Como gerenciar o estresse causado pela família

Como gerenciar o estresse causado pela família
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

Em alguns casos, a família é uma fonte de estresse Há momentos em que as raízes da árvore genealógica nos prendem pelos pés sem nos deixar sair, nos sufocando com seus comportamentos tóxicos, suas demandas, suas fobias e seus vínculos afetivos regidos por um narcisismo claro. Gerenciar este tipo de dinâmica e o o estresse causado pela família é fundamental para proteger a nossa dignidade.

Há quem diga que nascer é quase como cair de uma chaminé. Nunca sabemos qual lar encontraremos, desconhecemos como será esse primeiro cenário socioafetivo que determinará uma boa parte da nossa estrutura psíquica, e nem que tipo de apego desenvolveremos com nossos pais e cuidadores. Não sabemos também se essa família vai nos proporcionar felicidade, se seremos criados com negligência, ou se seremos testemunhas de um entorno onde imperam a reprovação, o ataque e o desprezo entre seus membros.

“Viemos de nós mesmos, vamos em direção a nós mesmos. Ainda que a família e a sociedade tentem impedir isso, sejamos nós mesmos!”
– Alejandro Jodorowsky –

Se ter  uma família boa é quase ganhar na loteria, sobreviver a ela saindo intactos de certas frustrações também é. É comum que restem algumas carências, que mesmo depois de maduros continuemos nos chocando com os valores de nossos pais, entrando em atritos com nossos tios e inclusive competindo com nossos irmãos por isso ou aquilo.

A convivência nem sempre é fácil. Porém, quando existe respeito, estes processos aparentemente antagônicos podem fluir com uma certa naturalidade, nos permitindo contar com eles, com essa família, que como bem diz o ditado popular, deve estar nos bons e nos maus momentos. Agora, o que acontece quando isso não se cumpre? O que devemos fazer quando não há respeito e nosso humor fica continuamente minado e vulnerável? Como agir quando sentimos que a família está nos estressando e sufocando?

Menina segurando boneco com esquilos em volta

Quando a família estressa e sufoca

Às vezes dizemos a nós mesmos que não voltaremos a cair nos mesmos erros. Nós nos convencemos a não ir a reuniões e celebrações que sempre terminam mal. Tentamos fazer um pacto com nós mesmos: nos manteremos firmes e não cederemos diante de certas chantagens e demandas que costumam deixar abaixo do mínimo os indicadores de nossa autoestima. Porém, caímos nas mesmas armadilhas diversas vezes.

Como impedir isso? São nossos familiares, tentamos honrar isso e respeitar dia após dia, ainda que o preço de nossa estoica devoção seja cada vez mais alto. Lidamos com situações que não sabemos muito bem como gerir, nos deixamos chantagear, abaixamos a cabeça para conter nossas emoções e mordemos a língua para não pôr a perder relações de uma vida inteira.

Quando a família nos estressa e sufoca, pensamos muitas coisas. Talvez tenha chegado o momento de formalizar uma saída definitiva? Ou continuamos nos sufocando nesse vínculo de sangue em vida? Não é preciso cair nestes extremos, não é saudável e nem permissível. Vejamos a seguir quais pautas podem ser aplicadas para resolver essa situação.

É recomendável não tomar decisões extremas e observar tudo com muita calma ao gerenciar o estresse causado pela família.

Como lidar com o estresse causado pela família

O desgaste nas situações de conflito familiar pode ser muito grande, pela quantidade de sentimentos e posturas encontradas. Esta erosão emocional pode ser tão profunda que qualquer palavra ou gesto nesse contexto familiar asfixiante se processa de forma intensa, e inclusive exagerada.

Assim, um primeiro passo no qual deveríamos trabalhar é a calma interna. Quando alguém aguentou tantas coisas na vida, acumula uma frustração imensa, uma raiva que se torna incrustada e cria raízes. É preciso canalizar e acalmar tudo isso. Uma vez que tenhamos ventilado essas salas emocionais carregadas de tensão, é o momento de trabalhar no seguinte aspecto.

Defina seu eu, fortaleça a sua identidade

Quando as pessoas não desenvolvem um sentido de identidade forte, definido e separado do contexto familiar, seu bem-estar emocional está em perigo contínuo. É necessário cortar esse cordão umbilical e tratar-nos como entidades independentes assentadas em seus próprios valores e necessidades.

Quando a identidade e o autoconceito são firmes, sabemos o que está bem, o que é permissível e o que não. Além disso, não só vemos com mais clareza os comportamentos tóxicos ou os atos narcisistas, mas também temos menos ressalvas na hora de impor limites: sabemos que eles são necessários para melhorar a convivência.

Papel recortado mostrando família

Não é preciso estar sempre de acordo com a sua família

O estresse familiar tem suas raízes na falta de harmonia, surge porque há um campo de forças onde uns e outros agem como oponentes, e não como facilitadores. Um fato muito comum nestes cenários é a necessidade que temos de receber sempre a aprovação dos outros, de não sair dessas linhas que alguns traçam e nas quais outros devem se encaixar quase que à força para não decepcionar.

Este último ponto não é ser família. A verdadeira família é um microcosmo singular onde os elementos mais diversos convivem em perfeita harmonia. É uma pedra preciosa onde estão incrustados os mais variados minerais, com suas próprias cores, suas fabulosas propriedades e singularidades. É essa diversidade que traça a beleza de serem todos diferentes, mas ao mesmo tempo excepcionais. Entendamos, portanto, que uma família, uma boa família, respeita e estende a mão, não sufoca ou supõe um obstáculo para que cresçamos.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.