O que é a demência vascular?


Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater
A demência vascular é, depois do Alzheimer, a doença neurodegenerativa mais comum após os 70 anos. A origem dessa patologia está nos problemas de fluxo sanguíneo, que dificultam a chegada do sangue ao cérebro. É algo lento e progressivo, uma realidade que impacta a qualidade de vida da pessoa, afetando sua memória, movimentos, comunicação…
Observe que a demência vascular, hoje, não é uma doença reversível. Podemos, sim, retardar seus efeitos, mas infelizmente não temos tratamentos que possam interromper ou tratar efetivamente esta dura realidade que centenas de pessoas e suas famílias vivenciam.
Agora, há um aspecto que deve ser destacado. Ao contrário do Alzheimer, esse tipo de demência tem certos fatores protetores e gatilhos que, dependendo do contexto, todos nós, de certa forma, podemos controlar. Isso não significa que podemos evitá-lo 100%, mas sim reduzir a probabilidade ou atrasar seu aparecimento. A demência vascular está relacionada a fatores subjacentes bem conhecidos, como pressão alta, colesterol e triglicerídeos, diabetes, excesso de peso, estilo de vida pouco saudável, etc.
Melhorar nossa saúde vascular é algo que está ao nosso alcance. Vejamos, portanto, quais são as características que definem essa doença, que representa cerca de 20% dos diagnósticos de demência realizados todos os dias.
A demência vascular é o resultado de uma série de pequenos derrames que ocorrem ao longo do tempo, levando a problemas cognitivos, de mobilidade e de comunicação.
O que é a demência vascular?
A demência vascular é uma doença neurodegenerativa com comprometimento cognitivo. A origem está em várias lesões e alterações vasculares, sendo as seguintes as mais comuns:
- Estreitamento dos vasos sanguíneos no cérebro como resultado da arteriosclerose.
- Infarto lacunar múltiplo, que geralmente ocorre tanto na substância cinzenta quanto na substância branca hemisférica profunda.
- Infarto cerebral em áreas-chave do cérebro, como o giro angular ou o tálamo.
- Encefalopatia arteriosclerótica subcortical.
- Trombose e embolias.
Por outro lado, um estudo realizado pelo Dr. Constantino Ladecola e publicado na revista Neuron aponta o seguinte:
- A demência vascular é causada por uma alteração nos vasos sanguíneos. Agora, o problema não está apenas presente quando se trata de enviar oxigênio e nutrientes para o cérebro. Existem também as mudanças que os neurônios e as células gliais sofrem, nas quais a homeostase interna muda e a comunicação é alterada.
Por que essa condição neurodegenerativa aparece?
Como apontamos no início, a demência vascular está relacionada a alguns fatores de risco. Algo que os especialistas apontam é que, em média, esta doença costuma exibir seus primeiros sinais ao nos aproximarmos dos 60 anos de idade. No entanto, os sintomas se tornam mais evidentes a partir da década dos 70. Da mesma forma, deve-se destacar que seu aparecimento é mais comum no sexo masculino.
Estes são os gatilhos que geralmente estão por trás da demência vascular:
- Tabaco.
- Hipertensão arterial.
- Colesterol alto.
- Diabetes.
- Obesidade.
- Vida sedentária.
- Ter tido problemas cardíacos anteriores.
- Ter sofrido um acidente vascular cerebral anteriormente.
- A demência vascular também está associada, em muitos casos, ao próprio envelhecimento do cérebro.
Sintomas da demência vascular
Os sintomas associados à demência vascular são lentos e progressivos. Frequentemente, nós os interpretamos como simples distrações ou como alterações associadas ao humor. Porém, chega um momento em que a funcionalidade da pessoa começa a ser claramente afetada, e é aí que solicitamos ajuda médica e uma avaliação.
Os sintomas mais óbvios costumam ser os seguintes:
- Problemas de movimento. As características mais evidentes de um problema vascular se manifestam nos movimentos da pessoa, que ficam mais rígidos, lentos e desajeitados.
- Problemas de pensamento. Existem lapsos de memória, déficits para entender, refletir, atender, planejar e até mesmo manter a lógica em uma conversa.
- Alterações no humor. Esta também é uma característica muito óbvia. A pessoa sofre oscilações de humor, fica apática, desmotivada, irritada, e às vezes pode até mostrar uma certa agressividade… Tudo isso pode ser confundido com depressão quando, na verdade, existe uma causa subjacente irreversível.
- Delírios e alucinações.
Por outro lado, há algo que devemos saber. Os sintomas associados à demência vascular podem variar dependendo da localização dos infartos ou alterações vasculares. Assim, podemos perceber a princípio alguma falta de jeito motora ou até mesmo a incapacidade de comunicação. Às vezes, essas realidades aparecem de repente ou lentamente.
Que tratamentos existem para pessoas com demência vascular?
O dano causado pela demência vascular não pode ser revertido, mas pode ser retardado. Daí a importância da detecção precoce, avaliação e posteriores exames diagnósticos com exames de imagem (TC, Ressonância Magnética…). Assim que o dano cerebral for avaliado, os fatores que desencadearam essa condição serão tratados, como um problema cardíaco.
Os tratamentos serão adaptados à realidade pessoal de cada paciente e à fase em que se encontram.
- Geralmente, uma série de medicamentos é administrada para tratar os sintomas e, por sua vez, para retardar a evolução da doença.
- Da mesma forma, é apropriado que a pessoa siga um programa de neurorreabilitação, no qual seja possível treinar a memória, a compreensão, a atenção, etc.
- Os programas multidisciplinares são sempre os mais adequados. Dessa forma, a pessoa pode contar com assistência psicológica, fisioterapia, fonoaudiologia e até terapia ocupacional.
O apoio familiar é outro elemento que deve ser considerado em todos os casos. Não podemos esquecer que enfrentamos realidades tão duras quanto desgastantes, onde estão em jogo emoções, recursos e demandas para as quais nem sempre estamos preparados.
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- Iadecola, C. (2013, November 20). The Pathobiology of Vascular Dementia. Neuron. https://doi.org/10.1016/j.neuron.2013.10.008
- Caisberger, F., y Vališ, M. (2018). Demencia vascular. Interni Medicina pro Praxi , 20 (3), 159-162.
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