Maria Callas: biografia de uma voz do Olimpo

Não há dúvida de que a voz de Maria Callas mudou a ópera: ela conseguiu ressuscitar alguns papéis que ninguém se atreveu a desempenhar. Entre luzes e sombras, a vida e o legado de Maria Callas ainda nos cativam e nos envolvem em uma aura de mistério quase divino.
Maria Callas: biografia de uma voz do Olimpo
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Camila Thomas

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Hoje, vamos expor uma breve biografia de Maria Callas, uma das cantoras de ópera mais conhecidas do mundo. Durante a década de 1950, ela se tornou conhecida internacionalmente por sua bela voz e personalidade intensa. Até hoje, suas gravações de óperas icônicas continuam a deslumbrar os fãs do gênero.

A ópera é uma das formas de arte mais complexas: combina atuação, canto, música, fantasias, palco e às vezes dança. Os compositores de ópera baseiam suas obras em histórias muito trágicas de amor e morte.

Além da beleza da obra, o peso da ópera também recai sobre os cantores. Eles devem invocar raiva, crueldade, violência, medo ou loucura na história. Ou seja, isso requer um grande esforço interpretativo e uma voz capaz de transmitir uma infinidade de emoções. Nesse sentido, Maria Callas, conhecida por suas legiões de admiradores como “a divina”, foi excepcional.

A fama de Callas derivou não apenas da sua voz única, mas também da sua capacidade de atuação comovente. Seu histrionismo foi atribuído, pelo menos em parte, a uma vida cheia de tormento e paixão.

O início da biografia de Maria Callas, “a divina”

Maria Callas nasceu na cidade de Nova York em 1923. Seu nome verdadeiro era Anna Maria Sophia Cecilia Kalogheropoulos. Seus pais eram gregos e se divorciaram quando Maria tinha catorze anos. Então, a jovem voltou para a Grécia com sua mãe.

Na Grécia, ela começou seus estudos de canto no Conservatório Nacional de Atenas. A conhecida cantora de ópera, Elvira de Hidalgo, escolheu Maria como sua aluna.

Sua carreira musical começou quando ela era muito jovem. Em 1941, quando tinha dezessete anos, Maria Callas recebeu seu primeiro salário por estrelar uma grande ópera. Ela desempenhou papéis principais em várias óperas em Atenas nos três anos seguintes.

Ao retornar a Nova York em 1945 continuou a estudar canto e, para pagar os estudos, dedicou-se a cuidar de crianças na casa de uma amiga de Toscanini, que a escolheu para trabalhar em La Gioconda de Ponchielli em 1947. Este trabalho seria realizado na Arena de Verona, na Itália. Dessa performance, o mito nasceria. Assim, o convite para se apresentar na Itália marcou o verdadeiro início da sua carreira profissional.

Maria Callas: o apogeu da diva

Em 1949 ela se casou com um industrial italiano, Giovanni Battista Meneghini. Seu marido, vinte anos mais velho, tornou-se seu empresário e conselheiro. Em 1950 Maria Callas se apresentou pela primeira vez na famosa casa de ópera La Scala de Milão, Itália. Ela o fez no papel de Aida, na famosa ópera Aida, do compositor italiano Giuseppe Verdi.

Callas posteriormente conquistou o amor e a admiração do público milanês ao interpretar Norma, do compositor italiano Vincenzo Bellini. Com vinte e poucos anos, Maria Callas ja havia atuado em cerca de quarenta grandes óperas nos mais famosos teatros do mundo.

Ela deu voz a papéis dramáticos como Gioconda, Turandot, Brünnhilde e Isolde. No entanto, os papéis que realmente a levaram ao topo seriam personagens menos conhecidos. Destacam-se Norma e Amina de Bellini (La sonnambula) e também La Violetta de Verdi em La traviata.

“Só existe uma linguagem para a música: a mesma que a do amor. Ama-se, respeita-se e honra-se”.
-Maria Callas-

Embora o timbre de Callas nem sempre fosse convencionalmente bonito, possuía musicalidade e expressão incomparáveis. Seus personagens ganharam vida com sua habilidade de colorir o tom e fazer um uso perspicaz do texto.

Callas é creditada por mudar a história da ópera. A partir dela, os diretores artísticos colocaram uma ênfase especial na integridade musical e na verdade dramática.

Maria Callas conseguiu transformar, para o grande público, as percepções do repertório do bel canto, principalmente das obras de Bellini e Donizetti. Ao longo de sua carreira, Maria Callas ressuscitou algumas óperas que, por décadas, ficaram no escuro, já que não havia artistas capazes de fazer justiça a elas.

O declínio na biografia de Maria Callas

Ao longo dos anos, Maria Callas teve problemas na voz que a levaram a cancelar algumas apresentações. Os críticos desqualificaram algumas das suas performances e, talvez por isso, suas relações com funcionários de grandes companhias de ópera costumassem ser tensas. Apesar das inúmeras histórias prejudiciais escritas sobre o seu temperamento, muitas pessoas próximas a ela as negaram.

Maria Callas conheceu Aristóteles Onassis nos Estados Unidos em 1959. Ela se separou de Meneghini menos de um ano depois. Depois disso, ela embarcou em um atormentado caso de 10 anos com o magnata da navegação grego que chegou ao fim quando ele a deixou por Jackie Kennedy. Essa foi uma das relações mais midiáticas da história, algo que não era tão comum na época: uma história cheia de tormentos que cobriu as capas da imprensa mais sensacionalista.

Callas sofreu mais problemas com sua voz e começou a cantar cada vez menos. Em 1965, cantou a ópera Tosca do compositor italiano Giacomo Puccini. Nesta ocasião, Callas interpretou Floria, uma cantora italiana. Era um papel que ela havia cantado várias vezes, mas esta seria a última vez em que ela apareceria em uma ópera.

“Você nasce artista ou não. E você continua sendo uma artista querida, mesmo que sua voz esteja menos potente do que um fogo artificial. O artista está sempre lá.”
-Maria Callas-

Três anos depois, Callas começou a ensinar jovens cantores de ópera. No início dos anos 1970, ela ensinou doze turmas na Juilliard School em Nova York. Terrence McNally escreveu uma obra sobre Maria Callas e seus alunos de ópera chamada Master Class.

A divina viveu os últimos anos de sua vida em Paris, onde morreu em 1977 aos cinquenta e três anos. As circunstâncias da sua morte nunca foram esclarecidas; tudo parece apontar para causas naturais, mas também há indícios de suicídio. A morte desta diva, como sua vida, se intercala entre o trágico e o misterioso.

O declínio de Maria Callas

Seu legado imortalizado

Conhecendo a biografia de Maria Callas, vemos que ela influenciou a ópera mais do que qualquer outra cantora do século XX. Críticos e estudiosos do gênero não duvidaram do seu incrível legado: Callas alcançou um conhecimento mais profundo da ópera italiana tradicional. Sua bela voz e sentimento intenso adicionaram impacto a cada ópera que ela interpretou.

As pessoas que ouviram Maria Callas cantar dizem que jamais esquecerão essa experiência. Quando ela não estava cantando durante a temporada de ópera, fez gravações que sobreviveram até hoje. Assim, podemos nos aproximar – na medida do possível – da experiência de ouvir a sua voz.

Sua voz permanece imortalizada nas muitas gravações que seu público valoriza. Alguns especialistas dizem que Maria Callas é tão popular hoje quanto quando se apresentava em palcos ao redor do mundo.


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