O Doutor Francisco Lopera e um novo caminho para tratar o Alzheimer

O Doutor Francisco Lopera dirige um grupo que estuda o Alzheimer há mais de 30 anos. Graças ao seu árduo trabalho, foi possível identificar uma nova via para abordar esta terrível doença e, provavelmente, para atacá-la com eficácia.
O Doutor Francisco Lopera e um novo caminho para tratar o Alzheimer
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2020

Atualmente, no mundo, há cinco grandes pesquisas que buscam desenvolver medicamentos para tratar o Alzheimer. Quatro delas estão sendo conduzidas nos Estados Unidos, e uma na Colômbia. Esta última é liderada pelo Doutor Francisco Lopera, que estuda esta doença há mais de 30 anos e já alcançou avanços impressionantes.

A diferença entre o trabalho do Doutor Francisco Lopera e o de outros pesquisadores é o fato de que, em parte por sorte e em parte por uma árdua pesquisa, ele encontrou uma nova via para abordar a doença. Um caminho que tem a ver com particularidades genéticas observadas em um de seus pacientes.

O Alzheimer é um tipo de demência que gera um intenso sofrimento para quem sofre com ela e para suas famílias. A perda progressiva da memória e de diferentes funções equivale a uma morte lenta da identidade, dos projetos de vida, do ser. Muitas pessoas no mundo esperam, se não uma cura, pelo menos um tratamento mais eficaz do que os atuais.

“Peça uma mão que segure a sua, um coração que cuide do seu e uma mente que pense por você quando não conseguir fazer isso. Alguém que o proteja em sua viagem através dos perigosos caminhos e curvas do labirinto”.
-Diana Friel-

Homem idoso com Alzheimer

A linha de pesquisa do Doutor Francisco Lopera

O Doutor Francisco Lopera lidera uma pesquisa que conta com a colaboração do  Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, o Instituto Banner, a companhia Genentech e, mais recentemente, especialistas do Hospital Geral de Massachusetts e do Instituto Schepens de Pesquisa Ocular. O centro do seu trabalho está localizado na Universidade de Antioquia (Colômbia).

Ele investiu muito tempo tentando desenvolver um tratamento para o Alzheimer. Foram feitos avanços importantes, mas os medicamentos que estão no mercado são limitados. Por isso, há alguns anos as pesquisas têm se centrado mais na prevenção do que na cura.

No momento, há métodos de detecção precoce cada vez mais eficazes. No entanto, são procedimentos sofisticados que, por hora, não estão à disposição de qualquer pessoa, sendo usados apenas nos grupos de pesquisa. É provável que, a curto prazo, todos possamos utilizá-los, o que seria um passo importante.

Um caminho diferente

O Doutor Francisco Lopera encontrou uma nova linha de pesquisa e, provavelmente de tratamento para o mal de Alzheimer. Tudo começou em 1984, quando ele era residente de neurologia. Ao seu consultório, chegou um paciente que tinha apenas 47 anos e já estava na fase avançada da doença. Ao se aprofundar no seu caso, soube que seu pai, avô e tios também haviam passado pelo mesmo problema.

Isso o levou a traçar uma genealogia desta família e, assim, ele encontrou o primeiro grupo familiar com uma modalidade hereditária do Alzheimer. Depois, como pesquisador, encontrou outras duas famílias com as mesmas características. 11 anos após a primeira descoberta, seu grupo de trabalho comprovou que se tratava do Alzheimer e que, nesse caso, a doença se devia à mutação de um gene.

Os anos foram se passando e novos casos foram surgindo. Em todos eles, encontraram a mesma característica. Ela foi chamada de “mutação paisa”, porque não havia outras referências no mundo a seu respeito. No entanto, o ponto mais impressionante ainda não havia chegado.

Cérebro com Alzheimer

Novos horizontes

O Doutor Lopera explica que, no Alzheimer, há uma espécie de acúmulo de “resíduos” no cérebro. Os mesmos são compostos por uma proteína chamada amiloide. Os fragmentos desta proteína se unem e formam algo como uma “cola” que se adere aos neurônios e desencadeia uma cascata de falhas. A outra parte dos “resíduos” é o tau, que envolve o neurônio, o fecha e mata. O tau é mais nocivo.

Uma das pacientes tratadas pelo Doutor Francisco Lopera era parte de uma das famílias que tinham a mutação, e ela mesma a apresentava. No entanto, diferentemente dos seus parentes, ela não desenvolveu a doença precocemente. Seus primeiros sintomas só surgiram após os 70 anos de idade. Era um caso completamente excepcional e, por isso, os estudos se centraram nela.

Depois de conduzir estudos minuciosos em Boston, os especialistas comprovaram que o cérebro da paciente estava repleto de amiloide, inclusive mais do que em outros casos. No entanto, tinha muito pouco tau. As pesquisas permitiram comprovar que essa paciente tinha outra mutação que inibia a produção de tau e, com isso, atrasava o avanço da doença.

A descoberta foi publicada na revista Nature Medicine e abriu um novo horizonte para as pesquisas. Acredita-se que, a partir da informação coletada com esta paciente, poderia ser criada uma terapia gênica, ou seja, algo que permitisse replicar sua informação genética em outras pessoas. Também seria contemplada a possibilidade de desenvolver um medicamento que imitasse o mecanismo da mutação protetora.


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