A corrupção a partir de uma perspectiva psicológica

Neste artigo, falamos da corrupção a partir de uma perspectiva psicológica. Esta prática está muito difundida na sociedade atual, e supõe, em muitos casos, uma traição da confiança depositada.
A corrupção a partir de uma perspectiva psicológica
Marián Carrero Puerto

Escrito e verificado por a psicóloga Marián Carrero Puerto.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

A corrupção a partir de uma perspectiva psicológica é um tema de interesse recente para este ramo do conhecimento. Ao longo deste artigo, falaremos sobre o que é a corrupção e quais são seus vários tipos, além de mostrar esta prática a partir de uma perspectiva psicológica com um estudo exposto no final do texto.

A palavra corrupção está presente no nosso cotidiano com mais frequência e persistência do que gostaríamos. Uma prova disso é a taxa de reprodução de notícias difundidas pelos meios de comunicação envolvendo pessoas que, pelos seus cargos públicos, deveriam ser modelos de conduta.

“Se não tivermos policiais, juízes e fiscais honestos, valorosos e eficientes; se eles se renderem ao crime e à corrupção, estarão condenando o país à ignomínia mais desesperadora e atroz”.
-Javier Silicia-

Pessoa mentindo e cruzando os dedos

Quando falamos da corrupção a partir de uma perspectiva psicológica?

Podemos definir a corrupção como uma forma de autoritarismo caracterizada pelo uso do público para interesses particulares (Benbenaste, 1999). No entanto, existe a necessidade de distinguir entre dois tipos de corrupção:

Primeiro tipo de corrupção

É a derivada da incidência do valor mercantil na subjetividade de quem se encontra em uma posição de governante ou funcionário do Estado.

É corrupto quem, usando sua posição na política ou como funcionário público, busca obter mais dinheiro do que legalmente adjudicado pela sociedade.

O corrupto deseja manter um nível de consumo e um tipo de comportamento muito além dos permitidos pela sua renda legal. No entanto, não produz nem compete, como os empresários ou funcionários que se encontram na dinâmica do mercado.

Em suma, o corrupto não é produtivo para o Estado e também não se sente capaz de ingressar e se sustentar na concorrência própria da dinâmica inerente ao mercado.

“Quem vota nos corruptos os legitima, os justifica, e é tão responsável quanto eles”.
-Julio Anguita-

Segundo tipo de corrupção

É a incidência de formas pré-capitalistas do poder na prática política e no Estado.

Esta segunda forma é predominante em países pouco desenvolvidos ou que, em comparação com o patamar de desenvolvimento mundial, permanecem em um atraso relativo de forma crônica.

A forma de dependência incondicional entre o líder ou chefe e seus adeptos gera um vínculo sem mediações, dualista, cujos polos são lealdade e traição.

Quando o líder assume seu cargo no Estado, incorpora, usando o critério de lealdade, várias pessoas que, com frequência, não são capacitadas para exercer as funções do cargo que assumem.

O que a maioria das pessoas considera como corrupção é o primeiro tipo. Expressões como a ineficiência é igual ou pior do que a corrupção, como registram as pesquisas realizadas na Argentina desde 1999, indicam que esta forma de corrupção pré-capitalista muitas vezes não é percebida como tal pelos cidadãos do país (Benbenaste et al. 2005).

“Se fosse possível criar um robô capaz de ser funcionário civil, acredito que faríamos um grande bem, já que as Leis da Robótica o impediriam de prejudicar o ser humano, e o incapacitariam para a corrupção, a estupidez e o preconceito”.
-Isaac Asimov-

Negociação finalizada

Psicología Política: corrupção a partir de uma perspectiva psicológica

Um estudo realizado por Anderson e Tverdova (2003) sobre o impacto da corrupção e as alianças políticas na sociedade indica que a atitude dos cidadãos em relação aos governos – nos países em que a corrupção política é elevada – é negativa.

Os autores do estudo dizem que os grupos sociais criticam o sistema político destes governos e desconfiam das autoridades locais, embora sejam governos autodenominados como democráticos. Por outro lado, a crítica e a desconfiança são notavelmente atenuadas entre os adeptos ao regime.

A conclusão deste estudo é de que, embora as práticas governamentais que comprometem os princípios democráticos sejam indicadores importantes do tipo de gestão política de um país, a corrupção não reduz o apoio do eleitorado às instituições políticas em igual medida no que se refere à política, cultura e economia.

O resultado desta pesquisa é interessante para tirar conclusões sobre a análise do discurso em torno do tema da corrupção a partir de uma perspectiva psicológica e das políticas governamentais contextuais.


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  • Anderson, C.J. & Tverdova, Y.V. (2003) Corruption, Political Allegiances and Attitudes toward Government in Contemporary Democracies. American Journal of Political Science, 47(1), 91–109.

  • Benbenaste, N. (1999). Democracia Mercantil. Buenos Aires: EUDEBA.

  • Benbenaste, N. & Delfino, G. (2005). “El concepto de corrupción, sus formas de vigencia en la sociedad contemporánea”. Les cahiers de psychologie politique.

  • Stein–Sparvieri, E. (2013). La corrupción política y su expresión en el discurso periodístico. Subjetividad y procesos cognitivos17(2), 133-155.


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