. Sternberg-

Orientada para a ação

A inteligência prática é orientada para a ação. Nós a colocamos em prática quando nos deparamos com problemas complexos (mas também simples) do dia a dia. Estes são problemas distantes da teoria que nos obrigam a colocar em prática os conhecimentos e aprendizagens adquiridos, inovar, testar, correr riscos…

A solução encontra-se, precisamente, nesta implementação dos recursos e aprendizados que adquirimos ao longo dos anos.

Inteligência prática, criativa e analítica

É por tudo o que foi referido que se trata de uma inteligência inovadora, mas também criativa, porque nos leva, intrinsecamente, a experimentar para obter resultados diferentes (e desejados). Nesse sentido, podemos relacionar a inteligência prática aos outros dois tipos de inteligência descritos por Sternberg: analítica (“em que detalhes devo examinar o problema?”) e a criativa (“o que posso experimentar, como algo novo, para chegar a uma solução?”).

Como a inteligência prática é adquirida?

Este tipo de inteligência pode ser aprendida e treinada ao longo dos anos, embora possamos adquiri-la naturalmente de forma progressiva através da multiplicidade de experiências que temos que viver. Nesse sentido, seu desenvolvimento é altamente influenciado pelo ambiente em que nos desenvolvemos quando somos jovens e também quando crescemos.

Por outro lado, as pessoas ao nosso redor, que muitas vezes atuam como modelos, também influenciam muito o desenvolvimento da nossa inteligência prática. Por quê? Porque as pessoas tendem a imitar, a buscar modelos, e se, por exemplo, vemos que alguém realiza uma tarefa com sucesso, tenderemos a imitá-la no futuro.

Mulher concentrada

Aplicação e exemplos

Como vimos, a aplicação desse tipo de inteligência envolve dois elementos: conhecimento e ação. Envolve a aplicação da inteligência aos ambientes da vida diária e às suas necessidades ou demandas.

Encontramos inúmeros exemplos de inteligência prática na vida cotidiana: por exemplo, quando pensamos em como sair de um vagão de trem lotado, quando escolhemos o caminho mais curto para o trabalho se não estivermos com tempo suficiente, quando procuramos ajuda se nos sentimos indispostos na rua, etc.

Os exemplos são vários e seus graus de complexidade também podem variar. No entanto, todos eles estão ligados por um elemento comum: a eficácia da inteligência prática para sair destes tipos de situações.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Amarís, M. (2002). Las múltiples inteligencias. Psicología del Caribe (10): 27-38.
  • Garnham, A. y Oakhill, J. (1996) Manual de Psicología del Pensamiento. Ed. Paidós.
  • Jiménez Rey, E. M., & Perichinsky, G. (2008). La teoría triárquica de la inteligencia de sternberg aplicada a la creación de programas. In X Workshop de Investigadores en Ciencias de la Computación.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.