A insônia, esse monstro noturno
Muitas crianças têm medo da escuridão e dos monstros que nela habitam. Eles estão embaixo da cama, vão sequestrá-lo quando estiver dormindo profundamente ou assustá-lo quando você se levantar no meio da noite. Felizmente estes monstros da infância são imaginários, mas existe um verdadeiro monstro que aparece na vida das crianças e com mais frequência na vida dos adultos: a insônia.
Podemos entender a insônia como um distúrbio do sono. Dentro dos distúrbios do sono podemos encontrar as dissonias e as parassonias. No primeiro caso, a alteração está na quantidade, na qualidade e no horário do sono; enquanto que no segundo caso acontecem movimentos anormais e pesadelos durante o sono, causando interrupções no padrão saudável de repouso. Portanto, a insônia está dentro das dissonias.
“Se uma pessoa tivesse durante o dia tantas ideias como tem durante a insônia, estaria rica”.
-Griff Niblack-
O que é a insônia e como ela se manifesta
Embora existam padrões de sono diferentes, há indicadores claros de que uma pessoa sofre de insônia. O mais comum e, ao mesmo tempo, o mais óbvio, é o cansaço que a pessoa sente pela falta do sono, um sono que não é fácil conciliar devido a vários fatores, normalmente relacionados com os seus próprios hábitos.
Para diferenciar uma dificuldade passageira para conciliar o sono de uma insônia, os especialistas dizem que ela deve acontecer por três ou mais noites por semana, por no mínimo três meses.
Há uma persistente dificuldade ou incapacidade de iniciar e manter o sono. As pessoas com insônia também podem acordar muito cedo, embora não tenham conseguido dormir bem à noite.
Como diferenciar a insônia de outros problemas do sono
Como já dissemos, a insônia se encontra dentro dos distúrbios do sono denominados dissonia. A pessoa dorme normalmente, não aparecem fenômenos estranhos, mas ela tem problemas com a quantidade, qualidade e com os horários em que sente sono.
Para diferenciar a insônia primária de outros transtornos do sono é preciso conhecer as suas causas. A insônia pode ter muitos motivos, portanto o tratamento deve ser diferenciado. Veremos aqui algumas dessas causas:
- Distúrbios relacionados com a respiração durante o sono, como a apneia e a hipoventilação alveolar.
- A hipersonia primária como a Síndrome de Kleine-Levin.
- A narcolepsia.
- Os transtornos do ritmo circadiano (sono atrasado, jet lag, turnos de trabalho).
- Os distúrbios do sono não especificados como pernas inquietas ou mioclonia noturna.
- Transtornos causados por consumo de substâncias que afetam a quantidade e a qualidade do sono (cafeína, fármacos, drogas).
- Distúrbios do sono resultantes de perturbações ou doenças.
Uma vez que você já descartou todas essas possibilidades, fica claro que a sua insônia é primária, isto é, não é provocada por outra causa orgânica ou outro distúrbio psicológico. Às vezes, a insônia pode acontecer como consequência de uma depressão; ela não é o problema principal, apenas um sintoma.
Como a insônia nos afeta
A falta de sono afeta negativamente a vida de quem sofre de insônia: não é só cansaço, mas a fadiga acumulada causa apatia, falta de concentração e irritabilidade. Não dormir o suficiente afeta a nossa energia e atrapalha o nosso rendimento no trabalho, o casamento e o relacionamento com os amigos.
A falta de sono também afeta a nossa capacidade de reação, aprendizagem e memorização. Mesmo que muitas celebridades se definam como “notívagas”, não se deixe enganar. Elas não dormem à noite, mas provavelmente dormem o suficiente durante o dia, embora esse não seja o padrão usual entre a população.
Devemos notar também que certos postos de trabalho têm horários flexíveis. Por exemplo, não dormir para escrever pode ser algo inspirador; não dormir e trabalhar como motorista de ônibus pode ter consequências fatais.
Os melhores tratamentos para a insônia
Se você está passando por um episódio de insônia grave e não consegue conciliar o sono durante dias, um médico deve ser consultado. Inicialmente eles receitam benzodiazepínicos ou medicamentos hipnóticos. Estes últimos são mais convenientes para este problema e causam menos dependência.
Essas drogas são apenas “um paliativo” para a insônia, porque este problema depende de várias causas e do comportamento do próprio indivíduo. Por isso, é melhor consultar um psicólogo clínico com formação cognitivo-comportamental no combate à insônia. As técnicas mais utilizadas são:
- Controle de estímulos: controlar a temperatura e o barulho do lugar onde você vai dormir. Evite passar muito tempo nesse lugar fazendo outras atividades como estudar ou assistir um filme. Mesmo que ler um livro seja uma atividade relaxante, tente ler fora da cama.
- Restrição do sono: uma técnica desenvolvida por Spielman restringe as horas de sono durante alguns dias até que a pessoa não aguente mais e acabe dormindo. Não se deve reduzir o sono para menos de 04 horas.
- Intenção paradoxal: consiste em contradizer o nosso desejo. Se estamos pensando que precisamos dormir, vamos pensar no que devemos fazer para nos mantermos acordados. Foi demonstrado que essa luta induz ao sono.
- Técnicas de relaxamento como o treinamento autógeno e o relaxamento progressivo.
- A higiene do sonho: melhorar os hábitos que promovem o sono (diminuir a cafeína, praticar esportes, alimentação saudável, evitar o álcool, etc).