Gestão emocional em atletas: um fator para o sucesso

O desenvolvimento de fatores emocionais no contexto esportivo assume hoje especial relevância, equiparando-o ao treinamento de fatores físicos, técnicos e táticos, pois os fatores emocionais estão intimamente relacionados ao desempenho esportivo.
Gestão emocional em atletas: um fator para o sucesso
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Hoje é aceito que as emoções influenciam diferentes áreas da vida. Especificamente, as emoções desempenham um papel importante na vida dos atletas e, direta ou indiretamente, influenciam no seus objetivos (Hanin, 2000). Em outras palavras, o gerenciamento emocional em atletas é importante.

O desenvolvimento de fatores emocionais no contexto esportivo assume hoje especial relevância, equiparando-o ao treinamento de fatores físicos, técnicos e táticos, pois os fatores emocionais estão intimamente relacionados ao desempenho esportivo.

A inteligência emocional está direta e positivamente relacionada à idade, sendo os atletas de modalidade coletiva com contato os que melhor administram suas emoções (Sánchez, Ortega e Chacón, 2018). Por outro lado, a inteligência emocional não é o oposto do conceito tradicional de inteligência, representado em muitos casos pelo QI, mas seu complemento.

A gestão emocional em atletas ganhou grande relevância na atualidade.

Embora se tenha confirmado que as emoções são um fator determinante no rendimento desportivo, este não é um dos pilares de muitas intervenções psicológicas realizadas com atletas. Essa ausência pode ocorrer por diferentes motivos: falta de conhecimento da aplicação de programas de intervenção em inteligência emocional, equívocos sobre a consideração desse fator -como pensar que é uma capacidade inata que não pode ser treinada- ou falta de tempo de treinamento, entre outros, outros (Weinberg e Gould, 2010).

“Raiva, ressentimento e ciúme não mudam o coração dos outros, só mudam o seu.”

-Shannon L. Alder-

Mãos de um desportista na linha de partida

Neymar, o jogador que ainda não aprendeu com a frustração

Do ponto de vista da Confederação Brasileira de Futebol, a falta de um psicólogo na última Copa do Mundo foi apontada como um possível obstáculo. O Brasil é um dos times pioneiros em trazer psicólogos para Copas do Mundo; Surpreendentemente, na última Copa foi uma das poucas equipas que não recorreu à figura de um profissional de saúde mental. Por outro lado, muitos apontaram que seu craque, Neymar, teria se beneficiado muito com a presença de um profissional competente.

Ele mesmo reconheceu, em declaração pública, que ainda não aprendeu a se decepcionar e que, quando se comporta como um atleta imaturo, não é porque é um menino mimado, mas porque ainda não aprendeu a se frustrar.

Os pontos que o próprio Neymar aponta podem ser lapidados com o trabalho de um profissional. No entanto, os responsáveis por configurar a equipe de trabalho de seleção não perceberam o quão importante essa figura poderia ser para estabelecer diretrizes e realizar intervenções para canalizar emoções, tanto em nível grupal quanto em nível individual.

Uma vez conhecido o resultado, a exposição pode parecer oportunista; no entanto, tanto de fora quanto de dentro da seleção, faltou que os jogadores tivessem recursos para que a pressão não se tornasse  insuportável.

“É muito importante entender que a inteligência emocional não é o oposto da inteligência, não é o triunfo do coração sobre a cabeça, é a interseção de ambos.”

-David Caruso-

Caso Iniesta, quando a ajuda psicológica chega a tempo

O próprio Andrés Iniesta reconheceu que durante 2009-2010 sofreu de depressão, logo depois de vencer tudo como jogador. Começou a se sentir mal, a arrastar uma sombra pesada da qual não conseguia se livrar. E aí começou um processo interior. Ele estava se sentindo mal e não sabia a razão. Fizeram testes onde não encontraram alterações; no entanto, a realidade era que ele não estava se sentindo bem e entrou em um loop. Ele reconheceu que precisou de ajuda profissional; caso contrário, não teria saído dessa situação.

Em suas palavras, sobre a figura do psicólogo: “Eles estão lá para ajudar quando você precisar deles. Eu cheguei em um momento em que precisava de ajuda e a consegui; havia dias em que não conseguia sair, que sentia que estava afundando. E eu tive pessoas que me ajudaram, pessoas muito valiosas.”

A gestão emocional em atletas é um aspecto fundamental para alcançar o sucesso e sentir-se bem consigo mesmo.

Iniesta

A Organização Mundial da Saúde (OMS) assegurou em 2018 que mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão e mais de 260 milhões têm transtornos de ansiedade.

Na última década, a ciência descobriu o papel que as emoções desempenham em nossas vidas. Pesquisadores descobriram que saber gerenciar emoções terá uma influência significativa no futuro que construímos, ainda mais do que o próprio QI.

E esta regra também funciona nos esportes e é que as pequenas diferenças que encontramos, como a gestão emocional nos atletas, são determinadas pelos fatores que trazemos para a equação, além do treinamento físico.

“Eu mal podia esperar a noite para poder tomar um comprimido e descansar. O que move a gente? A ilusão, os sentimentos, a força de vontade… Mas numa situação como essa você não tem nada.”

-Andres Iniesta-


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  • Gould, D., & Weinberg, R. (2010). Fundamento de psicología del deporte y del ejercicio físico. España, Editorial Médica Panamericana,.
  • Hanin, YL (2000). Emociones en el deporte. Cinética humana.
  • Meyer, BB, y Fletcher, TB (2007). Inteligencia emocional: una descripción teórica e implicaciones para la investigación y la práctica profesional en psicología del deporte. Revista de psicología deportiva aplicada , 19 (1), 1-15.
  • Sánchez, M. C., Ortega, F. Z., & Cuberos, R. C. (2018). Inteligencia emocional en deportistas en función del sexo, la edad y la modalidad deportiva practicada. Sportis: Revista Técnico-Científica del Deporte Escolar, Educación Física y Psicomotricidad4(2), 288-305.

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