Esporte feminino, o teto de vidro mais visível do que nunca
O esporte feminino está ligado ao termo teto de vidro, cunhado pelo Wall Street Journal em 1986, que se refere às barreiras invisíveis que as mulheres encontram para avançar em sua carreira profissional e alcançar posições de responsabilidade. Embora tenha recebido o seu nome em meados da década de 1980, infelizmente é uma realidade que segue presente na história da mulher trabalhadora.
No esporte, esse teto é ainda mais espesso, já que não há nem referências específicas. Na Espanha, apesar de neste ano as maiores jogadoras de futebol espanholas terem assinado o seu primeiro acordo coletivo depois de muitos meses de negociações e protestos, elas nem sequer alcançaram o profissionalismo a nível regulamentar e enfrentam grandes dificuldades nas suas condições de trabalho.
Existem muitas vozes a nível nacional e internacional exigindo medidas específicas para ajudar a quebrar esses obstáculos. Em países como a Noruega, algumas medidas bastante polêmicas foram tomadas, como a lei de cotas. Elas estão dando bons resultados, passando de 7% de mulheres nos Conselhos de Administração de empresas nacionais em 2002 para 44% em 2010.
Em suma, se as mulheres consomem e praticam esportes, por que não poderiam dirigi-los? Por que o esporte e a mulher não podem andar de mãos dadas?
“Não sou a próxima Bolt ou Phelps, sou a primeira”.
– Simone Biles –
Esporte feminino: o grande esquecimento profissional
A incorporação da mulher nas práticas físicas e no mundo do esporte é influenciada diretamente pela própria evolução social. A aceitação das mulheres em novos campos até recentemente proibidos também implica a inclusão no campo esportivo.
O avanço e o desenvolvimento da sociedade nas últimas décadas foram vertiginosos. Houve mudanças nas concepções sociais mais arraigadas, mas alguns aspectos refletem o antigo regime e seus ideais sobre as mulheres.
A eliminação dessas atitudes sexistas e do conservadorismo que retardam a evolução deve fazer parte do ambiente escolar, exigindo a participação ativa dos professores para que a educação formal não reproduza as desigualdades sociais, garantindo assim a tão defendida qualidade de ensino (García , 2006).
As referências sobre esportes e mulheres em jornais de informação esportiva são raras e, em muitas ocasiões, pouco precisas. A imprensa, o rádio e a televisão continuam reservando um espaço de destaque monopolizador para as conquistas esportivas masculinas.
A imprensa esportiva e as seções de esporte dos jornais geralmente ignoram sistematicamente a atleta feminina com as consequências que isso tem para ela em todos os níveis, a começar pela quantidade e qualidade dos contratos publicitários.
Alguns meios de comunicação projetam um modelo feminino muito distante da prática esportiva, com pouca roupa ou simplesmente nua. Uma política destinada, aparentemente, a atrair leitores mais interessados em publicações com conteúdo abertamente machista do que em informação estritamente esportiva (Ibáñez, 2001).
“Infelizmente, é verdade que há muito espaço no mundo para homens medíocres, mas não há lugar para mulheres medíocres”.
– Madeleine Albright –
O ambiente psicossocial na prática esportiva feminina
O grupo das mulheres é o mais afetado pela inatividade física e, paralelamente, é o que poderia usufruir dos benefícios mais específicos decorrentes da prática esportiva. Tudo isso torna especialmente interessante conhecer os fatores que estão associados ou favorecem a prática esportiva feminina.
O descaso com que os meios de comunicação sujeitam o esporte feminino e o tratamento inadequado que dispensam ao esporte têm graves consequências na fase de formação das meninas. A versão do esporte que chega às escolas e aos lares tem, fundamentalmente, protagonistas masculinos.
Para as meninas, para as mulheres em geral, permanece uma interpretação distorcida da sua cota de participação nesse mundo. Faltam ídolos a seguir, referências, falta informação e não há atletas com carisma que possam ser um espelho a imitar em sua fase de formação.
O esporte feminino não é atrativo para a sociedade, exceto em raras ocasiões.
Pelas razões expostas, é lógico que a cada dia fica mais difícil para as meninas enxergarem o seu futuro; ver um destino lucrativo de seus esforços em todos os níveis ou na carreira esportiva, por mais promissora que seja. Assim, em muitos casos, o esforço no treinamento e na competição é exclusivo de seus colegas.
“Sempre haverá críticas – você tem que ter muita confiança em si mesma e amor próprio. Depois de construir esse muro de confiança, as críticas podem bater na parede e imediatamente voltar”.
– Serena Williams –
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Codina, N., & Pestana, J. V. (2012). Estudio de la relación del entorno psicosocial en la práctica deportiva de la mujer. Revista de psicología del deporte, 21(2), 243-251.
García, A. (2006). Evolución histórica y social de la presencia de la mujer en la prática física y el deporte. Lecturas: Educación física y deportes, (99), 10.
Ibáñez, E. (2001). Información sobre deporte femenino: El gran olvido. Apunts. Educación física y deportes, 3(65), 111-113.
http://www.juntadeandalucia.es/cultura/blog/el-techo-de-cristal-en-el-deporte/