5 conselhos de Marco Aurélio para ter uma vida boa
Os conselhos de Marco Aurélio para uma vida boa vêm da sua conhecida e imortal obra Meditações. Não importa que vários séculos tenham se passado desde que o renomado imperador da Roma Imperial a escreveu – em grego – pelos anos de 170 e 180. Hoje, suas palavras permanecem uma referência como um guia para a boa vida, a ética e a paz interior.
Sem dúvida, é curioso saber que esse conjunto de ensinamentos não buscou mais do que ser um exercício de introspecção para si mesmo. São pensamentos que ele escreveu como parágrafos curtos. Também continham a essência daquele estoicismo que acabou integrando à própria vida. Quase sem saber, Marco Aurélio passou a ser referência também no campo da psicologia.
Conhecido como o último dos 5 bons imperadores, ele é descrito como um homem gentil. Foi um fiel servidor de Roma, mas também aquela figura que soube marcar a história por ser um grande filósofo.
“Se não for conveniente, não faça; se não for verdade, não diga. Seja mestre das suas inclinações.”
-Marco Aurelio –
Dicas de Marco Aurélio para ter uma vida boa
Marco Aurélio pensava que a filosofia não deveria ser uma simples enteléquia. Ela tinha que ser praticada. Por esse motivo, em Meditações encontramos algumas diretrizes básicas de ação e comportamento que são, no mínimo, inspiradoras. Assim, todo olhar intuitivo e toda mente aberta identificarão influências em seus conselhos que vão além do estoicismo tardio.
Em suas páginas se percebem influências do budismo oriental e do pensamento de Heráclito e dos cínicos. Ele era um homem sábio e, acima de tudo, curioso. Isso tornou seu conhecimento e sua abordagem das aulas atemporais. Nada soa estranho porque ele usa aquele senso de lógica e inspiração capaz de guiar qualquer alma e qualquer mente independentemente do momento.
Da mesma forma, somos cativados pela sua filosofia de tranquilidade. Aquilo que Demócrito, os estóicos e os epicureus definiram como ataraxia também está presente nas Meditações. É um estado de espírito sereno em que não são percebidos medos, desejos ou ansiedades. Apenas equilíbrio.
Os conselhos de Marco Aurélio para ter uma vida boa ainda são referência. Vamos analisá-los.
1. Lide com as críticas para viver melhor
“Lembre-se de que você tem poder sobre a sua mente, não sobre os eventos externos. Perceba isso e você encontrará a força para que apenas o que é importante te afete.”
Uma das dicas de Marco Aurélio para ter uma vida mais tranquila é aprender a lidar com as críticas. Certamente, dada a sua posição pública, ele teve que lidar com muitas. Lembremos também que muitas das passagens de Meditações foram escritas nos intervalos durante as batalhas.
De alguma forma, ele foi um verdadeiro guru na arte de administrar conflitos, tanto de guerra quanto sociais ou cotidianos. Assim, no que diz respeito à crítica, havia algo que se repetia com frequência em sua obra: o que acontece fora só adquire força quando lhe damos presença em nossas mentes. O que está lá fora são apenas perspectivas, mas não verdades. Nós escolhemos o que valorizar.
2. Coisas das quais você não deve ter medo
“Não é a morte que devemos temer, o que nos deve causar medo é não ousar viver.”
Lembremos as bases do estoicismo que norteou Marco Aurélio. Esta escola filosófica fundada por Zenão de Cítio exaltou o domínio da mente, do comportamento e daquelas paixões que perturbam a calma interior. O medo é aquele elemento que perturba tudo, que nos enfraquece e nos torna vulneráveis.
Assim, um dos conselhos de Marco Aurélio é aprender a enfrentar essa emoção invalidante. Para fazer isso, em seu trabalho, ele recomenda uma série de etapas:
- Não tenha medo de pedir ajuda. “Não tenha vergonha de pedir isso. Como um soldado atacando uma parede, você tem uma missão a cumprir. E se você foi ferido e precisa de um parceiro para buscá-lo? E daí?”
- Não há necessidade de temer a morte. Na verdade, o que mais nos angustia é não ousar viver plenamente.
3. Construa uma vida tranquila para você
“Em nenhum lugar o homem pode encontrar um retiro tão pacífico e tranquilo quanto na privacidade da sua alma.”
Já dissemos: uma vida satisfatória para os estoicos é uma vida pacífica e harmoniosa. Trabalhos de pesquisa, como os do psicólogo Bruce K. Alexander, lembram um fato recorrente na orientação de Marco Aurélio.
De seus ensinamentos emerge a imagem de um eu autossuficiente. Somente quando alcançamos a virtude de sermos donos do nosso pensamento e desenvolvemos aquele conforto psicológico é que a calma e a tranquilidade chegam. Não importa o que nos rodeia, se a mente está em equilíbrio, nela encontramos o melhor refúgio.
4. Simplifique a sua existência
“Lembre-se sempre disso: para viver feliz, muito pouco é o suficiente.”
Preocupe-se o mínimo, concentre o olhar no mais básico da existência para sobreviver e ser feliz. O conselho de Marco Aurelio exalta aquele minimalismo vital que foge dos apegos materiais e que se concentra na prioridade: o bem-estar interior.
5. Felicidade autêntica e boa vida
“Viva uma vida boa. Se houver deuses e eles forem justos, eles irão recebê-lo com base nas virtudes pelas quais você viveu. Se não houver deuses, você terá vivido uma vida nobre que perdurará na memória de seus entes queridos. E se houver deuses, mas eles forem injustos, então você não deve querer adorá-los. “
A vida boa para o imperador filósofo sempre parte da simplicidade e da paz interior. Nada mais é necessário. Assim, enquanto outras abordagens preconizam a responsabilidade por carregar o peso do mundo sobre os próprios ombros, Marco Aurélio e seu estoicismo nos convidam a nos libertar.
A felicidade está em ser virtuoso, em encontrar o autocontrole e moldar uma existência o mais simples possível… Essa é a chave.
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- Alexander, B., & Shelton, C. (2014). Stoicism: Marcus Aurelius and the sufficient self. In A History of Psychology in Western Civilization (pp. 98-133). Cambridge: Cambridge University Press. doi:10.1017/CBO9781139017541.004
- Aurelio, Marco (2007) Meditaciones. Madrid: RBA libros
- Irvine, William B. A Guide to the Good Life: The Ancient Art of Stoic Joy. Oxford University Press, 2009. ISBN 978-1522632733.
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