Biografia de William James: um pioneiro da ciência psicológica
Conheça a biografia de William James, um homem que foi mais do que um notável filósofo do final do século XIX. Até a sua chegada, a sociedade americana associava a psicologia a meras práticas de adivinhação do futuro ou leitura da mente.
Graças a ele e ao laboratório de psicologia experimental que fundou em Harvard, esse campo foi estabelecido como uma disciplina científica. James se consagrou como um dos grandes pioneiros nessa área.
Hoje, muitos ainda consideram James o filósofo americano mais proeminente da sua época e também o pai da psicologia moderna. Os seus trabalhos abrangem várias disciplinas, que variam desde a epistemologia, educação, metafísica, religião, misticismo, anatomia e, é claro, a psicologia.
A maneira como William James se destacou e se tornou um dos líderes nessa área de conhecimento foi, sem dúvida, algo tão único quanto significativo. Ele passou boa parte da sua juventude sofrendo de vários problemas de saúde, doenças estranhas e limitações físicas, como a surdez parcial.
Todas essas condições e desconfortos fizeram com que, em um momento de sua vida, ele pensasse em suicídio. Nesse estado de aparente melancolia, ele concluiu que o que o afligia nada mais era do que uma doença da mente e também da alma.
Por isso, ele quis investigar em outras áreas para buscar respostas em conhecimentos e disciplinas que eventualmente lhe deram grandes revelações: a filosofia e a psicologia.
“O princípio mais profundo da natureza humana é o desejo de ser apreciado”.
– William James –
Biografia de William James: educação eclética e aspiração pessoal
James nasceu em 1842 em uma família de boa posição caracterizada pelo interesse artístico, científico e intelectual. Os seus pais se moviam entre as elites culturais da época e decidiram dar aos filhos uma educação o mais eclética e cosmopolita possível.
Ele passou grande parte da sua infância viajando pelo mundo com a sua família. A princípio, sentia uma inclinação artística pela pintura. Mais tarde, foi atraído pela ciência. Então, em 1861, ele começou os seus estudos médicos na Universidade de Harvard.
Naquela época, o seu irmão, Henry James, já começava a se destacar no campo literário, enquanto a sua irmã Alice o fazia no campo da história.
Em dado momento, William decidiu adiar os seus estudos médicos e iniciar uma expedição científica pela Amazônia com o naturalista Louis Agassiz. No entanto, essa viagem se prolongou por quase dois anos para servir como um período adequado para uma reflexão pessoal.
A medicina não seria o seu único campo de trabalho e estudo. A sua mente, a sua curiosidade inata sobre o cérebro e o comportamento humano, pediam muito mais. Ele queria se aprofundar em mais áreas do conhecimento…
O estudo científico da mente humana
William James passou toda a sua carreira acadêmica em Harvard. Primeiro, ele foi professor de fisiologia, depois de anatomia, psicologia e, mais tarde, de filosofia. O seu trabalho mais importante foi publicado em 1890, logo após criar o primeiro laboratório de psicologia experimental da universidade.
- Este trabalho foi ‘Princípios da Psicologia’ (um livro com mais de mil e cem páginas), no qual abordou as principais áreas desta ciência, como a memória, imaginação, raciocínio, emoções, hábitos e a consciência ‘do eu’.
- Agora, todas essas áreas foram trabalhadas em seu livro a partir de um ponto de vista muito específico: o filosófico.
Essa visão bastante pragmática da psicologia como ciência fez de William James um dos precursores do funcionalismo. Tal abordagem daria origem ao surgimento do behaviorismo.
“Todos os nossos esforços para explicar os pensamentos como produtos de entidades mais profundas são metafísicos. Por esse motivo, rejeito as teorias associacionistas e as espirituais para definir o que é a psicologia para mim. O meu ponto de vista é estritamente positivista, então me sinto tentado a afirmar que tenho originalidade”.
O estudo da consciência
William James queria se aprofundar e delimitar o estudo da consciência através da fisiologia experimental. Ele o fez com outros especialistas, como Henry Pickering Bowditch e James Jackson Putnam.
Tudo isso tinha um objetivo muito específico: tentar localizar a consciência em alguma área do cérebro.
- Após uma série de testes e análises, ele concluiu que a consciência é realmente um processo. É a noção que temos de nós mesmos. É uma imensa soma de domínios que inclui tudo o que foi vivido e sentido, o nosso passado e também o nosso potencial futuro.
- A consciência para William James era definida como um conjunto de imagens, pensamentos e sensações. Eles podem ser transitórios ou permanentes em nossa mente.
- A psicologia poderia, portanto, analisar esse processo. Ou seja, o fluxo de pensamentos para conseguir delimitar aquela ideia abstrata que configura o “eu”.
O estudo das emoções na biografia de William James
Com esse interesse de William James no que se refere à compreensão do comportamento humano, era quase inevitável que em algum momento da sua carreira ele direcionasse a sua curiosidade científica ao campo das emoções.
- Ele o fez em parceria com Carl Lange, um médico dinamarquês especialista em fisiologia. Juntos, eles enunciaram a conhecida teoria da emoção James-Lange. Ela entende que emoção é a percepção da mente sobre as condições fisiológicas que surgem de um determinado estímulo.
- Por exemplo, se eu vejo que há uma cobra ao meu lado, não sinto medo ao pensar que ela pode me atacar. O meu corpo e a minha consciência geram uma determinada resposta fisiológica. Essa resposta é o que finalmente dá origem à emoção. A fuga e a reação física seriam, de acordo com essa teoria, o que desencadeia esse sentimento de medo e angústia.
O legado de William James: um filósofo e um pioneiro em psicologia
William James morreu de insuficiência cardíaca em sua casa de New Hampshire em 26 de agosto de 1910. Tinha 68 anos e deixou para trás um imenso, variado e fascinante legado para a psicologia.
Ele fundou a escola filosófica do pragmatismo e da psicologia funcional. Além disso, estabeleceu o empirismo em seus estudos científicos. Finalmente, foi um dos primeiros psicólogos a se aprofundarem no estudo e na compreensão do cérebro.
Graças a ele, foram levantados os primeiros pilares dessas disciplinas psicológicas, que continuam avançando até hoje.
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