7 diferenças entre saúde mental e emocional

Você saberia distinguir um problema emocional de um mental? Essa tristeza que você sente agora se deve a um mal estar passageiro ou talvez seja depressão? Conheça como identificar essas circunstâncias.

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 26 maio, 2023

Existem diferenças entre saúde mental e emocional? São duas faces de uma mesma moeda? De alguma forma, pode-se dizer que a interseção entre as duas áreas é de 50%. Afinal, o bem-estar mental inclui a dimensão física, social e, claro, aquela relacionada às emoções. No entanto, existem distinções importantes entre uma esfera e outra.

Por exemplo, a saúde emocional se expressa na capacidade de compreender e regular as emoções, mas não inclui processamento de informações ou estados de preocupação crônica. Equilíbrio, satisfação e felicidade exigem cuidado integral de todas essas áreas e seus processos. É pertinente conhecer, portanto, as particularidades das duas áreas.

Diferenças entre saúde mental e emocional

Existe uma metáfora que ajuda a entender melhor essas realidades. A saúde mental é o oceano e a saúde emocional são suas ondas. A primeira contém tudo, é uma extensão imensa que cobre boa parte do que somos. As ondas são o que nos dão movimento, sentido e direção. Um elemento não pode ser separado do outro, mas cada um apresenta sua própria dinâmica.

Às vezes, é possível encontrar pessoas com boa saúde mental que apresentam as mesmas reações emocionais de uma criança de 3 anos. Tomar consciência dessas particularidades nos permitiria focar nessas áreas, talvez negligenciadas, e isso melhoraria muitas áreas da vida, como as relações sociais. A seguir, veja quais são as diferenças entre saúde mental e emocional.

1. A saúde mental tem a ver com a maneira como você pensa

Existem pessoas que caem em ciclos de pensamentos irracionais, obsessivos e limitantes. Outras podem acreditar que o mundo inteiro conspira contra elas. A forma de pensar e processar a realidade tem ligação direta com a saúde mental. Se essas abordagens mentais disfuncionais forem mantidas ao longo do tempo, a base de um transtorno mental já estará emergindo.

Ideias persistentes como “não consigo lidar com isso”, “ninguém me ama” ou “tudo vai dar errado” são padrões de pensamentos problemáticos. O mesmo é verdade para aqueles distúrbios mais complexos em que aparecem delírios ou um modo de pensar totalmente desorganizado.

2. Estar ciente de seus sentimentos e entendê-los é saúde emocional

Os sentimentos são os processos mentais experimentados logo após sentir uma emoção. A verdade é que nem todo mundo é hábil na hora de entender o que sente e o que gira dentro de si. É tristeza? É a raiva que está em minha mente e o que me faz reagir dessa maneira? Poder entrar em contato com os sentimentos e nomeá-los é um exemplo de saúde emocional.

3. Dificuldade em resolver problemas ou decidir tem a ver com saúde mental

Às vezes o mundo inteiro vira um nó e surge a incapacidade de decidir, de resolver os problemas mais simples. Sentimo-nos bloqueados, com dificuldades para focar a atenção e enfrentar os desafios do dia a dia. A saúde mental também tem a ver com a disposição e a capacidade de tomar decisões e pensar em soluções para qualquer situação.

Nesse sentido, investigações como as realizadas na University of New England, na Austrália, destacaram como a terapia baseada na resolução de problemas melhora a saúde mental dos estudantes.

4. Seus medos e inseguranças estão relacionados à saúde emocional

As diferenças entre saúde mental e emocional também têm a ver com comportamentos de evitação e medos. Emoções como vergonha ou insegurança são limitantes em muitos casos e isso está enraizado no universo emocional.

Deixar-se levar pelas emoções mais difíceis sem raciocinar, canalizá-las e regulá-las condicionaria completamente o nosso potencial e bem-estar.

5. Alterações nos processos cerebrais e problemas mentais

A saúde mental tem uma correlação direta com o cérebro e seus processos. Tanto que uma parte dos transtornos psiquiátricos, como a esquizofrenia, apresenta alguma alteração no nível neurológico. A esse respeito, a revista Biological Psychiatry destacou em um artigo como condições como o transtorno bipolar mostram anormalidades corticais e subcorticais.

Em outras palavras, é comum que os transtornos mentais tenham um substrato mais profundo do que complexo. A área emocional também pode estar alterada, mas o que mais será observado são problemas de raciocínio, de pensamento, mudanças marcantes de humor e também de comportamento.

6. A inteligência emocional e a resiliência são a base da saúde emocional

Sabemos que uma boa gestão e compreensão das emoções medeia o bem-estar, assim como a capacidade de construir relacionamentos saudáveis e atingir objetivos. Agora, uma das diferenças entre saúde mental e emocional é que esta última tem uma conexão imediata com a inteligência emocional.

Assim, uma pessoa sem habilidades sociais ou boa empatia terá uma saúde emocional muito ruim. O mesmo vale para aquela bela palavra que nunca sai de moda «resiliência». Não conseguir superar as dificuldades ou olhar a vida de forma mais esperançosa afeta o bem-estar.

Lembre-se, portanto, daquelas dimensões que compõem a inteligência emocional, segundo Daniel Goleman, e que você deve exercitar diariamente:

• Empatia.
• Motivação.
• Habilidades sociais.
• Autoconsciência emocional.
• Autorregulação emocional.

7. Mudanças de personalidade e comportamento (saúde mental)

Nas diferenças entre saúde mental e emocional existe um fator notável. Qualquer mudança na personalidade, por exemplo, tornar-se mais apático, agressivo, desconfiado ou impulsivo, pode indicar um problema de saúde mental. O mesmo acontece com o comportamento, com a realização de ações que vão contra a própria saúde, como a automutilação.

Como posso saber se tenho um problema de saúde mental ou emocional?

“Me sinto sozinho/a”. “Estou triste”. “A minha vida é um desastre”. Muitas vezes passamos por momentos sombrios e de alto sofrimento emocional, nos quais é comum perguntar se possuímos algum problema de saúde mental. Reiteramos: o emocional e o mental têm fronteiras muito difusas, mas existem algumas chaves para esclarecê-lo.

Estratégias para discernir se você está lidando com um problema de saúde mental ou emocional

Algumas experiências de vida trazem consigo um grande nível de dor psicológica. Ou seja, eventos vitais em que o sofrimento não implica que haja algo de patológico nele. Uma perda, um rompimento ou ansiedade por não encontrar um emprego são estados ligados ao emocional e não tanto à saúde mental. Então o que fazer? Tome nota das seguintes recomendações:

• Considere o tempo. Você passou meses sem pensar com clareza, com problemas de memória e com pensamentos muito negativos? Então é hora de consultar um profissional.
• Esteja ciente de que esse desconforto altera várias áreas da sua vida. Como, por exemplo, passar semanas sem dormir, com comportamentos apáticos e com uma tristeza que o impede de ir trabalhar ou socializar.
• Você realiza comportamentos que são prejudiciais para você e que você não pode evitar? Vícios, autoagressão e comportamentos de purgação, entre outros, se enquadram nessa categoria. Nesse caso, a intervenção especializada é importante.
• Você sente que não tem controle sobre a realidade? Você parou de se interessar por coisas que eram importantes para você antes? Você não se sente bem consigo mesmo há muito tempo? Todos esses fatores fornecem pistas para um problema de saúde mental.

Para concluir, qualquer pessoa pode lidar em algum momento com um problema no plano mental ou emocional. Embora sejam duas esferas que, como as partes de um átomo, andam sempre juntas, convém saber distingui-las para um bem-estar integral. Tenha isso em mente.