Os três estágios psicológicos do desempregado

Os diferentes estágios psicológicos do desempregado são fases sucessivas enfrentadas por uma pessoa que perdeu seu trabalho e não consegue encontrar um novo emprego. O apoio do ambiente, assim como uma abordagem ativa, ajudam a evitar a depressão como consequência.
Os três estágios psicológicos do desempregado
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 23 agosto, 2020

A falta de trabalho remunerado é uma situação que afeta não apenas as finanças, mas também as emoções e a mente em geral. O fenômeno já foi estudado, e a professora Susana Arancibia, da Universidade do Pacífico (Colômbia), destaca que foram definidos três estágios psicológicos do desempregado.

Para a maioria dos seres humanos, a falta de renda proveniente do trabalho é um fator crítico na vida. A mesma especialista indica que o trabalho conecta os indivíduos com a sua sociedade e lhes atribui um papel. Por esse motivo, o desemprego traz consequências importantes que se manifestam de maneira diferente em cada um dos estágios psicológicos do desempregado.

Em geral, é comum pensar que uma pessoa que não tem um emprego formal é “improdutiva “. Isso geralmente não é verdade, pois o mais comum é que uma pessoa sem trabalho se dedique a realizar atividades domésticas ou tarefas temporárias que não são reconhecidas, mas também exigem esforço. É por isso que, quando uma pessoa está sem trabalho, enfrenta os diferentes estágios psicológicos do desempregado, que são os seguintes.

“No entorno europeu, é espantoso que um país com 25% da população na pobreza e seis milhões de desempregados pague cem milhões de euros a um cara por chutar uma bola”.
-Miguel Ángel Revilla-

Os estágios psicológicos do desempregado

Ceticismo e entusiasmo

A princípio, o que o recém-desempregado vivencia é uma espécie de choque, que tem diferentes níveis de intensidade. Se a pessoa já estava esperando ficar sem trabalho, o impacto não é tão grande, mas se isso aconteceu de repente, o efeito é maior. Mesmo assim, a pessoa se recusa a assumir a sua nova condição. Ela espera ser chamada de volta ao seu emprego anterior, ou que “alguma coisa” aconteça e tudo volte a ser como antes.

Esse é um dos estágios psicológicos do desemprego que se caracteriza pela ambiguidade. Ao mesmo tempo que a pessoa quer voltar a trabalhar, ela também começa a aproveitar a pausa para descansar e isso traz um certo alívio. A pessoa diz a si mesma que vai conseguir um novo emprego e que isso vai acontecer relativamente rápido.

Estagnação, o segundo dos estágios psicológicos do desempregado

O segundo estágio psicológico do desempregado ocorre quando ele começa a perceber que conseguir um novo emprego talvez não seja tão fácil. Essa fase ocorre, em geral, entre 6 e 18 meses após a perda do emprego . A pessoa não mediu esforços para conseguir um novo emprego e nada do que fez parece dar resultado.

A pessoa desempregada começa a ficar pessimista e aparecem sinais de ansiedade. Pensa que talvez tenha algo errado com ela. Pode haver episódios de insônia, bem como sinais de irritabilidade e frustração. Também são frequentes sentimentos de culpa e vergonha. A autoestima começa a ser afetada, assim como a autoconfiança.

Desinteresse e desesperança

Entre 18 e 24 meses após a perda do emprego, começa mais um dos estágios psicológicos do desempregado. Nessa fase, surge uma certa resignação diante da sua condição. Há tristeza, sentimento de inferioridade e apatia. Parece não haver saída. É como se todos os esforços fossem inúteis. A percepção do fracasso toma conta da pessoa.

Isso vai aumentando com o passar do tempo e, após 24 meses, a resignação aumenta a ponto de a pessoa praticamente parar de procurar um novo emprego. O desempregado vê qualquer opção de trabalho possível com ceticismo e sente uma frustração crônica. A pessoa se sente menos capaz do que as outras e pode cair em depressão. Sua motivação é nula.

Mulher arrasada após perder o emprego

O que fazer?

O papel do parceiro, da família e dos amigos é muito importante para quem está desempregado. Se a pessoa desempregada receber aceitação e apoio, com certeza estará mais protegida para enfrentar essa provação difícil. É importante que a pessoa compreenda que seu valor como ser humano vai além do trabalho.

Da mesma forma, é necessário que a pessoa desempregada aproveite ao máximo o seu tempo. Uma boa opção é estudar. Existem centenas de cursos online gratuitos e de muito boa qualidade. Isso, por sua vez, ajuda a aprimorar as habilidades profissionais e aumenta as chances de conseguir um novo emprego.

Se a tarefa de conseguir um emprego assalariado é complicada, podemos sempre considerar a possibilidade de trabalhar por conta própria. Há muitas ideias de negócios que não exigem um grande investimento para começar a funcionar, principalmente na área de serviços.

Assim, ao procurar um emprego, é recomendável que a pessoa busque ideias que possam ser utilizadas para empreender. Muitas vezes o mercado de trabalho pode não nos oferecer uma oportunidade: nessas ocasiões, teremos que criá-la.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Iribarría, J. A. D. P., Ruiz, M. A., Pardo, A., & San Martín, R. (2002). Efectos de la duración del desempleo entre los desempleados. Psicothema, 14(2), 440-443.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.