Biografia de Paul Gauguin: questionando a inspiração aborígine

O francês Paul Gauguin viveu sua vida vagando, pintando e trabalhando aos poucos. Além da amizade com Van Gogh, você sabe o que o tornou tão famoso? Descubra a origem da inspiração taitiana de Gauguin neste artigo.
Biografia de Paul Gauguin: questionando a inspiração aborígine
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Escrito por Camila Thomas

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Conheça a biografia de Eugene Henri Paul Gauguin, mais conhecido como Paul Gauguin, um proeminente artista francês. Seu trabalho foi classificado como pós-impressionista, sintetista e simbolista.

Como artista pós-impressionista, seu trabalho foi além da pintura; ele também foi escultor, impressor e escritor. Porém, seu trabalho só ganhou importância após a sua morte.

O artista é particularmente conhecido por sua relação criativa com Vincent van Gogh. Além disso, ele é conhecido por ter abandonado sua família, optando por um exílio autoimposto no Taiti, na Polinésia Francesa.

Gauguin, famoso por suas cores ousadas, formas aerodinâmicas e linhas fortes, não teve nenhum treinamento artístico formal. O pintor seguiu a sua própria visão contra as convenções artísticas da época. Seus experimentos artísticos influenciaram muitos desenvolvimentos de vanguarda no início do século XX.

Quadro de Paul Gauguin

Infância e juventude da biografia de Paul Gauguin

Paul nasceu em 7 de junho de 1848 em Paris, França, em uma família rica. Seus pais eram Clovis Gauguin e Aline Maria Chazal. Seu pai era jornalista.

A família materna merece um destaque especial: sua mãe era filha da líder feminista e protossocialista Flora Tristán. Seu avô materno, de ascendência aragonesa, pertencia a uma influente família do Peru.

Em 1849, as atividades políticas do seu pai forçaram a família ao exílio, fugindo de Luís Napoleão Bonaparte. A família Gauguin partiu para o Peru em uma jornada marcada pela tragédia, pois seu pai morreu durante a viagem. A mãe de Gauguin e seus dois filhos foram morar com o tio-avô do pintor.

Na cidade de Lima, ele viveria na mansão aristocrática da família Tristán e Moscoso por vários anos. Portanto, o espanhol foi a sua primeira língua.

A estadia no Peru o marcou por toda a vida, a ponto de ele próprio ter se batizado de ‘selvagem peruano’. A família voltou para a França quando Paul Gauguin tinha sete anos.

Por três anos, ele esteve no internato católico de La Chapelle-Saint-Mesmin. Serviu como marinheiro aos 17 anos e, mais tarde, ingressou na marinha francesa, à qual serviu por dois anos.

A carreira do pintor

Seguindo com a biografia de Paul Gauguin, vemos que em 1871, aos 23 anos, ele regressou a Paris. Conseguiu um emprego como corretor da bolsa e se tornou um empresário de sucesso. Nesta fase, ele vivia em prosperidade.

Começou a pintar como hobby em 1873. Fez uma grande amizade com o artista Camille Pissarro, e seu trabalho despertou o interesse dos impressionistas.

Os impressionistas eram um grupo de artistas revolucionários que desafiavam métodos e temas tradicionais, embora a maioria tenha sido rejeitada pelos acadêmicos da arte francesa.

Gauguin foi convidado a expor suas obras na quarta exposição do grupo em 1879. Assim, seu trabalho apareceu entre as obras de Pissarro, Edgar Degas, Claude Monet e outros grandes artistas.

Com o tempo, ele se desiludiu com o impressionismo e a pintura tradicional europeia e ficou intrigado com a arte da África e da Ásia. Durante esse tempo na Europa, a arte de outras culturas estava em voga.

Em 1889, sua arte evoluiu para o  cloisonismo após ser influenciada pela arte popular e pela arte japonesa. Naquele ano, ele produziu sua obra mais famosa: O Cristo Amarelo.

Desejando escapar da sociedade europeia, Paul Gauguin viajou para o Taiti em 1891. Lá, esperava explorar a sua liberdade criativa. Neste período, pintou By  the  Sea e Ave  Maria, juntamente com outras pinturas que retratam a vida taitiana.

Ele retornou à França em 1893 e pintou o Dia de Deus em 1894, uma obra na qual retratou a religião taitiana. Posteriormente, mudou-se para Punaauia, na costa oeste da ilha do Taiti, em 1897; neste lugar, ele pintou De onde viemos? O que somos? Aonde vamos?.

Mulheres indígenas

Principais obras

Sua pintura  O Cristo Amarelo é, sem dúvida, considerada uma obra-chave do simbolismo. Mostra a crucificação de Cristo na França do século 19. Para o seu desenvolvimento, ele usou linhas ousadas e cores vivas como o vermelho e o verde no fundo, que contrastam com o amarelo que usou para capturar Cristo.

A pintura De onde viemos? O que somos? Aonde vamos? abrange as questões existenciais que surgem na mente dos seres humanos e para as quais procuramos respostas espirituais. A pintura é marcada por pinceladas grossas e cores ousadas e é considerada uma obra-prima do movimento pictórico pós-impressionista.

“A arte é plágio ou revolução”.
-Paul Gauguin-

Em 1891, Gauguin pegou emprestada a cultura ao seu redor e conseguiu criar obras verdadeiramente inovadoras. Em A Orana Maria, ele representou em uma mãe e um filho taitianos as figuras cristãs da Virgem Maria e de Jesus.

Segundo vários historiadores da arte, a obra de Paul Gauguin foi muito inspiradora para os pintores que, mais tarde, desenvolveram o cubismo. Pablo Picasso, em particular, admirava as pinceladas grossas de Gauguin.

Biografia de Paul Gauguin: vida pessoal e legado

Aos 25 anos, ele se casou com a dinamarquesa Mette Sophie Gad, uma pintora amadora. Com ela, teve 5 filhos nos 10 anos seguintes. Depois de perder o emprego na bolsa em 1884, a família se mudou para a Dinamarca.

Lá, ele tentou ganhar a vida trabalhando como vendedor. No entanto, esse esforço não teve sucesso e a sua esposa teve que se tornar responsável pelo principal ganha-pão da família.

Paul Gauguin decidiu abandonar a mulher e os filhos e se dedicar totalmente à pintura. A partir deste momento, seu caminho se tornou uma verdadeira procissão de infortúnios e vicissitudes. Sua longa lista de amantes e filhos abandonados também teve início.

Em 1886, ele se mudou para a região da Bretanha, onde passou a ser reconhecido na comunidade de jovens pintores. Em Pont-Aven, seu amor não correspondido pela pintora Madeleine Bernard, de 17 anos, influenciou a sua decisão de viajar para Arles a convite de Van Gogh.

Viver com Van Gogh resultou em um dos episódios mais sombrios da vida de ambos os pintores. É nesta fase que ocorreu o trágico evento em que Van Gogh perdeu a orelha. Por vezes, Gauguin foi visto como o gatilho para a loucura de Van Gogh.

Seus encontros com amantes eram contínuos. Assim, ele engravidou outra das suas amantes, Juliette Huet, a quem mais tarde abandonaria.

Em seguida, começou a sua aventura de ir ao Panamá e às Antilhas Francesas. Por um curto período, trabalhou como operário para a Companhia do Canal do Panamá.

Posteriormente, Paul Gauguin se estabeleceu na Martinica em 1887. Na ilha, produziu suas primeiras obras impregnadas de indigenismo, que mais tarde o levariam à fama.

Paul Gauguin no Taiti

Paul Gauguin no Taiti

Em 1891, mudou-se para o Taiti, ilha onde mais tarde produziria sua obra mais reconhecida. Ele viveu no Taiti de 1891 a 1893 e novamente de 1895 até a sua morte.

Nesta época, ele teve um relacionamento com uma garota de 13 anos, Teha’amana, que foi vendida pelos seus próprios pais. Com ela, teve uma filha que também serviu de modelo para as suas pinturas.

Depois de deixá-la, Paul Gauguin teve uma infinidade de amantes com idades semelhantes ou até mais jovens. Essa tendência à pedofilia, já na época, gerou um enorme polêmica.

Em 1893, Gauguin voltou à França para exibir algumas das suas peças taitianas. A resposta ao seu trabalho artístico foi mista e ele não conseguiu vender muito.

Os críticos da arte e compradores não sabiam o que fazer com o seu estilo primitivo. Em pouco tempo, Gauguin voltou para a Polinésia Francesa.

A precariedade financeira foi constante nesta fase da sua vida. Sua pintura não foi compreendida ou apreciada em sua época.

“Quero terminar a minha vida aqui, na solidão da minha cabana. Ah sim, aqui sou um criminoso, e daí? Michelangelo também era”.
-Paul Gauguin-

Antes de partir para o Panamá, ele já sofria de tuberculose e também de sífilis. Ao longo da sua vida, sofreu crises de depressão e dependência de álcool, e até tentou suicídio em uma ocasião.

Ele morreu de overdose de morfina e ataque cardíaco em 1903, aos 54 anos.

Recentemente, a biografia de Paul Gauguin foi representada no filme Gauguin, viagem ao Taiti, de Edouard Deluc. No filme, a pequena índia inspiradora de várias obras-primas, que na vida real tinha apenas 13 anos, é interpretada pela atriz Tuhei Adams, de 17 anos.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Sweetman, D.; Gauguin, P. (1998) Biografía de un salvaje. Barcelona: Paidós Testimonios.
  • Gauguin, P.; Velázquez de Montalbán, M. (2012) Antes y después. Nortesur.
  • Solana, G. (2004) Gauguin y los orígenes del simbolismo. Editorial NEREA.
  • Gauguin, P.; Netti, L. (1977) Diario íntimo. No. 82. Centro Editor de América Latina.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.