8 dicas para ajudar as crianças a superar seus medos
As crianças podem ter que lidar com uma ampla gama de medos, muitos deles evolutivos e específicos da idade, e outros patológicos. De qualquer forma, pode ser difícil para elas lidar com emoções muito intensas -na verdade, já é difícil para os adultos-. É quando os pais podem fornecer ferramentas para ajudá-las a superar seus medos.
Muitas vezes cometemos o erro de pensar que a educação emocional não é necessária. Assumimos que as crianças aprenderão a lidar com seus medos com o tempo e a experiência; porém, a realidade é que necessitam de apoio e encaminhamentos para que potenciais fontes de angústia não acabem causando-lhes intenso sofrimento.
O medo do escuro, de tempestades, de estranhos e de acidentes possivelmente se resolverão com a idade (embora possam se tornar crônicos e se tornarem medos patológicos). No entanto, ajudar as crianças a lidar com essa emoção não apenas as impede de vivenciar grandes angústias, mas também lhes proporciona um aprendizado valioso que elas podem aplicar em diferentes situações no futuro.
Como ajudar as crianças a superar seus medos
Em primeiro lugar, diante do medo de uma criança, é conveniente determinar sua natureza. E é que existem certos medos que tendem a aparecer em estágios específicos de desenvolvimento; são os chamados medos evolutivos. Conhecê-los não os impedirá de aparecer, mas nos colocará em uma posição melhor se quisermos ajudá-las.
Além disso, existem várias estratégias que podemos implementar para ajudar as crianças a superar seus medos, sejam eles quais forem:
1. Cuidar do conteúdo que é consumido
O medo é uma emoção natural que cumpre uma função e que aparecerá em várias ocasiões na vida de um pequeno. No entanto, alguns medos estão intimamente relacionados ao conteúdo que as crianças consomem em filmes, séries ou redes sociais. Monitorar esse conteúdo é mais importante do que pensamos, para que não sejam expostas a imagens ou ideias que não sejam adequadas ao seu nível de maturidade.
Da mesma forma, conversas com irmãos, amigos e colegas às vezes podem despertar esses medos. Por isso, recomendamos que você se esforce para manter uma comunicação fluida e regular com as crianças. Elas só se abrirão em um ambiente onde se sintam seguras.
2. Explicar e educar sobre as emoções
As crianças, como os adultos, podem se sentir sobrecarregadas quando uma emoção intensa as atinge. Nesses momentos, entender o que está acontecendo aumenta sua sensação de controle. Por isso, é necessário explicar a elas o que é o medo, como ele se manifesta, quais situações facilmente o geram e o que podemos fazer com ele.
Devemos ressaltar que pode gerar sintomas no corpo (como coração acelerado), certos pensamentos (como “vai ser muito difícil”) e comportamentos específicos (como fugir ou tentar evitar). Graças a isso, a criança poderá reconhecer seu medo quando ele surgir, dar um nome a ele e entender o que acontece.
3. Permitir que elas sintam e se expressem
Além disso, é essencial oferecer-lhes um espaço seguro para se expressarem. Com frequência, os adultos minimizam os medos das crianças, diminuem a sua importância ou até as ridiculizam. O que conseguimos com isso é que elas parem de compartilhar seus medos conosco, já que não as estamos ajudando.
Pelo contrário, os pequenos precisam enfrentar seus medos sabendo que suas pessoas de confiança estão ao seu lado, que têm esse apoio. Nesse sentido, compartilhar alguns de seus medos com seus filhos pode ajudá-los a entender que essa é uma emoção normal.
4. Outorgar às crianças um papel ativo na superação de seus medos
Esse é um bom momento para estimular a autonomia dos pequenos e, assim, ajudá-los a aumentar sua autoconfiança. Mas como? Oferecendo-lhes um papel ativo na resolução de seus medos.
Em vez de dizer diretamente a eles o que fazer, é muito positivo gerar uma conversa em que, com perguntas abertas, os incentivamos a colocar em palavras o que estão sentindo. O bom de atingir esse objetivo é que podemos ajudá-los a gerar uma história que os ajude sobre o que acontece com eles.
Por exemplo: “por que você acha que sente medo à noite?”, “como você se sentiria mais seguro?”, “o que você acha que podemos fazer para que você durma tranquilamente em sua cama?”.
5. Oferecer modelos de enfrentamento
Este é um dos passos mais importantes, pois grande parte da aprendizagem das crianças é vicária; ou seja, é produzida pela observação de como outras pessoas lidam com as situações. Os pais, como principais referências, são grandes modelos em termos de estilos de enfrentamento, mas também podem adquiri-los de outras fontes.
Por exemplo, ler histórias infantis que falam sobre o medo da criança, assistir a filmes relacionados ou recriar uma cena por meio de brincadeiras simbólicas. Ao se identificar com os personagens, os menores podem internalizar uma série de pensamentos e comportamentos que os ajudarão a superar o medo.
6. Praticar autoafirmações
As autoafirmações são muito úteis na medida em que abordam um dos principais sintomas do medo: pensamentos perturbadores. Praticá-los ajuda a transformar ativamente esse diálogo interno que alimenta o medo.
Para fazer isso, você pode desenhar junto com a criança algumas frases simples e positivas que você pode repetir na forma de um mantra para se dar ânimo e coragem ao enfrentar a situação temida. Por exemplo, “eu consigo fazer isso” ou “eu vou ficar bem”.
7. Treinar técnicas de respiração
As técnicas de respiração são muito eficazes no controle dos sintomas físicos do medo. Estamos falando de exercícios simples que a criança pode aprender em pouco tempo e colocar em prática sempre que precisar se acalmar ou enfrentar um medo.
8. Procurar ajuda profissional para ajudar as crianças a superar seus medos
Para determinadas situações, as diretrizes que compartilhamos não são suficientes. Nesses casos, a intervenção profissional é necessária.
Quando o medo causa grande angústia, dura mais do que o esperado ou é muito limitante para o pequeno, é necessário antes de aplicar estratégias gerais, fazer uma avaliação do que está acontecendo. Pense que pode haver uma situação de assédio ou abuso por trás disso, e agindo sobre a sintomatologia estamos apenas apagando os sinais que nos alertam sobre o que está acontecendo.
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