Os estilos de atribuição e a sua relação com as emoções

Você se sente responsável por tudo de ruim que acontece com você? Acha que, geralmente, a sorte está do seu lado? Descubra como essas interpretações influenciam o humor.
Os estilos de atribuição e a sua relação com as emoções
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Você já pensou que “não vemos o mundo como ele é, mas como nós somos”? Esse pensamento tem uma base real, pois os filtros que cada pessoa usa para interpretar os acontecimentos podem ser muito diferentes. Além disso, essas explicações ou causas que atribuímos aos acontecimentos condicionam as nossas emoções, e é por isso que os estilos de atribuição são tão importantes.

Esses estilos de pensamento começam a se formar a partir da nossa chegada ao mundo. À medida que vivemos, experimentamos e nos relacionamos com o ambiente, começamos a compreender como ele funciona e a gerar relações de causa-efeito. Com o tempo, cada indivíduo desenvolve seu próprio estilo explicativo, mais ou menos estável, no qual baseia todas as suas interpretações.

Mulher pensativa

Quais estilos de atribuição existem?

O estilo de atribuição de uma pessoa é a resposta que ela dá à pergunta “por que essa situação ocorreu?”. Então, três dimensões devem ser analisadas:

  • O tempo. A pessoa acredita que se trata de um evento pontual, que aconteceu de uma determinada forma nessa ocasião, mas que não tem motivos se repetir no futuro? (instável). Ou acha que é um fato estável, que vem se repetindo com frequência e continuará a se repetir no futuro?  Por exemplo, em caso de reprovação em um exame, a pessoa pode presumir que nunca conseguirá ser aprovada nessa matéria. Ou, pelo contrário, que o acontecido foi um evento esporádico e que será diferente da próxima vez.
  • A situação. O que aconteceu se limita a esse único contexto? (específico). Ou é generalizável para outras situações e cenários? (global). Assim, o exemplo da reprovação acima pode ser interpretado como “Estou indo mal nos estudos” ou “Tenho mais dificuldade com essa disciplina em particular”.
  • A origem. Faz referência ao lugar onde a pessoa coloca a causa do ocorrido: em si mesma ou no exterior.  No primeiro caso, a pessoa interpretaria que ela não serve para estudar, que não é boa para aprender e memorizar (locus de controle interno). No segundo caso, poderia considerar que foi uma questão de azar ou que o exame foi muito difícil (locus de controle externo).

Como eles influenciam as emoções?

As interpretações que podem ser feitas do mesmo evento são tão díspares que as emoções associadas podem ser totalmente opostas. No entanto, não existe um único estilo de atribuição apropriado, pois seus benefícios dependem da situação específica. Por exemplo, como você explica seus sucessos, suas realizações e os eventos positivos da sua vida?:

  • Se atribuir a eles uma causalidade interna, global e estável, você presumirá que tem sorte em muitas áreas de sua vida, que continuará a ter essa sorte e que ela desempenha um papel importante para alcançar esses objetivos.  Portanto, você tenderá a experimentar tranquilidade, felicidade e otimismo e contará com uma boa autoestima.
  • Pelo contrário, se interpretar o evento positivo como específico, instável e motivado por causas externas, você o classificará como uma uma questão de acaso, que não se repetirá. Além disso, acreditará que não tem poder de influência para que os eventos agradáveis ​​continuem acontecendo.

Algo semelhante acontece ao interpretar o fracasso e os acontecimentos negativos. Os estilos de atribuição internos, globais e estáveis ​​levam a pessoa a pensar que ela é culpada pelo ocorrido, que falha em tudo o que se propõe a fazer e que continuará fracassando no futuro.

Pelo contrário, uma atribuição instável e específica abre a possibilidade de aprender com o que aconteceu e fazer mudanças. Assim, presume-se que, em outras situações, os eventos podem se dar de forma diferente.

Mulher sob a luz do sol

Os estilos de atribuição podem ser alterados?

Essas interpretações não apenas condicionam as emoções, mas também estão relacionadas a diferentes distúrbios de espectros tão distintos quanto a ansiedade e a depressão. No primeiro caso, a pessoa se sente responsável pela ocorrência tanto de eventos positivos quanto negativos em qualquer circunstância, desenvolvendo uma forte necessidade de controle.

Pelo contrário, na depressão, o indivíduo tende a pensar que a ocorrência de eventos negativos está fora do seu alcance e que nada do que fizer poderá influenciar esse fato.  Pelo mesmo motivo, tende à passividade, à submissão e à desesperança.

Para evitar o aparecimento desses distúrbios, é conveniente revisar e modificar a tendência de fazer atribuições pouco funcionais. Apesar de não ser fácil, isso é algo totalmente possível, pois é um aprendizado que pode ser internalizado com vontade e perseverança.

Se você acha que a sua maneira de interpretar o mundo o limita ou lhe causa danos emocionais, tente colocar em prática atribuições mais flexíveis e realistas.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Chavarría Carranza, C. Y. (2019). Estilos de atribución causal. Importancia para la investigación e intervención profesional en la etapa adolescente. Revista Costarricense de Psicología38(1), 1-16.
  • Camuñas, N., Mavrou, I., & Miguel-Tobal, J. J. (2019). Ansiedad y tristeza-depresión: Una aproximación desde la teoría de la indefensión-desesperanza. Revista de Psicopatología y Psicología Clínica24(1).
  • Suárez, P. S. (1999). Estilo atribucional y depresión: conclusiones y aspectos relevantes. Clínica y Salud10(1), 39.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.