Infidelidade: o "porquê" dos amantes

Por que algumas pessoas são infiéis aos seus parceiros? São múltiplas as razões, que também variam em cada caso. Aqui, mostraremos as mais comuns.
Infidelidade: o "porquê" dos amantes
Mariana Luque Santoro

Escrito e verificado por a psicóloga Mariana Luque Santoro.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Embora os limites para definir o que seria uma infidelidade às vezes sejam controversos, podemos entendê-la como a quebra de um pacto de exclusividade afetiva e sexual, em que um das partes de um casal se relaciona com uma terceira pessoa. Quando surgem amantes, quebra-se o contrato, que pode ou não ter sido explicitado, atenta-se contra a confiança dentro do relacionamento e danos são sofridos.

Historicamente, o ato de ter amantes nem sempre foi reprovado socialmente. Houve até mesmo momentos em que a infidelidade era aplaudida, especialmente do lado masculino. Até certo ponto, algo compreensível por causa dos casamentos arranjados sem amor envolvido. O casamento era entendido mais como uma tarefa do que como um lugar para o amor.

No entanto, na maioria dos países do mundo, os casamentos por contrato terminaram e, como consequência, a infidelidade passou para outro plano.

“Esquecem-se infidelidades, mas não se perdoam.”

-Madame de Sévigné-

O que alimenta a fidelidade?

Entre os elementos que favorecem a “fidelidade”, o amor se destaca como o seu principal propulsor. Durante a fase da paixão, é quase “impossível” incorrer em uma infidelidade, uma vez que os sentimentos em relação ao outro são totais e “só temos olhos para essa pessoa”.

amantes de mãos dadas

Da mesma forma, também influenciam valores como a confiança. Além disso, crenças como “os relacionamentos se baseiam na fidelidade”, “posso controlar meus desejos”, “tenho mais a perder do que a ganhar” ou “não faço para os outros o que não gosto que façam comigo” também parecem ser centrais.

Entre outros fatores que parecem desempenhar um papel importante, destaca-se a influência e a pressão que o grupo social pode exercer para que a pessoa permaneça fiel. Normas provenientes da família de origem, pressões sociais, instituições ou convicções religiosas podem exercer controle sobre esses desejos.

Por sua vez, a culpa também pode beneficiar a fidelidade, por causa do medo de não aguentar esse sentimento ao enganar o outro. No entanto, a causa mais saudável da fidelidade é o compromisso adquirido com o parceiro, que se torna mais importante uma vez que a fase da paixão fica para trás, já que o contrato que se estabeleceu com o outro, o afeto, o companheirismo e o respeito são o que sustenta a fidelidade.

O que a infidelidade esconde? Por que as pessoas têm amantes?

Em muitos casos, as pessoas recorrem à infidelidade como uma forma de lidar com os conflitos existentes no relacionamento, que variam conforme cada caso. Assim, neste tipo de situação, ter um amante geralmente é uma forma de fuga, um jogo no qual os infiéis não buscam nada além disso.

No entanto, isso não significa que as pessoas não acabem se apaixonando por seus amantes. De fato, esta é outra realidade bastante comum. Afinal, esse relacionamento acaba sendo o remendo que esconde os problemas que o casal não conseguiu resolver.

Por outro lado, a infidelidade também recebe a influência dos traços pessoais do indivíduo. Portanto, nem todos os que têm problemas no relacionamento vão procurar um amante, uma vez que vão preferir outras formas de resolver ou superar os conflitos. De fato, há pessoas que preferem terminar o relacionamento, ao invés de serem infiéis.

Dito isso, podemos afirmar que diversas variáveis entram em jogo para que se cometa uma infidelidade. Veremos as mais comuns.

Triangulo amoroso

As 12 causas mais comuns da infidelidade

Entre os fatores observados que são frequentemente associados ao fato de certas pessoas terem amantes, podemos destacar:

  • A falta de amor: situações em que se perdeu o forte sentimento que se tinha. “Gosto dele, mas não o amo”. Isso pode favorecer a ideia de que, ao procurar um terceiro, estas pessoas estão sendo “fiéis a si mesmas e ao que sentem”, apesar de enganarem o outro.
  • Tédio e rotina: a falta de estímulo que alguns podem experimentar no relacionamento pode favorecer que isso seja buscado fora, através dos amantes. É mais frequente naqueles que necessitam de estimulação constante e que não encontram ou não promovem a motivação de que necessitam nas suas relações.
  • Vaidade: a sedução frequente dos outros pode ser uma motivação fundamental para as pessoas com fortes traços narcisistas, que medem a sua autoestima de acordo com as conquistas que fazem. Sentir-se atraente e ter o poder de atrair os outros “dá valor a essas pessoas”, talvez sem a intenção de se separar do parceiro. Além disso, este também é um modo de tentar “ter tudo”, ainda que isso prejudique as outras pessoas envolvidas. De alguma forma, os seus desejos ficam acima das necessidades alheias.
  • Crenças: algumas crenças podem favorecer esses comportamentos, tais como: “só desta vez”, “ele não precisa saber”, “não vou perder essa oportunidade”, “todo mundo faz isso”, “não consigo ser fiel”, “nós homens somos assim”, “é só sexo”. De alguma forma, elas “justificam” o fato de terem amantes.
  • Valores: a pessoa pode ter um sistema de valores que não sancione a infidelidade como um ato negativo.
coração partido
  • Problemas de comunicação: quando se escondem os problemas dentro do relacionamento em vez de enfrentá-los. Como consequência, podem surgir ressentimentos e diferenças acumuladas  dentro do relacionamento que produzem a perda progressiva de interesse pelo outro.
  • Solidão: O sentimento de solidão dentro de um relacionamento é especialmente complicado. Quando, dentro de um relacionamento, uma das partes se sente sozinha por causa de uma relação distante e sem afeto, isso pode motivá-la a buscar essa “companhia” em um terceiro.
  • Falta de satisfação sexual: a insatisfação no âmbito sexual do casal pode favorecer a ideia de tentar encontrar amantes mais compatíveis, que permitam a satisfação.
  • Carências afetivas: quando há um distanciamento afetivo, não há um reconhecimento do outro ou a pessoa não recebe valorização, ela se sente pouco desejada. Por isso, ela pode procurar um terceiro para se sentir atraente.

“Cometem-se muito mais traições por fraqueza do que em consequência de um forte desejo de trair.”

-François de La Rochefoucauld-

  • Altas expectativas do relacionamento: expectativas extremamente altas e irreais sobre o que se espera do outro e do relacionamento podem produzir grandes decepções, fazendo com que se distanciem e levando a procurar fora esse “ideal” que possa atendê-las.
par de alianças
  • Pressão social: a pressão social pode aumentar a tentação de cometer uma infidelidade. Alguns modelos sociais fazem “publicidade” desses fatos como, por exemplo, quando há um protótipo masculino que é atraente por causa dos seus múltiplos parceiros ou encontros sexuais.
  • Curiosidade: a procura do novo e a curiosidade de experimentar tudo podem fazer com que a pessoa decida ter amantes. É possível que personalidades reprimidas ou muito tímidas achem mais fácil atender ao desejo de novidade do que pedir ao parceiro que mude ou que experimentem algo diferente.

Mas nem tudo está perdido! Tanto no caso de apresentar algumas dessas características ou de detectá-las no parceiro, é possível trabalhá-las, por exemplo, por meio da terapia, para encontrar formas alternativas de construir e manter relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios.

O que fazer se o meu parceiro tiver sido infiel?

A infidelidade é uma ocorrência bastante comum atualmente e, quando somos afetados, a primeira coisa que questionamos é o nosso valor pessoal. Ficamos nos perguntando coisas como “o que eu fiz de errado?” ou “será que não fiz o suficiente?” No entanto, conforme já vimos, a infidelidade tem muito pouco a ver com essas ideias.

Se você está passando por essa experiência, aqui vão algumas dicas para superar a situação.

Encare os fatos

É comum que, ao suspeitar ou ao descobrir que o nosso parceiro foi infiel, tenhamos medo de confrontá-lo por causa das possíveis consequências que surgirão a partir desse momento. No entanto, é melhor encarar a situação e enfrentá-la. Você pode tomar o seu tempo para meditar e acalmar as suas emoções. Assim, você vai abordá-lo de uma forma mais racional.

Converse com o seu parceiro

É importante poder estabelecer um diálogo o mais racional possível, apesar das fortes emoções que possam surgir. Nesse caso, encontre um momento e um lugar oportuno e tente levar tudo com calma. O ideal é que ambos expressem os seus pensamentos e emoções com sinceridade.

Aceitar o que aconteceu

Aceitar que o nosso parceiro foi infiel implica a destruição de todos os nossos ideais em torno dele, o que representa um processo muito difícil e doloroso. No entanto, não há escolha a não ser aceitar os fatos, pois só assim poderemos superá-los.

Procurar apoio

Neste momento, é muito importante se cercar de pessoas que te amem e em quem você possa confiar. Elas podem te ajudar a passar por esse momento difícil. Além disso, consultar um profissional também pode ser muito útil.

Perdoe ou esqueça

A decisão final é uma questão muito pessoal. Só você pode decidir o que fazer a partir das suas reflexões. Isso pode depender de muitos fatores, tais como: o tipo de infidelidade, se foi algo pontual ou prolongado no tempo, se foi puramente sexual ou também emocional, ou ainda a quantidade de tempo que passaram juntos e os momentos que compartilharam.


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  • Riso, W. (2003). La fidelidad es mucho más que amor. Editorial Norma.
  • Valdez, J. L., González, B., Maya, M. U., Aguilar, Y. P., González Arratia, N. I., & Torres, M. A. (2013). Las causas que llevan a la infidelidad: Un análisis por sexo. Acta de investigación psicológica3(3), 1271-1279.

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