5 estratégias simples para lembrar melhor o que você lê, de acordo com a ciência
Você precisa se lembrar do que leu ou melhorar sua capacidade de retenção para responder a um exame? Você gostaria de treinar seu cérebro para poder armazenar na memória mais elementos do que você lê? Estamos sempre a tempo de melhorar esta competência. E ainda mais agora, quando o mundo digital, muito mais rápido, mais fluido e dominado por imagens, está reduzindo muitas de nossas habilidades.
Um exemplo, a neurocientista Maryanne Wolf, autora de livros como Reader Come Home: The Reading Brain in a Digital World (2020), nos alerta para um fato relevante. Dispositivos eletrônicos estão reduzindo nossa capacidade de concentração. Isso pode ser especialmente grave para crianças que ainda estão desenvolvendo suas habilidades de alfabetização.
No entanto, adultos, aqueles que são grandes leitores há décadas, também podem ser afetados. Na verdade, algo que a Dra. Wolf está vendo em sua prática clínica é quantas pessoas retêm cada vez menos informações quando lêem.
Estamos tão acostumados com a informação imediata, aquela que muda de um segundo para outro, que o cérebro tem sérios problemas para armazenar o que lê na memória. Portanto, as dicas que listaremos a seguir não são destinadas apenas aos alunos.
Em um mundo dominado pelo digital, pelas telas e pela informação que flui na velocidade da luz, é fundamental que recuperemos os hábitos básicos de leitura. Nossa memória e bem-estar psicológico irão apreciá-lo.
Chaves para lembrar o que você lê
Cerca de 5.000 anos atrás, o cérebro humano fez um grande avanço. Fomos capazes de interpretar símbolos, de dar-lhes significados e sons articulados: nasceu a leitura. Os sumérios deixaram suas evidências de escrita cuneiforme em suas tábuas. Os egípcios nos legaram O Livro dos Mortos e A História de Sinué, como exemplos desses primeiros exemplos dessa arte.
Hoje, lemos livros em dispositivos eletrônicos sem precisar tê-los em papel. E, apesar das mudanças, quando o cérebro lê, ele continua a fazer mais do que decifrar símbolos: aprendemos, simpatizamos com outras pessoas e nos sentimos mais livres, mais sábios e ainda mais felizes.
Nada é tão enriquecedor quanto despertar para outras perspectivas, atualizar as informações que temos e adquirir um senso mais crítico da realidade. Embora, é claro, todos esses processos sejam possíveis apenas se nos lembrarmos do que lemos. Se não consolidarmos as informações lidas, não há aprendizado e não desafiamos nenhuma de nossas ideias preconcebidas.
É necessário fornecer as condições certas para lembrar o que você lê. Agora vamos ver essas chaves.
Para lembrar o que você lê, evite distrações como notificações de celular.
1. Melhor no papel do que no digital
É verdade que muitos de nós nos acostumamos a ler no tablet ou em dispositivos criados para esse fim. No entanto, se realmente queremos otimizar a memória do que lemos, é melhor optar pelo clássico: o papel.
Isso é demonstrado por uma pesquisa realizada pelo professor Ziming Liu, da San Jose State University, na Califórnia. Além disso, com o formato físico, o cérebro processa melhor as informações e sempre será mais útil para nós realizarmos desde sublinhados e anotações na margem.
2. O ambiente onde você lê é importante: livre-se das distrações
Podemos ler no metrô, na praia e até quando esperamos uma consulta em um centro médico. No entanto, se você não é um leitor treinado capaz de se concentrar mesmo no meio de um concerto, para otimizar os processos de atenção e memória, deve escolher o ambiente onde vai ler bem.
Recomenda-se que seja um espaço com boa iluminação, onde se possa sentar confortavelmente e onde haja o mínimo de distrações possível. Ou seja, é melhor que você esteja na solidão, cercado por uma decoração ordenada e pouco carregada.
Também é importante que você mantenha seu celular longe ou silencie as notificações.
3. Sem pressa, melhor uma leitura tranquila
Acostumamo-nos a ler rápido, apressado e superficialmente. Fazemos isso porque, como bem apontamos, o mundo digital e as redes sociais nos desacostumaram.
Se recebemos uma notícia, quase sempre ficamos com uma parte. Nossas mensagens nunca são excessivamente longas e, o que é mais importante, as lemos rapidamente para responder da mesma maneira.
O imediatismo domina nossas vidas e fez com que nossos cérebros processassem informações na velocidade da luz. Daí os erros e falhas de memória. É necessário que pratiquemos uma leitura lenta, profunda e sem pressa. Se tivermos dificuldade em alcançá-la, vamos seguir este conselho:
- Antes de começarmos a ler, vamos praticar a respiração profunda por 5 minutos. Basta respirar sustentadamente no diafragma, retê-lo e depois expirar. Vamos repetir várias vezes.
- Em seguida, vamos limpar nossas mentes. Vamos visualizar uma sala na qual retiramos todos os móveis até que ela fique vazia. Vazio de preocupações e pensamentos intrusivos.
- Uma vez que o corpo e a mente estejam relaxados, vamos encontrar uma posição confortável e começar a ler.
4. A importância das anotações para lembrar o que você lê
Há quem sublinhe, quem escreva na margem e até quem desenhe. Bem, a verdade é que, para lembrar o que você lê, será muito útil fazer anotações. Mas cuidado. Não se trata de transcrever literalmente o que já está no livro.
O que devemos fazer é, uma vez que entendemos uma ideia, um parágrafo ou um capítulo, tentar escrever um resumo ou anotar o que lemos de nossa própria forma. Devemos fazê-lo em nossas próprias palavras. Além disso, uma forma de consolidar o que lemos é por meio de comentários manuscritos. Podemos relacioná-lo com o que já sabemos, com o que pensamos, com nossa experiência ou aprendizado anterior…
O objetivo final da leitura nunca deve ser a memorização exata. Não somos máquinas. O que lemos deve nos convidar a refletir, inspirar ou desenvolver uma visão crítica do que lemos.
5. Reflita sobre o que você lê e discuta com alguém
Se o que você lê não o convida a desenvolver uma opinião, uma emoção ou uma reflexão, essa leitura é inútil. A memória profunda é ativada, sobretudo, dando-lhe sentido e, para isso, é preciso refletir, olhar em perspectiva o que se lê, valorizá-lo e até comentar sobre ele.
Todos estes processos, como temos vindo a assinalar, requerem tempo. E tempo é o que parece que nos falta hoje. No entanto, devemos ter em mente que um cérebro acelerado deixa, mais cedo ou mais tarde, de ser eficaz. Ler requer paciência, prazer, concentração, contato com o papel e também conexão social.
Poucas coisas são tão enriquecedoras quanto comentar com alguém um artigo, um livro que gostamos, ou mais ainda, estudar em companhia se o que temos pela frente é uma prova. Comentar, opinar, fazer perguntas e refletir são combustíveis para nossas mentes. Vamos colocar em prática essas dicas.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Wolf, Mararyane (2020) Lector, vuelve a casa: Cómo afecta a nuestro cerebro la lectura en pantallas. Planeta.
- Ziming Liu. “Digital reading” Chinese Journal of Library and Information Science (English edition) (2012): 85-94.