Conheça a escrita como ferramenta terapêutica

Conheça a escrita como ferramenta terapêutica
Julia Marquez Arrico

Escrito e verificado por a psicóloga Julia Marquez Arrico.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Na terapia psicológica são abordados diversos problemas, transtornos e dificuldades pessoais diferentes. Os psicólogos que praticam a psicoterapia (a maneira mais conhecida de exercer a “psicologia”) precisam ser muito criativos ao escolher, criar ou adaptar as ferramentas que vão utilizar para oferecer “a chave certa”. Uma das técnicas mais usadas na psicoterapia é a escrita, por isso, neste artigo explicaremos como é possível usar a escrita como ferramenta terapêutica.

Existem diferentes maneiras de aproveitar os benefícios da escrita, mas todas coincidem no fato de que buscam a externalização de conteúdos mentais, tais como pensamentos, dúvidas, desejos, metas, objetivos, planejamentos, e também sentimentos e emoções. Agora, escrever sobre tudo isso sem diretrizes ou conselhos profissionais não é terapêutico. Ou seja, fazer uma escrita padronizada, ritualizada e com diretrizes é o que torna a escrita terapêutica.

Quais pessoas podem usar a escrita como ferramenta terapêutica?

Embora a escrita como ferramenta terapêutica possa ser utilizada em várias situações e razões para a consulta, é uma técnica recomendada para um perfil específico de pacientes e problemas. Em primeiro lugar, é uma técnica recomendada para pacientes com habilidades de leitura e escrita suficientes para enfrentar a tarefa. Em outras palavras, devem ser pessoas que não fiquem ansiosas por causa da necessidade de escrever, que sejam capazes de fazer a tarefa sem experimentar uma sensação de incapacidade ou inferioridade.

Nesse sentido, queremos dizer que a tarefa deve ser uma “aposta segura”. Se sabemos que o paciente tem as habilidades necessárias, mas não acredita que seja capaz de escrever para um propósito terapêutico, é necessário antes trabalhar aspectos como a autoestima, autoconceito e autoeficácia. Uma vez melhoradas todas essas características pessoais, podemos usar a escrita como ferramenta terapêutica.

Escrita como ferramenta terapêutica

Em segundo lugar, a escrita ajuda muito os pacientes que têm dificuldade em verbalizar o que lhes acontece, o que sentem, pensam ou desejam. Para essas pessoas, escrever é uma forma de deixar o que os afeta sem pressão e sem sentir vergonha. Escrever sobre pensamentos, sentimentos e desejos também é uma das melhores maneiras de colocá-los em ordem. Desta forma, o que é caótico leva a ideias gerenciáveis ​​e claras. Por isso, é muito bom aproveitar os benefícios da escrita no caso de pessoas muito introvertidas.

Quando a escrita é usada como uma ferramenta terapêutica?

Uma vez que seja claro que o paciente pode realizar as tarefas terapêuticas da escrita, devemos adaptar a tarefa ao seu caso particular. As situações mais frequentes em que as tarefas de escrita são escolhidas são as seguintes:

  • Gestão emocional de sentimentos desconfortáveis diante de eventos passados.
  • Memórias traumáticas.
  • Transtorno de estresse pós-traumático.
  • Abusos sexuais.
  • Superar um luto.
  • Assumir uma mudança de papel ou ciclo de vida.
  • Tomada de perspectiva diante de um problema.
  • Melhorar a autoestima.
  • Prevenir recaídas (tanto em casos de vícios quanto em distúrbios de ansiedade ou depressão).

Além de ser usada nessas situações que são parte da psicologia clínica, ou seja, em que há um diagnóstico, a escrita também pode ser utilizada em processos de coaching e transformação pessoal. Ao definir objetivos e desenvolver um plano de ação para alcançá-los, escrever é a melhor ferramenta. Ter em vista – no papel – aquilo que se quer alcançar e pensar em como alcançá-lo também é uma estratégia motivacional que libera recursos de atenção, permitindo focar o que realmente é necessário fazer.

Quais são as tarefas de escrita terapêutica mais comuns?

A escrita como ferramenta terapêutica é usada com objetivos específicos. Por outro lado, dentro das tarefas mais comuns, encontramos três categorias: cartas, frases ou mensagens e diários. As cartas são bastante usadas em psicoterapia; o mais comum é pedir ao paciente que escreva uma carta para si mesmo ou escreva para alguém ou um sintoma. Solicita-se ao paciente que expresse tudo o que pensa ou sente naquela carta, e então tudo que foi escrito é trabalhado na sessão de terapia.

Mulher escrevendo como terapia

Por outro lado, são usadas frases ou mensagens que quase sempre são direcionadas para a própria pessoa e procuram lembrar qualidades pessoais importantes, como uma forma de automotivação e para evitar tropeçar sobre a mesma pedra de sempre. Nesses casos, solicita-se ao paciente que escreva em uma post-it e coloque esta mensagem à vista ou que leve essa frase ou mensagem em sua carteira para que possa usá-la para recarregar a motivação naqueles momentos em que precisar.

Finalmente, também temos os diários. Com este tipo de tarefa, o paciente deve escrever todos os dias sobre um tópico específico (que deve ser cuidadosamente selecionado). Assim, o paciente também pode ver por si mesmo a evolução de seu problema, suas melhorias e suas mudanças. Em todos os casos, para que a escrita seja terapêutica, todo o conteúdo escrito no diário deve ser trabalhado na sessão de terapia com o psicólogo ou psicóloga em sessão. É este o momento em que podemos tirar o máximo proveito desta ferramenta.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.