Qual é a relação entre a depressão e as dores nas costas?
A depressão e as dores nas costas costumam estar diretamente relacionadas. O primeiro costuma acompanhar o segundo e, em caso de lombalgia crônica, é muito comum a pessoa acabar desenvolvendo um transtorno de humor. Essas são realidades clínicas muito exaustivas que alteram completamente a qualidade de vida de quem sofre com elas.
Dessa forma, se tivéssemos que falar sobre as condições que geram mais faltas no trabalho, essas seriam as mais comuns e recorrentes. Sabe-se, por exemplo, que a dor nas costas tem um grande impacto no absenteísmo e que também é um problema global. De fato, estima-se que quase 80% das pessoas sejam afetadas por esse problema em algum momento de suas vidas.
O mesmo se aplica à depressão. O impacto psicológico, social, profissional e pessoal desse transtorno é imenso e será ainda mais no futuro. Estamos, portanto, diante de um problema de grande relevância que tem acumulado cada vez mais pesquisas nas últimas décadas. Viver com dor, seja física ou emocional, nos incapacita em qualquer área.
É importante esclarecer as causas e aprimorar os mecanismos de abordagem.
Depressão e dores nas costas: fatores que determinam essa relação
A depressão e, em particular, a depressão maior, geralmente se apresentam com sintomas físicos bastante intensos. Além de dores nas costas, contraturas, desconforto no pescoço, cefaleias, dores nas articulações e distúrbios gastrointestinais também podem aparecer… O assunto certamente não é novo e, na verdade, também se sabe que boa parte das pessoas que sofrem do transtorno de estresse pós-traumáticos sentem várias formas de dor física.
Atkinson, Slater, Patterson, Grant e Garfin (1991) viram, por exemplo, que a depressão e as dores nas costas são algo que muitos veteranos que voltam de missões em cenários onde há conflitos armados sofrem. Estudos como os realizados na Universidade de Jilin, especializada em pesquisa genética, nos fornecem informações interessantes sobre a relação entre essas duas dimensões. Os transtornos de humor e a dor crônica costumam ser duas faces da mesma moeda.
Vamos entender por quê.
Quanto mais grave for a depressão, maior será a dor nas costas
Quando a dor lombar não tiver outra origem senão psicológica ou emocional, estamos enfrentando uma depressão maior. É o distúrbio de humor mais grave e resultado quase sempre de uma realidade psicológica negligenciada ou não atendida de forma correta.
Nessas situações, o que se percebe nas radiografias, como a tomografia computadorizada, é que as regiões cerebrais ligadas à depressão e as relacionadas à percepção física da dor são as mesmas.
Poderíamos dizer que a dor emocional é vivida da mesma forma que a dor física. Da mesma forma, também foi descoberto que os estados depressivos aumentam a produção de um tipo de proteína, a pro-BDNF. Essa molécula é liberada na medula espinhal, aumentando a percepção da dor, principalmente na região das costas.
Estados crônicos de sofrimento físico e emocional negligenciados
A Universidade de Berlim e o serviço de saúde alemão realizaram um estudo de um ano com mais de 43.000 pessoas para entender a ligação entre a depressão e a dor nas costas. Algo que se pôde constatar é que essa realidade é mais comum entre as mulheres, principalmente a partir dos 50 anos. Da mesma forma, também foi observado que afetava pessoas que receberam menos apoio, tanto emocional quanto social e psicológico.
Ou seja, às vezes podemos passar longos períodos negligenciando esse estado mental, aquela depressão que está cobrando seu preço e piorando o estado emocional. Finalmente, os sintomas psicossomáticos ficam mais elevados, sendo as costas a área mais afetada.
Por outro lado, também existe um fato óbvio. Pessoas com dor lombar crônica também correm um maior risco de desenvolver um transtorno de humor. Dor, limitação para realizar tarefas básicas, conseguir trabalhar normalmente e ver o seu dia a dia tão empobrecido acabam afetando o humor.
Depressão e dores nas costas: como tratar?
Ao lidar com a depressão e as dores nas costas, é aconselhável usar uma abordagem interdisciplinar. É importante, acima de tudo, fazer um diagnóstico adequado e detectar a possível presença de outras patologias ou condições psicológicas. Em geral, as seguintes abordagens são úteis:
- Terapia farmacológica. Antidepressivos, analgésicos, anti-inflamatórios…
- Terapia cognitivo-comportamental. Permite-nos trabalhar os pensamentos disfuncionais da pessoa e introduzir comportamentos mais ajustados.
- Técnicas de redução de estresse, como atividade física moderada, relaxamento, respiração profunda, meditação, aprendizado de técnicas de enfrentamento para controlar as emoções…
- Programas de reabilitação da dor. Existem unidades médicas e psicológicas especializadas no tratamento da dor. A colaboração de fisioterapeutas, médicos e psicólogos costuma dar bons resultados nesses casos.
Nos últimos anos, programas muito interessantes estão sendo desenvolvidos. Pesquisas como as realizadas por Gatchel, RJ e Turk falam, por exemplo, da necessidade de conseguir um “descondicionamento mental” no paciente. Ou seja, muitas vezes a pessoa se sente completamente condicionada pela dor, sujeita ao sofrimento, de forma que não consegue avançar e a depressão se intensifica.
Portanto, é necessário trabalhar essa percepção e essa realidade para alcançar pequenos avanços diários.
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