Counselling: o que é e como se faz

Counselling: o que é e como se faz
Judith Francisco

Escrito e verificado por a psicóloga Judith Francisco.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Diante de situações difíceis como a doença de um filho ou a morte de um familiar, alguns profissionais de saúde utilizam o counselling para ajudar os pacientes. Esses profissionais concordam com Victor Frankl em algo muito importante: a atitude é uma escolha pessoal. Deste modo, trabalham para que a atitude que tomamos diante das dificuldades seja a mais saudável possível.

Victor Frankl foi um psiquiatra austríaco de origem judia que sobreviveu durante três anos em campos de concentração como Auschwitz e Dachau. Devido a essa dura experiência, começou a escrever livros nos quais, com frequência, destaca que, apesar de tudo, sempre existe alguma razão para viver. Assim, os profissionais que trabalham nesta vertente tratam de investigar, através de perguntas, quais são as razões de cada paciente para viver. Assim, podem ajudá-los a encontrar a luz no final do túnel.

“Podemos tirar tudo de uma pessoa, exceto a escolha de sua atitude diante de um conjunto de circunstâncias”.
-Victor Frankl-

O counselling: uma ferramenta relacional

O counselling ou assessoramento psicológico é uma prática que consiste em explorar a subjetividade do outro para poder acompanhá-lo. Em outras palavras, é a arte de fazer uma pessoa refletir através de perguntas para que possa tomar a decisão que considere mais adequada para ela e, em última instância, para a sua saúde.

Sessão de counselling

O objetivo do counselling é maximizar o nível de competência do paciente ao mínimo custo emocional possível. Para isso, o terapeuta deverá tomar três atitudes básicas: a recepção, a presença e a compaixão, assim como possuir uma série de habilidades fundamentais. Estas habilidades são as seguintes:

  • Gestão emocional: as emoções são naturais. Reconhecê-las e aceitá-las é o primeiro passo para gerenciá-las. O profissional deve tomar cuidado para que o sofrimento dos demais não o impeça de desempenhar o seu papel adequadamente. Por outro lado, ele irá ensinar o paciente a administrar as suas emoções.
  • Comunicação eficaz: o terapeuta não deve ser autoritário, nem paternalista com o paciente. Não se trata de dar ordens, nem de superproteger a pessoa que pede ajuda. Trata-se de dar-lhe autonomia e ferramentas para que ela tome uma decisão e solucione os problemas por si mesma.
  • Contenção e apoio emocional: as emoções na presença de sofrimento são fortes e variadas. Não devem ser contidas, mas sim validadas e acompanhadas.
  • Solução de problemas: trata-se de uma tomada de decisões compartilhadas entre paciente e profissional.

Intervenção no counselling: comunicação eficaz em quatro passos

Para que a habilidade de comunicação com o paciente seja eficaz, devem ser tomados quatro passos básicos:

  • Parar e se conectar consigo mesmo. É importante que o profissional se concentre no momento presente, através da conexão com a sua respiração. Isso lhe dará alguns segundos para escolher sua resposta para o questionamento de um paciente.
  • Validar. A validação é a habilidade de escutar a emoção do outro e ter empatia. É reconhecer a perspectiva do paciente e fazer com que ele veja que o seu comportamento tem razões válidas para ser assim. Somente através da sensação de aceitação e reconhecimento são abertos os canais de comunicação. Pode ser que o profissional não compartilhe de suas opiniões ou comportamentos, mas deve entendê-las e validá-las. Assim, os princípios para que a comunicação seja eficaz são resistir ao reflexo de corrigir e dizer ao paciente o que ele tem que fazer, compreender as necessidades e preocupações do paciente, escutá-lo e dar-lhe autonomia para passar à ação.
  • Perguntar. Esse passo é a base do counselling. Refere-se ao fato de o profissional realizar perguntas abertas e com foco, que ajudem o paciente a refletir e a tomar decisões satisfatórias. Algumas perguntas abertas que podem facilitar a comunicação com o paciente são as seguintes: o que você sabe sobre a sua doença? O que você quer saber sobre ela? Como você se sente? Como podemos ajudá-lo?
  • Dialogar. O diálogo é o meio para informar e compartilhar perspectivas com o paciente. É muito útil fazer críticas construtivas, pedindo mudanças. Para isso, é recomendável começar descrevendo o problema e expressando os sentimentos que geram esse comportamento problemático, para depois pretender opções de mudança, enquanto são oferecidos comportamentos alternativos que substituam o anterior.
Mulher em sessão de counselling

O modelo de solução de problemas no Counselling

Por último, é importante mencionar que, como ajuda na hora de tomar decisões, é muito útil para os pacientes seguir o modelo de solução de problemas. Este modelo é composto pelos seguintes passos:

  • Orientação em direção ao problema. Relaciona-se com a atitude tomada diante do problema. Essa atitude pode ser de esquiva, de impulsividade, de proatividade… Uma vez que identifica qual é a atitude do paciente diante da situação, o terapeuta deve incentivar a adoção de uma atitude positiva na qual o problema suponha um desafio que ajude o paciente a crescer a nível pessoal.
  • Definir o problema de um modo específico explorando a perspectiva de ambas as partes. O paciente e o profissional podem ter pontos de vista diferentes, o que é positivo para estimular a mudança.
  • Buscar alternativas. É muito comum, nesse ponto, realizar um brainstorming ou chuva de ideias que crie diferentes opções possíveis.
  • Balanço de prós e contras de cada opção levantada no brainstorming.
  • Escolher a opção que finalmente seja considerada a mais adequada.
  • Agir. Elaborar um plano por etapas. As etapas devem ser fáceis e realizáveis, para que não ocorra o abandono.
  • Reavaliação. Uma vez elaborado o plano escolhido, é recomendável observar como foi executado e quais foram os seus resultados. Se o problema foi revertido graças à decisão tomada, reforçaremos o plano, e se não funcionou, faremos uma reconsideração do porquê e de como fazer com que ele funcione.

Em síntese, as ferramentas descritas impulsionarão o paciente a tomar as suas próprias decisões e a se sentir responsável pela sua vida. Somente assim conseguiremos que ele se mobilize em direção à mudança, e que esta perdure no tempo. Se não, perguntamos ao paciente o que é que o preocupa ou o que o ajudaria; com o profissional tomando a frente de absolutamente tudo, o problema não será solucionado ou, se o for, será por muito pouco tempo.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.