Diferenças entre condicionamento clássico e operante

O condicionamento clássico e operante são as duas principais formas de aprendizagem associativa. Neste artigo, vamos revisar qual é o mecanismo no qual ambas as propostas se baseiam.
Diferenças entre condicionamento clássico e operante

Última atualização: 11 março, 2022

Desde que nascemos, mantemos uma interação com o mundo ao nosso redor e, por meio dessa relação, aprendemos diferentes formas de agir, pensar e sentir. Esses aprendizados são essenciais para o nosso desenvolvimento individual e coletivo, porém não há um caminho único para eles, mas sim vários. Dois desses caminhos são o condicionamento clássico e o condicionamento operante.

Ambos os condicionamentos têm sido matéria-prima para o estudo do comportamento na psicologia comportamental (behaviorismo). Tanto um quanto o outro permitem a criação de novos padrões comportamentais, que surgem como resultado da interação do sujeito com os diferentes estímulos ambientais ao seu redor. No entanto, também há diferenças entre eles.

A seguir, vamos explicar em que consiste cada tipo de condicionamento, bem como verificar as suas principais diferenças.

Condicionamento clássico

Foi descrito pela primeira vez pelo fisiologista russo Ivan Pavlov dentro da tradição objetivista-reflexológica. Para a abordagem reflexológica, o condicionamento era basicamente um método experimental que permitia a criação de novos reflexos que enriqueciam a atividade nervosa superior (Pérez, Cruz, 2003).

Nesse tipo de condicionamento, a resposta que um organismo exibe automaticamente diante de um determinado estímulo é transferida para um novo estímulo por meio de uma associação entre os dois (Sarason e Sarason, 2006).

Por exemplo, no experimento com cães de Pavlov, eles salivaram (resposta incondicionada) diante da presença de comida (estímulo incondicionado), mas não na presença de um estímulo neutro (toque de um sino). Porém, uma vez que os cães associaram o som do sino à comida, eles conseguiram salivar (resposta condicionada) apenas por ouvir o som do sino (estímulo condicionado).

O condicionamento clássico se baseia no que poderíamos chamar de aprendizagem de sinais. Um sinal é um estímulo externo ou interno que antecipa ou prediz, com certo grau de confiabilidade, um evento geralmente significativo (Sánchez, Ortega e de la Casa Rivas, 2008).

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Conceitos fundamentais

Os principais conceitos que constituem a essência deste condicionamento são os seguintes:

  • Estímulo incondicionado (EI): qualquer estímulo com intensidade suficiente para produzir uma resposta. Não é necessária experiência por parte do indivíduo para produzir esta resposta.
  • Resposta incondicionada (RI): a resposta desencadeada pelo estímulo incondicionado.
  • Estímulo neutro (EN): estímulo que não produz nenhum efeito no comportamento.
  • Estímulo condicionado (EC): surge a partir da repetida associação entre EI e EN. Adquire propriedades de EI para produzir uma resposta semelhante à RI, conhecida como resposta condicionada.
  • Resposta condicionada (RC): aspecto da RI que é acionado pelo EC quando ambos são associados.

Condicionamento operante

O condicionamento operante ou instrumental foi proposto por Skinner e se refere a um processo no qual a frequência de um comportamento é modificada ou alterada por causa das consequências que esse comportamento produz (Reynold, 1973). As consequências sempre são o resultado de uma resposta a um determinado estímulo.

Uma consequência pode ser positiva (reforço) ou negativa (punição) para o sujeito que exibe a resposta. Caso as consequências sejam avaliadas ou experimentadas como positivas, a probabilidade de que o comportamento se repita aumenta. Enquanto isso, se as consequências forem negativas, ela diminuirá.

O reforço é usado para gerar o aparecimento e a repetição de comportamentos desejados, enquanto a punição é usada para prevenir ou extinguir comportamentos indesejados.

Conceitos fundamentais

Assim como o condicionamento clássico, o condicionamento operante também se fundamenta a partir de vários conceitos centrais para a sua identidade. Entre eles, encontramos os seguintes:

  • Reforço: qualquer evento que aumente a probabilidade de ocorrência de um comportamento. Pode ser positivo ou negativo. Um reforço é positivo quando se fornece algo agradável. Enquanto isso, um reforço é negativo quando se retira algo que desagrada.
  • Punição: qualquer procedimento que se usa para eliminar um comportamento. Pode ser positiva ou negativa. É positiva quando se fornece algo desagradável. Ao contrário, é negativa quando se retira algo que agrada.
  • Extinção: é a redução na frequência da resposta quando esta deixa de ser reforçada ou é punida.
  • Aquisição: é o aumento da frequência de um padrão de comportamento, geralmente quando ele é reforçado.
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Diferenças entre condicionamento clássico e operante

A distinção entre esses dois condicionamentos pode ser feita a partir de diferentes componentes:

  • A associação: no condicionamento clássico, há a associação entre resposta involuntária e estímulo. No condicionamento operante, por outro lado, estabelece-se a associação entre uma resposta voluntária e suas consequências.
  • A aprendizagem: no condicionamento clássico, a aprendizagem ocorre por meio da associação de um estímulo inicial que causa uma resposta incondicionada regular no sujeito. Enquanto isso, no condicionamento operante, a aprendizagem se deve à associação de recompensas e punições com um determinado comportamento.
  • Aquisição do comportamento: para adquirir um comportamento no condicionamento clássico, basta apresentar simultaneamente um estímulo neutro e um estímulo incondicionado. Pelo contrário, para adquirir um comportamento no condicionamento operante, ele deve ser reforçado e punido.
  • O processo: no condicionamento clássico, o processo de condicionamento se baseia na associação de estímulos neutros com estímulos incondicionados, com base em respostas incondicionadas. Por outro lado, no condicionamento operante, a aprendizagem se baseia nas consequências dos comportamentos.
  • O tipo de comportamento: o condicionamento clássico se baseia em comportamentos involuntários, enquanto o operante se baseia em comportamentos voluntários, ou seja, em respostas ativas.
  • A sequência de eventos: no condicionamento clássico, a resposta ou comportamento natural ocorre após o estímulo. Porém, no condicionamento operante, o comportamento vem antes da recompensa ou punição.
  • O objetivo: para o condicionamento clássico, o objetivo é relacionar os estímulos, de forma que alguns nos permitam antecipar todos. Enquanto isso, para o condicionamento operante, o objetivo é associar um estímulo a uma resposta a fim de que a resposta ocorra de forma mais ou menos frequente.

Essenciais para estudar o comportamento

O condicionamento clássico e operante são conceitos centrais para o estudo do comportamento. Embora esses dois tipos de condicionamento compartilhem algumas semelhanças, eles diferem na maneira como aprendizagens específicas ocorrem.

A essência dos dois tipos de condicionamento está presente em muitos dos procedimentos frequentemente utilizados na prática clínica. Graças a eles, podemos saber, por exemplo, por que certos aromas nos lembram determinadas pessoas e por que aumentamos a frequência de alguns comportamentos em condições específicas.


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  • Pérez, A. M., & Cruz, J. E. (2003). Conceptos de condicionamiento clásico en los campos básicos y aplicados. Interdisciplinaria20(2), 205-227. https://www.redalyc.org/pdf/180/18020204.pdf
  • Reynolds, G. S. (1973). Compendio de condicionamiento operante. Editorial Ciencia de la Conducta.
  • Sánchez, P., Ortega, N. y de la Casa Rivas, L. (2008). Bases conceptuales del condicionamiento clásico: técnicas, variables y procedimientos. Obtenido el5. https://canal.uned.es/uploads/materials/resources/pdf/4/3/1258033467834.pdf
  • Sarason, I. G. y Sarason, B. R. (2006). Psicopatología: psicología anormal: el problema de la conducta inadaptada (10ª Ed.). Pearson Educación.

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