Como se defender segundo as filosofias orientais

Nas artes marciais é possível aprender a lutar de forma magistral, não apenas para saber como atacar, mas também para se defender. Nessas disciplinas o melhor combate é aquele no qual não ocorre qualquer problema ou destruição, tanto em si mesmo quanto nos demais.
Como se defender segundo as filosofias orientais
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 28 janeiro, 2021

A vida exige que você aprenda como se defender. Por mais pacífico que você seja, cedo ou tarde será exposto a uma situação conflituosa na qual alguém pode querer se impor sobre você ou limitar as suas ações de algum modo.

Talvez, em um determinado momento, você se ofenda e sinta que deve responder de alguma forma.

O mais comum é que, diante de uma agressão ou insulto, você contra-ataque de alguma forma. Se alguém gritar com você, você vai gritar de volta. Se alguém tentar te agredir fisicamente, você responderá fisicamente também.

Esta é a reação óbvia porque, na verdade, no Ocidente não há o costume nem a recomendação de se defender de outra maneira.

“Os professores e santos podem parecer bobos. As pessoas pretenciosas demonstram ao mundo que são apenas principiantes”.
-Gichin Funakoshi-

Por outro lado, as filosofias orientais já estudaram e falaram muito sobre a guerra, o combate e o conflito. As artes marciais são fruto disso, uma vez que abordam a defesa como um aspecto central.

Se você quer saber como se defender a partir dos postulados das artes marciais, tome nota dos seguintes pontos.

Os ensinamentos das artes marciais

A filosofia que está por trás de como se defender

Quem pratica uma arte marcial evita o confronto tanto quanto possível. Essa é a principal estratégia tanto de ataque quanto de defesa. Todas as táticas são orientadas pelo objetivo de neutralizar a pessoa contrária ou persuadi-la a não entrar em combate.

Qualquer coisa que se diga ou se faça em defesa própria deve respeitar os princípios de não destruir, causar dano ou humilhar o adversário. Fazer isso significaria alimentar a ânsia pela violência. E o que se quer é justamente o contrário: preservar a harmonia.

Os orientais sabem que o custo de um conflito sempre será muito alto. Quando a harmonia se rompe, o mais adequado é buscar o caminho para restabelecê-la, e não vias para aprofundar as contradições.

Esse é o primeiro princípio que você deve ter muito claro se quiser saber como se defender.

A atitude, um aspecto fundamental

Diante de uma tentativa de agressão física, os orientais recomendam, antes de qualquer coisa, manter uma atitude tranquila. Essa calma deve se refletir no corpo, que deve estar relaxado.

Isso pode ser alcançado com a prática e a partir do controle da respiração. Se você respirar pausadamente, os músculos se tornarão menos rígidos.

Além disso, a arte de saber como se defender de uma agressão física inclui os seguintes passos:

  • Manter distância do agressor, tanto quanto for possível.
  • Não fazer movimentos mecânicos ou automáticos, mas sim controlados.
  • Sensibilizar-se e tentar compreender a atitude do outro.
  • Aprender a cair e a se levantar.
  • Tentar ter uma visão periférica do todo.
  • Manter uma postura corporal erguida, com os pés bem firmes no chão, mas com os músculos relaxados.

Isso é apenas uma síntese muito básica do que é recomendado pelas artes marciais. Cada um desses pontos tem toda uma filosofia por trás que o sustenta, e requer anos de experiência. Mesmo assim, é útil para nós como um ilustração e também, por que não, como uma proposta prática.

Em essência, os ataques físicos são muito similares aos ataques verbais. Empregam mecanismos parecidos, ainda que se valham de ferramentas diferentes. Os mesmos princípios sobre como se defender de um ataque físico também se aplicam ao casos de agressões verbais.

Os ataques verbais

Os orientais insistem que ninguém deve deixar outro alguém humilhá-lo verbalmente. No entanto, a forma de repelir esses ataques não é respondendo nos mesmos termos, mas sim empregando outras estratégias.

Algumas delas têm relação com a linguagem corporal. Ela deve comunicar firmeza e concordar com o que se está falando. Recomendamos esses gestos:

  • Olhar fixamente para o agressor por um momento breve e, logo, se retirar sem baixar o olhar.
  • Olhar para o outro com uma expressão de estranheza e se afastar dele.
  • Não se encolher, mas manter uma postura ereta e firme.
  • Não fugir do contato visual, ainda que a situação seja incômoda.
  • Não falar se o outro não está escutando nem querendo entender.
Mulher nervosa

Se você tem compreensão e compaixão suficientes pelo outro, vai saber como se defender. É claro que também deve primeiro se conhecer, se compreender, e saber gerenciar as suas próprias emoções.

Chegado o momento de enfrentar uma agressão verbal, os orientais recomendam seguir uma dessas três estratégias:

  • Retirar-se. É válido quando, pela atitude do outro ou pelas circunstâncias, você acha que há uma grande probabilidade de se dar mal. Essa estratégia tem relação com ficar em silêncio, sair do local ou mudar o tema da conversa.
  • Fazer uma trégua. Essa técnica é empregada quando há algum grau de razão no outro, ou se esse se mostra muito triste pela situação .Tem relação com tentar fazer um acordo, partindo do princípio de reconhecer o que há de válido no ponto de vista do outro.
  • Não fazer nada. É utilizado quando a ofensa é totalmente gratuita, ou quando você não tem certeza se há qualquer fundamento na mesma. Tem relação com permanecer quieto e em silêncio, talvez até com os olhos fechados.

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  • Avelar-Rosa, B., Gomes, M., Figueiredo, A., & López-Ros, V. (2015). Caracterización y desarrollo del “saber luchar”: contenidos de un modelo integrado para la enseñanza de las artes marciales y de los deportes de combate. Revista de Artes Marciales Asiáticas, 10, 16-33.

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