Educação sexual: o que você precisa saber
A educação sexual não é apenas um assunto. De fato, certamente existem muitas pessoas que nem sabem que, quando falamos em educação sexual, estamos falando de uma área contemplada pela atual Lei da Educação, embora de forma transversal.
O que é a educação sexual?
A educação sexual também é frequentemente chamada de “educação afetivo-sexual”. No entanto, ambos os conceitos passam a significar a mesma coisa. Além disso, a educação afetivo-sexual pode se tornar um termo repetitivo.
Se pegarmos a origem da palavra sexo como referência, a educação sexual significa ‘educação dos sexos’. Em outras palavras, trata-se de um assunto que abrange tudo relacionado a como as pessoas – consideradas como seres sexuais – se relacionam intima e publicamente, tanto emocional quanto eroticamente. Por esse motivo, ao falar dos sexos, é feita uma referência implícita a emoções, afetos e laços.
Assim, a educação sexual é a matéria encarregada de educar sobre as relações afetivas e eróticas, embora não se restrinja apenas a essa área, alimentando também o conhecimento daqueles que a recebem, para que possam levar uma vida muito mais plena consigo mesmos.
Além disso, é importante mencionar que tudo isso é realizado, como no caso de todas as disciplinas, através de uma metodologia, com alguns objetivos, uma estratégia pedagógica e uma série de recursos de ensino.
Dificuldades atuais
Apesar de a educação sexual ser contemplada por lei e ter a responsabilidade de cobrir uma necessidade (como veremos adiante), existem dificuldades que tornam muito difícil a realização de intervenções educacionais de qualidade:
- Transversalidade. Esse fato, já mencionado acima, repercute na maneira de realizar intervenções na educação sexual. Se cada centro educacional for responsável por decidir como esse assunto é apresentado, haverá uma desigualdade imensa entre os locais, como o número de aulas, quem conduz as orientações, qual é o conteúdo, quem recebe essas intervenções, etc.
- Profissionais que ensinam. Às vezes, a pessoa responsável por realizar a intervenção educativa não possui o treinamento necessário. Além de inapropriado, isso é perigoso. Em um assunto que fala de autoconhecimento, amor, relacionamentos, identidades, orientações, etc., fica fácil cair na doutrinação se a orientação não for realizada de maneira rigorosa e científica. Portanto, o profissional mais qualificado para realizar esse tipo de intervenção educacional é o sexólogo.
- Reconhecimento social da Sexologia. As intervenções na Sexologia ainda não têm muita aceitação social. Se compararmos essa disciplina com outras, veremos que ela não é considerada uma prioridade. Esse fato implica em um investimento muito baixo de recursos na educação sexual. Felizmente, porém, essa realidade está começando a mudar.
A quem é dirigida a educação sexual?
A educação sexual geralmente está associada à fase da adolescência, que é crucial para incorporar esse conhecimento, pois estamos falando de um estágio cheio de mudanças em todos os níveis, e essas mudanças são tratadas nessa área. No entanto, a educação sexual pode ser oferecida e, de fato, é recomendada em todas as fases da vida.
Complexos com a aparência física ou o medo de certos relacionamentos são dois exemplos de experiências que podem ocorrer a qualquer momento de nossas vidas. E esses tipos de programas abordam essas e muitas outras dificuldades, promovendo o autoconhecimento e a diversidade.
Dessa forma, a educação sexual pode ajudar muitas pessoas que estão passando por situações difíceis. Portanto, é aconselhável realizar intervenções educacionais nessa área em todas as etapas da vida.
Por que é necessária?
Em essência, essa matéria nos encoraja a ter um relacionamento melhor conosco e com os outros. Ela nos proporciona um conjunto de conhecimentos e ferramentas muito amplas, a partir de muitos pontos de vista, para levar uma vida emocional e erótica saudável.
Além disso, se a educação sexual fosse melhor regulamentada e considerada, o número de dificuldades e problemas nas relações entre as pessoas seria significativamente reduzido.
Nessa área, a frase “o conhecimento nos liberta” se torna especialmente importante, porque quando você começa a conhecer a diversidade que a sexualidade oferece, aceita que cada relacionamento é diferente, que existem infinitas maneiras de se sentir à vontade e ter prazer em uma relação.
Ao contrário da crença popular, a educação sexual não consiste em ensinar a colocar camisinha. Acreditar nisso é como dizer que ensinar matemática é mostrar quanto é a soma de dois mais dois.
Embora seja necessário falar sobre doenças sexualmente transmissíveis, métodos contraceptivos e como funcionam os órgãos genitais masculinos e femininos, também é importante ensinar a como dizer “não” a um relacionamento indesejado, que a penetração não é a única relação que existe, e nem tem que ser a melhor, ou que existem formas, tamanhos e tempos nos relacionamentos eróticos impostos pela sociedade que não correspondem à realidade.