Estratégias para desenvolver a criatividade
O mundo e a história estão cheios de pessoas criativas que desenvolveram soluções ou abriram caminhos por onde ninguém havia transitado anteriormente. Provavelmente, muitas dessas pessoas tinham melhores aptidões que a maioria para poder deixar o legado pelo qual são lembradas agora. Contudo, também é verdade que muitas outras pessoas deixaram seus legados através de um trabalho direcionado a potencializar essa capacidade.
Neste sentido, a criatividade tem uma boa parte de insight de “eureca” ou de ideia feliz, mas não é menos verdade a frase que é atribuída a um dos grandes gênios criativos, Pablo Picasso. Este grande artista afirmou que, “se a inspiração tem que chegar, que seja trabalhando, que seja um momento no qual possamos aproveitá-la”.
Para potencializar nossa criatividade, os estudos nos apresentam diferentes estratégias. Uma das mais conhecidas é a tempestade de ideias, ou brainstorming, que consiste unicamente em soltar várias ideias, registrá-las em algum meio da forma mais rápida possível. Geralmente, essa técnica se faz escrevendo as ideias em um papel ou quadro, e ampliando o máximo possível a conexão entre um conceito e outro. Pode ser feita em grupo ou individualmente; não importa a forma, já que a dinâmica é sempre a mesma e oferece bons resultados, especialmente em problemas que oferecem uma grande quantidade de alternativas. Se esta ferramenta é utilizada em grupo, os resultados sempre serão mais ricos, já que o número de ideias sugeridas será maior. As pesquisas neste sentido dizem que em aproximadamente 80% das vezes em que é empregada, encontra-se o resultado final, que é uma boa ideia inicial para refinar a seguir.
Outro procedimento para desenvolver a criatividade é a chamada estratégia de criatividade de Walt Disney ou estratégia Disney. Esta, como o seu próprio nome indica, foi desenvolvida pelo popular criador do império dos desenhos animados mais famoso do mundo. Ao contrário da anterior, ela só pode ser feita individualmente. A explicação é simples: o nosso ser é o canal de conexão direto com as ideias. A estratégia de criatividade de Disney consiste em observar uma ideia a partir de três pontos de vista diferentes; neste caso a única premissa a ter em conta é que, para desencadear o processo, é necessário ter uma ideia original a partir da qual trabalhar.
Concretamente, a estratégia de criatividade Disney está baseada em valorizar uma ideia a partir de um ponto de vista sonhador, crítico e realista. Dizem que ela nasceu porque Walt Disney tinha três escritórios; um era um espaço branco, com muita luz e com uma estética extremamente minimalista; o outro era um escritório sóbrio, decorado de forma clássica, com tapetes, poltronas e uma luz suave; o terceiro e último era um espaço decorado de forma moderna, com cores, moveis originais e de vanguarda para a época, luz intermediária e um perfeito equilíbrio entre a sobriedade e um ambiente lúdico. Dizem que cada vez que Walt Disney queria desenvolver a trama de um de seus filmes, sempre passava pelos três escritórios; no primeiro tinha as ideias mais loucas e ilógicas, no segundo se dedicava a ser o pior crítico do mundo e inclusive insultava o resultado obtido no primeiro escritório, e no terceiro, com a informação do primeiro e do segundo, procurava uma forma de poder contentar a ambos chegando a um ponto intermediário dessas ideias. Aí está, três escritórios, três tipos de listas, três personagens muito diferentes… O que há em comum? Um único cérebro!
Em todas as técnicas de criatividade há algo em comum: nós. Sejamos mais ou menos criativos, sempre estaremos ai, somos parte disso. A única coisa que é preciso saber é como trabalhá-las e quando aplicá-las. Está mais do que provado pelas pesquisas desenvolvidas pelas universidades americanas que a criatividade nasce, mas também se desenvolve. Neste ponto poderíamos utilizar a clássica comparação com a academia de ginástica; não é verdade que para ganhar músculos vamos à academia ou fazemos exercícios em casa? Pois com as aptidões acontece o mesmo. Se estas não forem trabalhadas diariamente ou de forma periódica, se atrofiam e não funcionam como deveriam.
Exercício para desenvolver a criatividade
Finalmente, quero propor um simples exercício de programação neurolinguística que amarra perfeitamente com o tema da estratégia de criatividade. De certa forma, este exercício poderia ser considerado uma extensão do outro. chama-se: Os três mentores.
O exercício é simples e está baseado no mesmo conceito; valorizar uma ideia a partir de diferentes pontos de vista. Do mesmo jeito que na estratégia de criatividade de Walt Disney, neste exercício observaremos uma ideia a partir de três posições diferentes. Este consiste em escolher três personagens: um conhecido que não mereça muito respeito, um famoso que respeitemos por algum motivo e um personagem de ficção que também nos inspire respeito.
O exercício se desenvolve fechando os olhos e imaginando que somos um desses personagens; podemos falar como ele, sentar-nos ou caminhar como ele faria… e o objetivo é chegar a pensar como ele faria. O que ele diria sobre a questão que estamos propondo? O que ele aconselharia? Como ele encararia esse mesmo problema? Depois de passar pelas três posições, quanto mais vezes melhor, teremos uma série de respostas anotadas em um papel, que podemos adotar como ponto de partida para procurar uma possível solução para o nosso problema.
Esta estratégia, como a maioria que se apresentam para a potencialização da criatividade, procura nos tirar dos nossos mecanismos mentais tradicionais e fazer que o nosso pensamento trabalhe com outros que não usamos tão frequentemente. Desta forma, usando procedimentos diferentes, provavelmente atingiremos soluções diferentes, mais ou menos válidas, mas sempre teremos uma fonte de riqueza criativa.
Imagem cortesia de alphaspirit