Biografia de Dolores Aleu Riera, a primeira mulher espanhola formada em medicina

Biografia de Dolores Aleu Riera, a primeira mulher espanhola formada em medicina
María Prieto

Escrito e verificado por a psicóloga María Prieto.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Ao longo da história surgiram várias mulheres de muita coragem que facilitaram o caminho de muitas que vieram depois delas. Do recebimento da licença de piloto ao Prêmio Nobel, elas alcançaram conquistas que eram impensáveis na época, por serem limitadas apenas ao sexo masculino. Hoje vamos nos aprofundar na biografia de uma delas: Dolores Aleu Riera.

Todas e cada uma dessas mulheres se atreveram a fazer algo diferente do que era esperado pela sociedade da época unicamente por causa de sua condição de serem mulheres. Elas romperam barreiras em contextos nos quais até então havia apenas homens.

Isso porque durante muito tempo não foi permitido que as mulheres estudassem, ensinassem em universidades ou participassem de instituições científicas. Graças à sua valentia, determinação e força, elas não só fizeram a diferença e deixaram a sua marca, como também inspiraram e despertaram a coragem de muitas outras.

Vamos nos aprofundar na história de Dolores Aleu Riera a seguir.

O início da biografia de Dolores Aleu Riera

Dolores Aleu Riera nasceu em Barcelona em 1857. Sua família possuía uma boa posição social, fazendo parte da burguesia de Barcelona durante o século XIX. Diante de seu insistente desejo de fazer um curso universitário, seus pais acabaram cedendo e ela entrou na faculdade de medicina aos 17 anos.

Dolores sempre teve um desempenho brilhante, fruto de seu esforço e também de uma vocação, e foi apoiada por seus pais e muitos de seus colegas. No entanto, ela também foi desprezada por aqueles que não concordavam e não aceitavam que uma mulher tivesse sido aceita na carreira médica.

Em certas ocasiões, ela chegou a receber vaias e foi agredida na porta da faculdade. Por isso, durante um tempo, teve que frequentar o local acompanhada de uma escolta, condição que foi imposta pelos seus pais para que ela continuasse com os seus estudos.

Em um primeiro momento, o Ministério da Educação negou sua solicitação para prestar as provas de licenciatura e obter, assim, o título de médica. Os trabalhadores do Ministério entraram em contato com a universidade para verificar que Dolores havia realmente se matriculado e cursado o programa do curso de medicina, mesmo não sendo um homem.

A universidade respondeu que eles haviam aceitado seu ingresso após a apresentação do documento de aprovação no ensino médio.

Em 1882, diante da insistência de seus professores, ela conseguiu a permissão para fazer a prova por parte do Ministério da Educação. E foi assim que ela se converteu na primeira mulher espanhola licenciada em medicina com uma nota excelente.

Meses depois, ela decidiu apresentar uma tese de doutorado e entrou em contato com o professor Joan Giné y Partagás. A princípio, ele não tinha certeza de que defender a tese de uma mulher diante de um tribunal constituído apenas por homens era uma boa ideia, já que esse mesmo grupo havia previamente negado o direito de mulheres se apresentarem.

Dolores Aleu Riera e amigos

Seu legado a favor da igualdade

Na apresentação de sua tese de doutorado, havia uma clara defesa a favor da igualdade e da equidade entre homens e mulheres. Ela também criticou duramente a forma como o sexo feminino era tratado, relegado ao cuidado dos filhos, trancado dentro de casa e despido de todos os direitos políticos.

Ela se especializou em ginecologia e pediatria. Com o apoio de sua família, conseguiu abrir uma clínica médica em Barcelona. Durante 25 anos ela atendeu burguesas que passavam anos com condições médicas ginecológicas sem tratamento por sentirem medo ou vergonha de procurar um médico e comparecer a uma consulta de ginecologia com um homem.

Atendeu também mães solteiras, mulheres trabalhadoras sem recursos, prostitutas e crianças órfãs.

Dolores Aleu Riera também trabalhou como professora de higiene doméstica para a Academia para a Ilustração da Mulher. Lá, ela criou um programa de educação geral no qual tratava de temas de higiene e medicina doméstica, além de economia familiar e cuidado e atenção com os filhos.

Ela morreu aos 56 anos, depois de passar por uma depressão grave como consequência da morte prematura de seu filho, causada por uma tuberculose.

“Qual a porta da felicidade se fecha, outra se abre; mas frequentemente olhamos tanto tempo para a porta fechada que não vemos as outras que foram abertas para nós”.
-Helen Keller-

Dolores Aleu Riera

Corsés de ballena, uma merecida homenagem a Dolores Aleu Riera

Nuria Cuyàs, tataraneta de Dolores Aleu Riera, é hoje em dia uma famosa atriz e diretora de teatro que fez uma homenagem para sua tataravó por meio da obra de teatro espanhola Corsés de ballena – espartilho de baleia em português. Ela representou o caminho de Dolores e a superação de todos os obstáculos.

Trata-se de uma obra que brinca com a metáfora do espartilho em um animal tão poderoso quanto uma baleia, uma peça de roupa usada com fins estéticos para afinar o corpo da mulher no século XIX, que apertava a cintura até deixar a pessoa quase sem respirar.

Essa obra trata de conscientizar as pessoas sobre a história de luta e superação presente na biografia de Dolores Aleu Riera. Ela foi capaz de sobreviver e revolucionar um mundo liderado por homens, um mundo em que as mulheres viviam presas a um espartilho, afogadas, oprimidas e sem a possibilidade de demonstrar o seu valor.

“Uma mulher com voz é, por definição, uma mulher forte. Mas a busca para encontrar essa voz pode ser muito difícil”.
-Melinda Gates-


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  • Aleu i Riera, D. (1882). De la necesidad de encaminar por nueva senda la educación higiénico-moral de la mujer. Universitat de Barcelona.
  • Ortiz Gómez, T. (1985). La mujer como profesional de la medicina en la España contemporánea: el caso de Andalucía (1898-1981). Dynamis: Acta Hispanica ad Medicinae Scientiarumque. Historiam Illustrandam5, 343-366.
  • Otero, B., & Salamí, E. (2009). La presencia de la mujer en las carreras tecnológicas. XV JENUI. Barcelona, 8-10.

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