Quando inteligência e intuição funcionam em sintonia

Albert Einstein já dizia que a inteligência e a intuição devem sempre andar de mãos dadas. Além disso, o psicólogo Gerd Gigerenzer, diretor do Instituto Max Planck, diz que a pessoa intuitiva sempre fará a diferença na sociedade.
Quando inteligência e intuição funcionam em sintonia
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 16 fevereiro, 2022

Quando inteligência e intuição funcionam em harmonia, somos capazes de dar o melhor de nós mesmos. Unindo estas duas realidades, somos capazes de resolver os problemas com uma maior eficácia. Além disso, é sob essa combinação que tomamos as melhores decisões, porque conseguimos usar tanto a razão quanto a emoção com um equilíbrio adequado.

Algo bastante comum é entender conceitos como o nosso quociente de inteligência e a intuição como dimensões opostas.  Além disso, é comum entender a inteligência como o modo de operar altamente racional, lógico e inclusive analítico, enquanto a intuição é frequentemente vinculada a um substrato pouco científico e quase mágico.

Esta ideia não poderia estar mais longe da realidade. Livros bastante conhecidos, como Inteligência Intuitiva, de Malcolm Gladwell, e Rápido e devagar: duas formas de pensar, de Daniel Kahneman, nos fazem entender um pouco mais sobre como funcionam estes processos.

Devemos começar a pensar melhor e, para tal, não é necessário dedicar horas ou até dias para tomar nossas decisões; seria melhor se conectar um pouco mais com nossa voz interna.

Albert Einstein dizia que a mente intuitiva é um dom sagrado, enquanto a mente racional é sua servidora fiel. No entanto, nossa capacidade dá mais valor para a mente servidora, esquecendo o presente que a primeira representa para nós.

É o momento, portanto, de começar a entender que as duas esferas devem trabalhar em harmonia. Somente assim passaremos do mundo da inteligência ao reino da sabedoria.

Mulher pensativa

Inteligência e intuição: o conhecimento autêntico ao nosso alcance

Para compreender melhor o vínculo entre inteligência e intuição, citaremos um exemplo. Pensemos em um médico, um bom profissional, diante do qual chega um paciente com sintomas pouco comuns. Ele decide, por um momento, aplicar o sentido lógico e tentar deduzir de maneira objetiva que doença aquela pessoa possui.

No entanto, opta também por utilizar sua intuição; nesse sentido, utiliza sua experiência, bagagem e olho clínico. Ele sabe que, com essa voz interna, pode reagir mais rápido, mas que sempre é melhor fazer uso das duas esferas: a razão e a intuição, ou seja, a inteligência e o acelerar de seus batimentos cardíacos provocados pela sua profissão.

Todos deveríamos dominar esses dois esquemas de pensamento. A mente racional e a mente intuitiva servem uma à outra, e quando trabalham em harmonia, sempre saímos ganhando.

Sendo assim, se nos limitarmos a usar somente uma delas, estaremos limitando nosso potencial autêntico. Pois quem se deixa levar apenas pela intuição pode dar com os burros n’água não apenas uma, mas dez vezes.

Por outro lado, quem optar por silenciar aquilo que chamamos de “instinto” ou até “sexto sentido” estará arrancando as bases que dão suporte à inteligência. Vejamos o motivo.

Homem pensativo

A intuição é um guia, não um oráculo

Geralmente, entendemos o termo intuição quase como um oráculo. Como se emergisse de nós uma voz profética capaz de nos revelar o que fazer e o que não fazer em cada momento. A verdade é que esta dimensão não funciona assim.

Estudos interessantes como o realizado na Universidade de Elizabethtown, nos Estados Unidos, pela doutora Jean Preatz, nos apresentam algo relevante.

Quase 90% das enfermeiras se deixam levar pela intuição na hora de tomar decisões no seu dia a dia profissional. Elas fazem isso porque sabem que esta área age como marco de atuação. Ou seja, é o instinto que nos diz o que merece a nossa atenção e o que não merece, o que poderia ser um pouco melhor e o que não.

Inteligência e intuição, um ato de valor e autoconfiança

Gerd Gigerenzer, diretor do Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano, é um dos principais psicólogos no estudo da tomada de decisões. Para ele, inteligência e intuição fazem parte de um exercício cotidiano capaz de nos colocar em uma situação de vantagem.

Assim, conforme explica em seu livro Gut Feelings: The Intelligence of the Unconscious, as pessoas inteligentes são as que escutam a sua intuição, as suas emoções e o seu coração.

Além disso, se existe algo que aprendeu ao longo de sua vida como pesquisador, é que os pressentimentos merecem, no mínimo, um pouco da nossa atenção. Não devem ser descartados ou invalidados no mesmo instante em que aparecem.

Escutá-los é um ato de valor e de confiança ao mesmo tempo. Isso porque a voz da intuição sempre nos desafia de algum modo… sussurra determinadas direções, orientações e caminhos. Toda essa informação deve ser valorizada e passada pelo filtro da razão; somente assim descobriremos opções mais sugestivas e adequadas para nós.

Conclusão

Conforme dizia Albert Einstein, na nossa sociedade moderna e atual, o intelecto é valorizado acima de qualquer coisa. Dentro dele, são concebidos como de maior destaque processos como o raciocínio lógico, a dedução, a análise, etc. Além disso, até elaboramos testes para avaliar o quociente de inteligência e saber quão inteligentes podemos ser.

No entanto, renegamos uma dimensão quase essencial que, na realidade, usamos diariamente: a intuição. É ela que nos ajuda a decidir com rapidez, ela que nos guia e nos permite reagir diante dos desafios cotidianos. Saber usá-la, escutá-la e situá-la em uma sintonia adequada com a inteligência nos permitirá tomar melhores decisões e responder com eficácia.

Sejamos mais ousados, usemos a inteligência e a intuição e entraremos no reino da sabedoria.


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  • Gigerenzer, Gerd (2008) Gut Feelings: Short Cuts to Better Decision Making. Penguin
  • Pretz, J. E., & Folse, V. N. (2011). Nursing experience and preference for intuition in decision making. Journal of Clinical Nursing20(19–20), 2878–2889. https://doi.org/10.1111/j.1365-2702.2011.03705.x

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