Segundo um estudo, 70% do consumo de pornografia ocorre no trabalho
Em 2017, membros do Parlamento Britânico em Westminster fizeram quase 24.000 tentativas de acesso a páginas com conteúdo sexual. Por mais surpreendente que possa parecer, esta é apenas uma pequena amostra do que um estudo recente revela: cerca de 70% do consumo de pornografia ocorre durante o horário de trabalho. É surpreendente, mas é verdade.
Em alguns lugares, esse tipo de ação acarreta demissão imediata. A justificativa para isso é óbvia: o funcionário está gastando seu tempo em tarefas que não são da empresa. No entanto, nos últimos anos se abriu outra frente que deve nos convidar a uma reflexão valiosa.
Assistir a pornografia em ambientes de trabalho pode levar a situações de assédio sexual. Cria-se um clima hostil e desconfortável em que é cada vez mais comum a ocorrência de gestos, palavras, insinuações e ações antiéticas que podem gerar reclamações.
Ver pornografia é um hábito diário para muitas pessoas, e isso tem consequências graves em muitos níveis: pessoal, social e profissional.
70% do consumo de pornografia ocorre durante o horário de trabalho: quais são as consequências?
A indústria pornográfica movimenta milhões em todo o mundo. O pior é que o primeiro acesso ocorre em idades cada vez mais jovens. A verdade é que ainda não se fala o suficiente sobre este assunto. Sabemos, por exemplo, que esta prática condiciona completamente o comportamento sexual dos mais novos, a ponto de distorcer a imagem da mulher, tornando-a um mero objeto.
Da mesma forma, não podemos ignorar o vício gerado pelo consumo de pornografia online, bem como o aumento da violência sexual. De alguma forma, tudo isso são dados sobre os quais já lemos manchetes em algumas ocasiões. No entanto, há outro tópico importante no qual insistir.
70% da pornografia é consumida durante o horário de trabalho. Se você imaginava que essa prática acontecia em casa e tarde da noite, estava errado. O mundo do trabalho também não está alheio a esse assunto, e é importante se aprofundar nele.
Grande parte da pornografia é consumida entre 9h e 17h
A Brigham Young University publicou uma pesquisa muito reveladora sobre esse assunto há apenas alguns meses. O objetivo era entender que impacto o consumo de pornografia online poderia ter nos ambientes de trabalho. Para isso, os pesquisadores utilizaram dados de pesquisas anteriores:
- 60% das pessoas assistiam pornografia apenas no trabalho. 10% a viam no trabalho e também em casa.
- 70% de todo o tráfego de pornografia na Internet ocorre durante o horário comercial, ou seja, entre 9h e 17h.
- Várias agências federais fizeram pesquisas sobre funcionários em várias empresas, descobrindo que, de fato, muitas pessoas passam muito tempo do dia visitando “páginas para adultos”.
A pornografia é consumida durante o horário de trabalho, geralmente mais pelo celular do que pelo computador. Embora as mulheres também caiam nessa prática, é mais comum que os homens permaneçam mais tempo nesses espaços.
A relação entre o consumo de pornografia no trabalho e o comportamento antiético
Que implicações isso teria para os funcionários de uma empresa? Na verdade, muitas. Os autores desta pesquisa, David A. Wood, Nathan W. Mecham e Melissa F. Lewis-Western, destacaram estas dinâmicas.
- Em primeiro lugar, quem ocupa parte do seu tempo em algo que não é típico do seu trabalho estará mais sujeito a cometer fraudes e a contar mentiras.
- Por outro lado, é comum que apresentem comportamentos egoístas, não participativos e problemáticos para todo o ambiente de trabalho.
- Da mesma forma, há outro fato não menos negativo: os comportamentos de assédio estão em alta. Às vezes, embora o assédio sexual em si não ocorra, surgem outras dinâmicas de desprezo pelas mulheres. Um exemplo disso é desvalorizar o trabalho dos colegas ou fazer comentários ou exibir atitudes claramente machistas.
Alguns dos efeitos de consumir pornografia no trabalho são baixo desempenho, desumanização e tratamento dos outros como meros objetos.
Como agir diante dessa prática?
Sabemos que boa parte da pornografia é consumida durante o expediente. Isso deve ser levado em conta no nível social e também no nível organizacional em qualquer empresa ou ambiente de trabalho. Se tivermos uma parte de nossos funcionários assistindo pornografia online, é muito provável que seu comportamento acabe mudando. Seu desempenho diminuirá e suas relações com os outros se tornarão cada vez mais problemáticas.
O que podemos fazer a respeito do consumo de pornografia durante o expediente?
Diante dessas realidades cada vez mais difundidas, é preciso agir. Estes seriam alguns exemplos:
- É preciso haver uma política interna que proíba essas práticas.
- Assistir pornografia online (mesmo no dispositivo próprio) durante o horário comercial deve ser penalizado.
- Os controles preventivos, com filtros e bloqueios a essas páginas, são outra estratégia.
- Também é necessário regulamentar e prevenir comportamentos sexistas no próprio ambiente de trabalho. Um exemplo disso é um funcionário usar imagens pornográficas como protetores de tela em seu computador.
- Também é necessário estabelecer medidas de prevenção ao assédio moral no ambiente de trabalho, bem como mecanismos acessíveis para denunciar esse tipo de conduta.
Para concluir, embora seja verdade que é muito difícil regulamentar a pornografia, devemos começar a definir limites em nossas esferas mais próximas. Um exemplo disso está em nossa casa, com nossos filhos, e também em nossos empregos. Se seu dia a dia no trabalho estiver muito monótono, será sempre mais aconselhável recorrer ao jogo de Paciência do que ao Pornhub…
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- Chen L, Jiang X. The Assessment of Problematic Internet Pornography Use: A Comparison of Three Scales with Mixed Methods. Int J Environ Res Public Health. 2020 Jan 12;17(2):488. doi: 10.3390/ijerph17020488. PMID: 31940928; PMCID: PMC7014272.
- Mecham, Nathan & Lewis-Western, Melissa & Wood, David. (2021). The Effects of Pornography on Unethical Behavior in Business. Journal of Business Ethics. 168. 10.1007/s10551-019-04230-8.