7 dicas para empresas cuidarem da saúde mental dos trabalhadores


Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater
As recomendações para que as empresas cuidem da saúde mental dos trabalhadores incluem mudanças na própria cultura organizacional. Num contexto em que os mercados são cada vez mais incertos e a concorrência mais acirrada, aumentam os índices de ansiedade e depressão dos colaboradores. Estamos diante de uma realidade muito sensível que exige mudanças urgentes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica em um relatório que cerca de 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos a cada ano devido a essas condições mentais. Portanto, todo empregador deve promover um ambiente de trabalho seguro, onde os fatores psicológicos também sejam abordados. No artigo a seguir, oferecemos as estratégias para alcançá-lo.
Cuidar da saúde mental dos trabalhadores é essencial para promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo
Chaves para as empresas cuidarem da saúde mental dos trabalhadores
O trabalho e sua qualidade é um dos fatores que mais podem afetar nossa saúde mental. As más condições e as dinâmicas que se desenvolvem internamente, como o assédio moral no local de trabalho, são variáveis com grande impacto nesta dimensão. Nesse sentido, trabalhos como o publicado em Frontiers in Public Health destacam os benefícios da implementação de algumas mudanças nessa área.
Na referida investigação foi possível constatar como numa empresa, onde 30,2% dos trabalhadores sofriam de depressão, a taxa baixou para 12,6%, após desenvolver um novo mecanismo de intervenção.
Dessa forma, os pesquisadores verificaram que a partir da vontade, do treinamento de líderes e com os recursos adequados, pode-se estabelecer uma cultura mais propícia em questões psicológicas. Vamos conhecer alguns desses mecanismos que podem nos levar a esse cenário.
1. Cultura organizacional focada em suporte
De acordo com um estudo da revista Frontiers in Psychology, toda organização deve definir os fundamentos de uma cultura organizacional colaborativa e orientada para o suporte. Esses pilares são os que sustentam e promovem comportamentos éticos, respeitosos e baseados na empatia.
Pensemos que um ambiente de trabalho mal administrado gera muito sofrimento para os funcionários, e que essa é uma situação que, sem dúvida, deve ser enfrentada. Algumas das estratégias para atingir esse objetivo estão listadas abaixo:
- Promover canais de comunicação adequados.
- Escreva regras claras para evitar comportamento desonesto.
- Estabelecer quais são os métodos para promover a saúde mental no trabalho.
- Informar os funcionários sobre todas as diretrizes e metodologias estabelecidas.
- Desativar o estigma da saúde mental e sensibilizar toda a equipa humana para esta área.
- Envie pesquisas trimestrais de satisfação aos funcionários.
2. Sensibilizar e educar líderes e gestores
Uma das chaves para as empresas cuidarem da saúde mental de seus trabalhadores tem a ver com os líderes. Os diretores e gerentes de uma organização devem ser treinados em saúde mental. E não só isso, sua conscientização é o trampolim que garantirá uma implementação adequada das estratégias.
De acordo com um estudo publicado pela revista Occupational Medicine, a formação de gerentes deve incluir a redução do estigma. As atitudes não estigmatizantes dos líderes em relação às condições mentais são as que melhor promovem mudanças.
3. Fornecimento de recursos e educação aos funcionários
Somos uma sociedade cada vez mais consciente das questões de saúde mental. O rastro dessa sensibilidade deve atingir também os ambientes de trabalho e, para isso, nada melhor que a psicoeducação.
Nesse sentido, fornecer aos funcionários ferramentas para melhorar seu bem-estar psicológico é outra estratégia de grande valia. Para conseguir isso, considere as seguintes estratégias:
- Propor treinamento para gerenciar o estresse.
- Distribuir materiais informativos sobre saúde mental na empresa.
- Existem cursos online muito práticos sobre esse assunto que os trabalhadores podem fazer.
- A equipe de recursos humanos pode desenvolver cursos de inteligência emocional.
A criação de políticas rígidas de prevenção de assédio ou conduta antiética facilita a configuração de ambientes seguros e respeitosos, que favorecem a saúde mental dos funcionários.
4. Políticas claras contra assédio e discriminação
Em publicação da Frontiers in Psychology, eles avaliam o impacto que as dinâmicas de assédio moral no trabalho têm sobre a saúde mental dos trabalhadores. São situações de grande desgaste que impactam no clima de trabalho e, também, no bem-estar do colaborador a longo prazo. Eles geralmente se traduzem em experiências traumáticas que requerem terapia psicológica.
Consequentemente, recomenda-se que as empresas adotem as seguintes ações:
- Em qualquer cenário, as vítimas devem sempre receber apoio.
- É essencial que mecanismos sejam desenvolvidos para investigar essas dinâmicas.
- Devem ser elaboradas sanções correspondentes a este tipo de comportamento antiético.
- A cultura organizacional deve traçar políticas claras de prevenção e atuação nesta matéria.
- Devem ser estabelecidos protocolos de denúncia de situações de assédio e intimidação.
5. Flexibilidade de mão de obra
Outra das chaves para as empresas cuidarem da saúde mental de seus trabalhadores tem a ver com a flexibilidade laboral. Essa medida pode facilitar desde uma melhor reconciliação familiar até uma redução do estresse. É uma estratégia que os diferentes departamentos da empresa devem orientar para que seja eficaz e não afete a produtividade.
Para isso, alguns aspectos podem ser levados em consideração, como opções de trabalho remoto ou horários flexíveis de entrada e saída.
6. Incentivo a pausas
Os chamados “micro-descansos” otimizam o desempenho e reduzem o estresse acumulado (Albulescu et al., 2022). Consistem em pequenas pausas de alguns minutos que melhoram o bem-estar psicológico, após intervalos de uma hora e meia ou duas horas de trabalho. Da mesma forma, pausas ativas também são benéficas, como alongar o corpo ou caminhar.
Nesse sentido, para melhorar a saúde mental dos trabalhadores, podem ser estabelecidas pausas curtas de 15 minutos a cada duas horas, bem como pausas para que o funcionário possa desligar a mente e se movimentar se assim desejar.
7. Avaliações periódicas
Desconforto emocional, angústia ou carga de estresse nem sempre são visíveis a olho nu. Além disso, às vezes, por trás do funcionário que está atrasado, nem sempre há falta de diligência, mas pode haver um quadro de ansiedade. Essas situações devem levar os líderes e gerentes a avaliar o bem-estar de seus trabalhadores, para o que estratégias como as seguintes podem ser escolhidas:
- Pesquisas trimestrais: com elas os trabalhadores darão informações sobre como estão. Eles podem ser testes padronizados ou perguntas abertas.
- Reuniões de grupo: periodicamente, os gestores podem organizar reuniões com as equipes de trabalho para conhecer os problemas ou necessidades que apresentam.
- Mecanismos de comunicação direta: uma opção recomendada é que a maioria das empresas tenha um departamento de saúde ocupacional. Este espaço servirá para que todos os colaboradores venham partilhar as suas necessidades em termos de bem-estar psicológico.
Nosso progresso como sociedade deve incluir uma melhor assistência à saúde mental na esfera do trabalho. Afinal, esse cenário é a origem de muitos problemas psicológicos entre a população.
Trabalho e saúde mental, uma necessidade urgente
A forma como as empresas cuidam da saúde mental de seus trabalhadores impactará não apenas em sua produtividade. A organização que promove o bem-estar psicológico do seu capital humano é a que melhor se posiciona nos mercados. Em última análise, uma pessoa satisfeita e feliz é alguém capaz de inovar e dar o melhor de si em seu trabalho.
Gerentes e diretores devem se comprometer nessa direção de progresso e bem-estar, pois culturas de trabalho mentalmente saudáveis nos permitirão avançar em direitos e também em progresso. Criar departamentos especializados com psicólogos focados no atendimento e atenção nessa área seria, sem dúvida, um grande diferencial.
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